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Capítulo 440: Ava: Dando Más Notícias
Magíster Orion já se foi há muito tempo. O chá está frio na minha xícara e meu reflexo me encara de volta pela janela da cozinha, com olhos fundos e pálidos.
Meu celular está, escuro e acusatório sobre a mesa à minha frente. Vinte e sete mortos. Vinte e oito, se eu contar Ivy.
Você está enrolando, diz Selene.
“Eu sei.” Esta chamada telefônica foi adiada por tempo demais. Um único dia pareceu uma semana, mas isso não justifica como eu não liguei para meu alfa aliado para informá-lo do desaparecimento de sua irmã.
E como eu suponho explicar por que acreditamos que ela está morta?
Meus dedos tremem enquanto alcanço o telefone. A tela acende, muito brilhante na cozinha escura. O número de Clayton está bem abaixo na lista de contatos recentes, intocado desde antes de tudo dar errado.
Quando as coisas estavam pacíficas, e eu ainda pensava que meu mundo era caos.
O telefone parece pesado em minha mão enquanto pressiono o botão de ligar. Cada toque ressoa como um sino da morte.
“Rowan falando.”
A saudação me desequilibra. Eu havia me preparado para a voz de Clayton. Em vez disso, o tom estável de Rowan enche meu ouvido.
“Beta Goldstein.” Minha voz está menos confiante do que eu gostaria que estivesse. “Aqui é Luna Ava Grey de Westwood. Preciso falar com o Alfa Shadowpine.”
Uma pausa se estende entre nós, carregada de perguntas não ditas.
“Luna Grey.” A voz de Rowan suaviza imediatamente. “Lamento, Clayton está impossibilitado no momento. Há algo com que eu possa ajudar?”
Meu peito aperta. “Não, eu… Preciso falar com ele diretamente. É sobre Ivy.”
Outra pausa, mais longa desta vez. “Entendo.”
Vozes abafadas filtram pela linha antes do tom familiar de Clayton substituir o de Rowan. “Luna Grey.” Sua saudação formal sempre me soar estranha.
Meus dedos pressionam contra meu estômago, desejando que a náusea vá embora. “Alfa Shadowpine.”
“O que aconteceu com minha irmã?”
Sem cordialidades. Sem conversa fiada. A pergunta direta perfura meu discurso cuidadosamente construído.
“Houve um ataque. Uma criatura violou nossas defesas do hospital ontem. Ivy desapareceu durante o ataque.” Minha voz se mantém firme, desapegada. Clínica. Como se eu estivesse lendo um relatório em vez de entregar notícias devastadoras. “A criatura era diferente de qualquer coisa que já encontramos. Ela se movia como uma sombra, mas tomou a forma de um lobo.”
Um suspiro cortante rompe a linha. “Quantas baixas?”
“Vinte e sete mortos, mais feridos.”
O silêncio se estende entre nós. A janela da cozinha reflete meu rosto pálido, olheiras proeminentes sob meus olhos. Eu pareço abatida e desgastada.
“Enviarei homens imediatamente.” A voz de Clayton carrega uma calma forçada, como se ele estivesse tentando controlar suas emoções. Os irmãos são próximos; essa notícia deve ser devastadora para ele. “Meu beta pode liderar um grupo de busca—”
“Alfa Shadowpine.” Eu limpo minha garganta, desejando que fosse mais fácil dar essa notícia. “Há mais.”
“Mais?”
“Nós… capturamos a criatura após o ataque.” Minha mão livre se fecha em um punho enquanto eu luto para encontrar as palavras adequadas. “Não é Ivy, mas é provável que ela tenha assumido a forma dela por algum tempo. A criatura foi identificada como uma monstruosidade da natureza que chamamos de devorador de sonhos. Algo criado que não deveria existir neste mundo.”
“Um o quê?”
“Um ser construído. Não está exatamente vivo, mas possui sua própria consciência. E—”
“Onde está Ivy?” A voz de Clayton fica incisiva; é claro que ele agora está entendendo o significado pleno desta ligação.
“Acreditamos que Ivy foi consumida. Que o devorador de sonhos levou tudo o que ela era.”
O silêncio que segue parece interminável.
“Você tem certeza?” Suas palavras soam desapegadas, mas são apenas um sussurro através da linha telefônica.
“Tão certo quanto podemos estar sem seu corpo. Me desculpe, Clayton. Nunca suspeitamos—”
“Estou vindo pessoalmente.” Papéis se mexem ao fundo. “Mantenha a criatura contida até minha chegada, por favor.”
“Claro, mas Clayton—”
A linha fica muda antes que ele responda, e eu me recosto na cadeira com um longo suspiro.
* * *
Talvez você devesse dormir mais um pouco, diz Selene quando eu tropeço pela quinta vez.
“Você está bem, Ava?” Lisa segura meu braço. “Você está trabalhando demais. Não acho que deveria estar aqui ajudando com a construção.”
“Tudo o que fiz foi apontar e dizer às pessoas onde as coisas vão.” Minha voz sai rouca, no entanto. O ar seco do inverno é um inferno para minha garganta com toda essa conversa. Eu assisto Heize reconstruir outra parede.
“Isso ainda é cansativo.” A pegada de Lisa em meu braço aperta. “Deixe-me ajudar com algo. Qualquer coisa.”
O esqueleto do hospital está diante de nós, meio-restaurado graças ao trabalho incansável dos Fae. O cheiro de madeira fresca se mistura com o sabor sutil de magia no ar.
“Não há mais nada. O Grande Sábio disse que ele ainda está trabalhando com os relógios.” Tinker está lá, ajudando-o. Dois gnomos numa vagem.
Ainda não ouvimos Lucas. Algo está errado. A certeza disso se firma profundamente em meus ossos, um instinto do qual não consigo me livrar.
“Você parece meio morta. Quando foi a última vez que você realmente dormiu?”
Um suspiro escapa de mim. “Eu preciso—” Meus pensamentos param bruscamente. “Merda. Clayton está vindo e nós não temos um lugar adequado para um alfa ficar.”
Deixe Kellan cuidar disso, sugere Selene.
“Não. Kellan já está cuidando da segurança, coordenando com os batedores e lidando com a guarda do devorador de sonhos.” Junto com um milhão de outras coisas que ele tira dos meus ombros. “Ele também precisa descansar.”
“Esse homem não vai descansar até estar morto,” Lisa zomba.
Uma risada oca borbulha. “Lucas é exatamente igual.” O nome dele tem um sabor amargo na minha língua, a preocupação roendo minhas entranhas. Onde ele está? O que está demorando tanto?
No grande esquema do tempo, só se passaram alguns dias. Mas ainda assim parece errado.
“Vá descansar,” Lisa me ordena, inflexível. A concordância de Selene borbulha no fundo da minha cabeça. “Eu cuidarei das acomodações para Clayton.”
Meus ombros murcham com alívio pela oferta. Uma coisa a menos com que se preocupar. Uma decisão a menos a tomar.
“Você tem um número de quantos estão vindo?” Lisa pergunta.
Eu balanço minha cabeça. A ligação com Clayton terminou abruptamente, sem detalhes.
“Tudo bem. Eu vou descobrir.” Os olhos de Lisa se voltam para a borda norte de Wolf’s Landing. “A casa de Ivy ainda está vazia. Clayton provavelmente vai querer ficar lá mesmo.”
O pensamento da casa de Ivy, vasculhada várias vezes desde seu desaparecimento e agora com nossas suspeitas de quanto tempo ela foi tomada pelo devorador de sonhos, faz meu estômago revirar. “Você pode limpá-la primeiro? Kellan e sua equipe já passaram por ela tantas vezes…”
As palavras morrem na minha garganta. E se fosse eu? E se alguém tivesse desaparecido minha família e depois higienizado cada vestígio de sua existência? A ideia de entrar num espaço esterilizado onde meus entes queridos costumavam viver, onde o cheiro deles deveria permanecer, mas não permanece—
“Não, esqueça. Vamos preparar outras acomodações em vez disso. Quando Clayton chegar, ele pode decidir se quer ficar lá ou não.”