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- Enredado ao Luar: Inalterado
- Capítulo 391 - 391 Lisa Conversando com o Grande Sábio 391 Lisa Conversando
391: Lisa: Conversando com o Grande Sábio 391: Lisa: Conversando com o Grande Sábio LISA
Com a Ava saída para purificar a grande massa de corrupção que ela chama de mácula, e o Lucas ocupado sendo o Alfa, fiquei presa na cabana do Kellan, cercada por dez lobisomens em equipamento tático e rostos impassíveis.
Eles não falam, não importa o quanto eu tente ser amigável com eles. Talvez eles sejam o tipo de lobos que não gostam de humanos. Ou talvez eles sejam apenas muito profissionais.
Eles não estão me fazendo de refém ou nada do tipo, então aprendo a ignorá-los. Eventualmente eles me seguem até a cabana do Grande Sábio.
Grossas fumaças cinzentas saem da chaminé dele, deixando claro que pelo menos seria quente lá dentro. Talvez não tenha chá ou comida, porém. Desde que o Elverly começou a trabalhar na cozinha para alimentar o bando, a cabana dele virou uma espécie de república de solteiro.
Minhas botas rangem no caminho até a casa dele, livre de montes de neve graças a alguém que o Kellan designou para a tarefa durante a última nevasca.
Me agacho para entrar pela porta na calorosa benção.
Apenas dois dos meus guardas me seguem para dentro. Os outros se espalham ao redor do perímetro da cabana como sombras silenciosas em equipamento tático. Pelo menos não vou ter dez pares de olhos me perfurando enquanto estou aqui.
Espero que eles saibam manter a boca fechada também. Quase ninguém sabe que o Grande Sábio é na verdade um gnomo. Todos apenas pensam nele como o excêntrico Dr. Blackwell.
Os dois que entraram se posicionam perto da porta, armas em punho. Seus rostos permanecem impassíveis, mas eu percebo o leve franzir de seus narizes. A cabana do Grande Sábio cheira a uma mistura de metal queimado, ozônio e algo vagamente medicinal.
Isso está sempre mudando, dependendo no que ele está trabalhando.
Papéis cobrem todas as superfícies, cheios da caligrafia apertada do Sábio. Pedaços de metal e cristal estão espalhados entre os documentos. O próprio homem se curva sobre sua bancada de trabalho, resmungando enquanto esboça algo que parece uma mistura entre uma ampulheta e um instrumento de tortura medieval.
Afundo na cadeira em frente a ele, mas ele não olha para cima. Sua pena raspa contra o pergaminho enquanto ele adiciona mais detalhes ao que está projetando. Depois de observá-lo trabalhar por vários minutos, limpo minha garganta.
Ele se assusta, tinta espirrando por toda a sua última ilustração. “Ah! Minha criança, quando você chegou?”
“Agora pouco.” Levanto meu braço, acenando em direção ao bracelete, seu metal refletindo na luz da lâmpada. Sempre está escuro aqui. “Tive que usá-lo.”
Os olhos dele brilham por trás dos óculos de aro fino. “Mesmo? Como se saiu?”
Um tinteiro quase cai enquanto ele se atira para uma folha de papel nova. Sua pena paira expectante enquanto ele espera minha resposta. Dei a ele tantas canetas, mas ele realmente gosta de suas penas ultimamente. Diz que é uma experiência mais autêntica.
“Funcionou.” Minhas palavras são vazias, mas claro que ele parece não perceber. Quando se trata de suas invenções, ele está cego para tudo mais. “Manifestou-se exatamente como projetado. Acerto limpo, incineração completa do alvo. Parecia mais poderoso que o normal, porém. Isso deveria sincronizar com meu estado emocional?”
“Excelente, excelente!” Ele anota freneticamente. “Pode ser que sim, já que está ligado a você pelo seu sangue. E o consumo de energia? Você percebeu algum esgotamento em suas reservas pessoais de energia?”
Os olhos sem vida da Mira piscam na minha mente, e eu recuo da lembrança. “Nenhum esgotamento. Apenas morte.”
Mas ele está muito absorto anotando para notar meu tom de voz. “Bom, bom. Não importa o quanto de testes sejam feitos, é sempre um alívio ouvir que está funcionando apropriadamente no campo de batalha.”
“Funcionou bem demais.” Meus dedos traçam a superfície metálica, relembrando o calor ardente da minha fúria. “Eu estava me sentindo mais assassina que o usual, e o bracelete pareceu captar isso. A explosão foi muito mais forte que nas nossas sessões de treino.”
A pena do Grande Sábio pausa no meio de um traço. “Fascinante. Me diga mais sobre seu estado emocional durante o uso.”
“Eu estava com raiva. Muita raiva. Eu queria vê-la queimar, e eu queria que ela morresse miseravelmente.” Agora que estou tão distante do momento, é loucura para mim que eu poderia ter esse nível de raiva contra outra pessoa. Mesmo alguém que machucou minha amiga.
“Você tem certeza que eu não posso usar magia? Porque aquilo não pareceu normal. Pareceu como… como se o poder viesse de mim, não apenas do bracelete.”
“Infelizmente, não. Você não pode gerar ou manipular magia. No entanto, sua afinidade mágica pode influenciar certas ligações, como com o seu bracelete.”
“Ligação?” Eu salto nessa palavra. É a segunda vez que ele a usa agora. “Você nunca me disse que eu estava ligada a ele antes.” Ou ele disse, e se perdeu em todas as palavras que ele gosta de usar quando fica empolgado. Certamente é uma possibilidade.
“Ah, talvez eu devesse esclarecer.” Ele põe sua pena de lado para me olhar com um olhar pensativo. “Não é uma ligação como a que você viu entre companheiros ou laços do bando. Pense nisso como uma reação natural. O bracelete se torna sensível ao seu usuário com o tempo, afetado pelo estado mental e intenção.”
“Mas como isso funciona se eu não consigo usar magia?” Magitecnologia já é algo muito além do que eu entendo. O fato de que um pouco do meu sangue pode alimentar um item mágico já é absurdo. Ter algo que pode de alguma forma ler minha mente é ainda mais insano. Já era estranho para mim que visualizar o que eu queria do meu bracelete faria com que essa forma materializasse; isso está em um nível completamente diferente.
“Enquanto você não pode liberar a magia dentro do seu sangue, o que existe em seu corpo ainda pode ser afetado por você. De fato, houve um caso fascinante na história — uma mulher humana abençoada pelo Fae que transformou seu sangue em um tipo de veneno. Ela se tornou uma toxina ambulante. Ninguém entendeu completamente como ela conseguiu, mas ela se tornou uma assassina muito procurada. Ouvi dizer que ela era bela também.”
Meu estômago revira. “Isso é nojento.” Olho para o bracelete com uma nova cautela. “Espera, você está dizendo que essa coisa tem algum tipo de consciência? Porque isso é assustador pra caramba.” Inteligência artificial, mas com magia.
O Grande Sábio ri. “Não, não. Não consciência. Pense nisso mais como uma extensão do seu braço. Ele responde à sua intenção, suas emoções, assim como seus músculos respondem aos sinais do seu cérebro.”
“Isso… não é tão reconfortante quanto você provavelmente pensa que é.”
“Sim, eu suponho que não seria.”