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- Capítulo 387 - 387 Ava Sussurros Corrompidos 387 Ava Sussurros Corrompidos A
387: Ava: Sussurros Corrompidos 387: Ava: Sussurros Corrompidos A neve termina em uma linha perfeita, como se alguém passasse uma borracha na paisagem. Além dessa fronteira, a terra jaz nua e sem vida. Nenhuma grama, nenhum musgo, nem mesmo as plantas resistentes do inverno que costumam espiar através do solo congelado. O próprio solo parece errado — cinzento e rachado, como o fundo de um leito de rio seco.
“Nunca vi nada tão ruim.” Minhas botas crocitam na terra morta. Cada passo levanta pequenas nuvens de poeira cinza. “Até os insetos sumiram.”
A corrupção é absoluta aqui. A forma de raposa do Grimório ronda ao meu lado. Consumiu tudo.
Meus guarda-costas ficam para trás por insistência minha, embora eu sinta a inquietação deles. Marcus continua mudando seu peso, inquieto apesar de sua experiência com essas questões.
Uma onda de corrupção passa por cima de mim, e meu estômago se revolta. A mácula parece diferente aqui — mais espessa, mais concentrada. Como se estivesse atravessando alcatrão em vez de água. A zona morta se estende até onde posso ver, pulsando com aquela energia doentia.
Para os lobos, eles só veem terra morta. Mas é muito mais do que isso.
Olhando para o Grimório, que está focado na corrupção, pergunto, “Como devo lidar com isso? A purificação geralmente toma conta uma vez que eu começo. Nunca tive que pará-la antes.”
Trata-se de vontade e controle. Você deve manter a consciência dos seus limites.
“Isso não é exatamente útil.” A corrupção me chama, um sussurro sedutor prometendo poder. Eu já senti isso antes, mas nunca tão forte. “O que acontece se eu não conseguir parar?”
Você deve. Sua voz mental carrega um tom de aço. Ou a mácula irá te consumir tão certamente quanto consumiu tudo o mais.
A terra morta cruje sob meus pés enquanto dou mais um passo à frente. A fronteira entre vida e morte é tão nítida — o branco do inverno cedendo lugar ao cinza da corrupção.
“Preciso de especificações, Grimório. Como faço para cortá-la quando fica demais?”
Do mesmo modo que você controla qualquer magia — através da força de vontade. Você deve se manter consciente dos seus limites.
Aperto meus lábios, frustrada. Não é que eu não entenda o que ele está dizendo, é só que é tão vagamente frustrante.
A corrupção pulsa novamente, mais forte desta vez. Meus joelhos dobram, mas eu me obrigo a ficar de pé. A mácula quer entrar — quer corromper minha magia como corrompeu tudo o mais.
“Se eu falhar—”
Você não vai. Grimório olha para mim com seus olhos de raposa sobrenaturais. Mas você deve começar pequeno. Não tente purificar tudo de uma vez.
Vou te chamar de volta se você se perder, Selene acrescenta, ganindo suavemente. Ela também está distante e detesta a distância que a forcei a manter.
A terra morta esfarela sob meus joelhos enquanto eu desabo. Minhas palmas pressionam contra o solo cinzento, e um calafrio me percorre com a sensação errada disso. Sem vida, sem essência, apenas vazio onde a natureza deveria prosperar.
“Começar pequeno,” sussurro para mim mesma. “Apenas um pedacinho.”
Eu consigo fazer isso.
Minha magia irrompe antes de eu terminar o pensamento, ávida e faminta. A corrupção avança — espessa, viscosa, sufocante. Meu estômago se revolta enquanto a mácula inunda meu sistema. Ácido queima minha garganta.
“Não.” A palavra sai como um sopro entre ânsias. “Demais.”
A corrupção continua vindo, atraída para minha magia como um ímã. Tem sabor de putrefação e decadência, enchendo minha boca com o sabor da morte. É uma nova experiência da qual poderia prescindir; meu corpo tenta rejeitá-la, mas o fluxo não para.
Mais uma onda de náusea atinge. Me inclino para frente, uma mão pressionada à boca, a outra ainda conectada à terra morta. O processo de purificação nunca se sentiu assim antes — nunca foi tão violento.
Recue.
Preciso recuar.
Mas minha magia não quer ouvir. Quer consumir toda a corrupção, limpar cada centímetro de terra contaminada. O fluxo aumenta, e pontos pretos dançam em minha visão.
Ava! A voz do Grimório corta a névoa. Foque. Você deve controlá-la.
Meus braços tremem enquanto luto para ficar de pé. Suor escorre do meu rosto apesar do frio do inverno. A corrupção pulsa através de mim, cada onda trazendo nova náusea.
“Eu não consigo—” Mais uma ânsia sacode meu corpo. “Não vai parar.”
Vai parar se você fizer com que pare. A voz mental do Grimório carrega aço. Você é mais forte que a corrupção. Prove.
A mácula sussurra sedutoramente, prometendo poder se eu apenas deixar acabar. Deixá-la entrar. Deixá-la consumir tudo. Minha magia busca mais, ávida para purificar, para limpar. Como se tivessem duas personalidades dentro de mim.
Meu estômago revira novamente. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto vomito, o sabor da bile se misturando com o sabor da corrupção. Mas continuo com a minha mão pressionada à terra, teimosa apesar da rejeição do meu corpo.
Pequeno.
Penso em pequeno, droga.
Não deixe tudo entrar de uma vez.
O foco se estreita para uma única mancha de terra sob a minha palma. Não o campo inteiro. Não a extensão infinita da corrupção. Apenas esse ponto. Apenas esse pedacinho de terra.
Meu corpo tremo com o esforço de conter minha magia, de forçá-la a recuar quando quer avançar. A corrupção luta contra mim, agarrando-se a cada pedaço de poder que pode alcançar, como se soubesse que pode dominar minha purificação.
Como se estivesse viva.
Mais uma onda de náusea atingiu, e eu engasgo com o vazio. Minha garganta queima. Meu peito dói. Mas mantenho aquele foco — aquele único ponto de contato onde minha mão encontra a terra.
A corrupção irrompe através das minhas defesas, um tsunami de podridão que inunda meus sentidos. Minha magia vai ao encontro dela, desesperada para purificar, para limpar — mas é demais. Muito demais.
“Não.” A palavra sai como um grito estrangulado.
O mundo inclina para o lado. Meu corpo atinge a terra morta, e o contato só piora tudo. A corrupção invade por todos os poros, cada respiração. O sabor da decadência enche minha boca, cobre minha língua. Meu estômago se contrai, mas nada sobe.
Sussurros escuros preenchem minha mente. Poder vibra através das minhas veias, intoxicante e terrível. A corrupção promete tudo — força, controle, domínio sobre a vida e a morte. Tudo que tenho que fazer é deixar ir. Deixá-la entrar.
Minha magia pulsa com avidez, buscando por mais. A corrupção responde, avançando até que eu não consiga distinguir onde ela termina e eu começo.
Ava! O grito mental de Selene perfura a escuridão. Volte!
Mas o chamado da corrupção é mais forte. Doce. Sedutor. Mostra-me visões do que eu poderia me tornar — um ser de puro poder, sem restrições mortais. Eu poderia proteger todos. Salvar todos.
Dominar todos.