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- Enredado ao Luar: Inalterado
- Capítulo 377 - 377 Ava Uma Perda Terrível 377 Ava Uma Perda Terrível O
377: Ava: Uma Perda Terrível 377: Ava: Uma Perda Terrível O cheiro está por toda parte. Sangue. Tanto sangue que perfura o ar frio do inverno, fazendo meu estômago revirar. A paisagem branca imaculada à frente não existe mais — arcos violentos e poças de sangue se misturam com trechos revolvidos de neve, retratando o rescaldo da batalha.
O trenó diminui a velocidade conforme nos aproximamos. Há alguns corpos de lobos imóveis no chão. Não são dos nossos.
Exceto um, mais afastado, cercado por Lisa e os outros.
“Lisa!” Minha voz falha enquanto salto do trenó e corro em direção à minha melhor amiga. Ela está imóvel, com a cabeça do nosso lobo caído em seu colo. “Você está bem?”
Deve ser Mira quem ela está segurando.
Meus guardas se espalham ao nosso redor, criando um círculo protetor. Vanessa corre até o lobo ferido mais próximo, com seus suprimentos médicos já em mãos. Não tenho certeza do que ela pode fazer por uma perna claramente quebrada, mas esta é sua área de especialidade.
A minha é… bem, eu não sei.
Primeiro, verificar como Lisa está. Depois, descobrir o que diabos vamos fazer.
“Estou bem.” Lisa está surpreendentemente calma, mas não parece certo. Mais como se estivesse desligada da realidade. Não há emoção, nenhum senso de si mesma em suas palavras. Levantando o braço, onde sua pulseira reluz na luz, ela diz simplesmente, “Ela não teve chance.”
Quem? Mira?
Outra traição?
Não. A voz de Selene é cortante e tensa. Essas cinzas eram um corpo outrora.
Oh.
Então Lisa…
Matou-os.
Menos mal.
Sim.
Mas deve haver algo errado, porque Selene parece perturbada.
Ainda não tenho certeza, mas eles cheiram mal.
Kellan, nu e sangrando, se enfia em algumas roupas que tira do trenó, observando Lisa com uma quantidade surpreendente de cautela.
Pressiono uma mão no ombro de Lisa com um aperto gentil, deslizando por ela para me ajoelhar ao lado do monte de cinzas. Uma magia estranha formiga pela minha pele. A energia residual quase faz meus dentes doerem. É da pulseira de Lisa? Ou do dono das cinzas?
Marcus está perto de Kellan.
“Sete desaparecidos”, diz o beta de Lucas, sua voz profunda se espalhando facilmente. “Não estamos em condições de persegui-los.”
Claro, a parte impulsiva de mim quer declarar que estamos ilesos e podemos fazer isso. Mas isso seria estúpido. Precisamos de um plano melhor.
“O que Lucas diz?”
“Reforços estão a caminho.”
Apontando para as cinzas, mudo o assunto para o que mais me incomoda. “Isso não era um lobo, era?”
“Não.” Kellan olha para sua companheira, que apenas acaricia a cabeça de Mira, alheia ao que está acontecendo ao redor. “Ela diz que é uma mulher associada ao Príncipe Louco. Ela estava lá durante seu cativeiro. Sua aliada.”
Meu estômago se contorce em nós. O Príncipe Louco. Um nome que empurrei para trás da minha mente desde o retorno de Lisa, enterrado sob uma avalanche de—bem, tantas coisas. Ele não deveria fazer parte do nosso presente. Velhas notícias.
Ele esteve procurando por ela todo esse tempo? Por mim?
Droga.
Mesmo que estivesse, é improvável que ele teria encontrado você desde que aprendeu a blindar seus poderes. Mas não acho que isso foi um vampiro. Provavelmente uma serva.
“Uma serva?”
Não sinto cheiro de vampiro, Selene confirma. Apenas magia do sangue e morte.
Grimório materializa-se ao meu lado em sua forma infantil, agachando-se para examinar as cinzas. “A magia do sangue permanece após a morte. Esta estava sob um nível imenso de controle—provavelmente uma das favoritas dele.”
Lisa mencionou Marisol. Esta deve ser ela. A menos que seja outra.
“Quantas servas ele tem? Você sabe, Lisa?”
Ela continua acariciando o pelo de Mira. “Não sei. Ele aparentemente as coleciona como brinquedos, mas elas não duram muito. Eu tive sorte porque ele estava procurando por outra. Não faço ideia se ele a encontrou.”
Irmã Miriam talvez saiba, mas ela está impossível de alcançar.
Não temos notícias dela há meses. Não sei nem se ela está viva.
O olhar vazio de Lisa perfura meu coração enquanto ela continua acariciando o pelo de Mira, perdida em seu próprio mundo. Meus joelhos afundam na neve ao lado dela, mas ela não reconhece minha presença.
“Lisa. Precisamos levar você para um lugar aquecido.”
Sem resposta. Apenas aquele movimento mecânico de acariciar, uma e outra vez.
“Por favor.” Toco seu ombro novamente, apertando gentilmente. “Você vai congelar aqui fora.”
“Ela me disse esta manhã.” A voz de Lisa quebra, mal um sussurro. “Sobre o bebê. Seu último presente de seu companheiro. Ele também morreu.”
Minha garganta aperta. As lágrimas vêm quentes e rápidas, borrando minha visão. Duas vidas perdidas, não apenas uma.
“Por que ela estava aqui fora? Por que estava me protegendo? Ela estava grávida. Se eu não tivesse vindo, talvez ela também não estivesse aqui.”
Envolvendo meu braço ao redor de seus ombros, puxo-a para perto. Ela está tremendo, seja de frio ou de emoção, não posso dizer.
“Eu matei ela.” A voz de Lisa quebra. “Marisol. Eu a queimei viva e faria de novo. O que isso me faz?”
“Uma sobrevivente.” A palavra sai feroz, protetora.
Kellan adiciona, “Você se protegeu e protegeu seu povo. Você fez uma coisa boa.”
Lisa balança a cabeça. “Eu gostei. De vê-la queimar. Eu queria que ela sofresse. Mas ela nem gritou.”
Meu coração dói. Eu conheço essa sensação, essa mistura de satisfação e horror pela própria capacidade de violência. A maneira como te assombra depois. Eu ainda posso sentir o poder da minha magia enquanto eu derrubava vampiros. Os mesmos seres que me aterrorizavam muito tempo atrás.
Agora eu sei que posso enfrentá-los, mas ainda há pesadelos.
“Ela estava grávida.” Os ombros de Lisa tremem sob meu braço. “Mira estava grávida e eu não pude salvá-la. Eu estava bem aqui e não pude—” Um soluço irrompe de sua garganta. “Eu deveria ter sido mais rápida. Deveria ter visto ela chegando. Deveria—”
“Pare.” Puxo-a mais para perto, pressionando minha bochecha contra seu cabelo. “Isso não é culpa sua. Nada disso é sua culpa.”
O corpo dela estremece enquanto as lágrimas finalmente vêm, ásperas e cruas. Eu a seguro mais forte, deixando-a chorar em meu ombro.