E Então Eram Quatro - Capítulo 36

36: Capítulo 36: Máscaras da Verdade 36: Capítulo 36: Máscaras da Verdade O vento uivava contra o céu que escurecia, tornando todos ao redor cientes dos perigos que se aproximavam. Seria o dia mais desagradável, mas dizem que através da escuridão sempre se encontra uma luz.

Ou algo assim.

O carro de Caleb cortava a chuva que se aproximava em direção à sua casa. Uma sensação de inquietação pairava sobre nós durante a viagem, e um debate interno sobre se eu havia feito a escolha certa me deixou curiosa sobre o que eu estava fazendo.

Caleb não era meu companheiro, e ainda assim, eu havia ido com ele tão voluntariamente.

Talvez eu esteja cometendo um erro.

Parando em sua entrada, hesitei do lado de fora do carro. “Acho que devo ir para casa.”

Caleb se virou rapidamente, seus olhos me encaravam com apreensão. “O que houve?”

“Nada, só acho que não devo causar mais problemas.”

Caleb acenou lentamente com a cabeça, enfiando as mãos nos bolsos da frente. “Ao menos deixe-me fazer uma xícara de chá para você e podemos chamar um Uber se quiser.”

A culpa me inundou com sua resposta. Caleb tinha sido nada além de gentil comigo, e eu estava aqui agindo como se ele fosse um criminoso. Não era justo com ele. Ele não havia feito nada de errado.

“Isso seria ótimo.” Sorri, “vamos tomar o chá e depois chamo um táxi.”

Um sorriso cruzou seus lábios enquanto ele se virava e continuava em direção à porta da frente.

“Sinto muito pelo que aconteceu mais cedo.” A voz de Caleb soou apologeticamente enquanto ele se mexia em sua cozinha.

“Tudo bem.” Eu respondi suavemente, “todo mundo tem seus problemas e os seus e do Damian parecem ser profundos.”

Silêncio pairou no ar entre nós enquanto ele colocava a chaleira no fogão e preparava nossas xícaras.

“É…” Ele respondeu depois de um momento, “é uma pena também porque costumávamos ser próximos.”

Assim que o chá foi colocado diante de mim, peguei-o sem hesitar e suspirei com o sabor delicioso que preenchia minha boca. Em dias longos, a melhor cura é sempre uma xícara de chá ou, pelo menos, foi o que minha mãe me disse enquanto eu crescia.

Eu me lembrei de sentar à mesa de jantar com ela após um dia difícil na escola, e ela fazia uma xícara de chá enquanto nós conversávamos sobre o que havia acontecido.

Essas eram memórias que eu prezava.

“Obrigada por ser tão gentil e atencioso,” respondi com um sorriso.

“Estou apenas fazendo o que qualquer pessoa atenciosa faria, Ivy.”

Algo sobre a maneira como Caleb falou acionou meus nervos. Um sorriso irônico estava em seu rosto que parecia mais estranho que o normal. Balançando lentamente a cabeça, dei um pequeno sorriso e fiquei brincando com os dedos ao redor da minha xícara.

“Eu agradeço.” Eu murmurei suavemente, “Acho que vou chamar o táxi agora. Tenho certeza de que as pessoas estão começando a se perguntar onde eu estou.”

Levantando-me, eu tropecei um pouco. Meus olhos embaçados e minha cabeça enevoada. Não era uma sensação que eu conhecia, e a cada passo que dava, sentia meu corpo ficar mais pesado.

“Você está bem, Ivy?” A voz de Caleb respondeu atrás de mim. Um mal-estar se assentou em meu estômago. “Talvez, você devesse se sentar.”

O pânico se infiltrou em meus veios enquanto eu tentava me firmar e descobri ser impossível fazê-lo.

“O que está acontecendo comigo?” Eu perguntei ofegante.

Incapaz de ficar de pé por mais tempo, minhas pernas finalmente cederam, e meu corpo colapsou no chão. Um grito de dor escapou dos meus lábios enquanto tentava entender o que estava acontecendo comigo.

“Você não parece nada bem.” Caleb zombava, seus passos pesados ecoavam contra o chão de madeira enquanto ele se aproximava lentamente de mim.

“O quê–”Eu gaguejei, minha cabeça latejando com uma dor surda, “o que você fez comigo?”

Não havia dúvidas. A situação em que eu estava não era normal, e agora eu questionava meu julgamento sobre os homens. Eu teria entendido tudo errado?

Caleb era realmente o diabo disfarçado?

O frenesi do meu coração, enquanto ele disparava, ecoava em meus ouvidos, e lentamente o rosto de Caleb veio à minha visão, enquanto ele se agachava perto do meu rosto com um sorriso estampado em seus lábios.

“Oh, minha querida Ivy,” Ele respondeu balançando a cabeça, “eu não queria que as coisas fossem assim. Honestamente, pensei que você estava se afeiçoando a mim. Então, Damian fez o espetáculo que fez hoje, e eu soube que não podia perder mais tempo.”

“O quê?” Eu gritei de dor e confusão. “Por favor… eu não entendo.”

“Eu sei que você não entende, mas não se preocupe, vou explicar tudo para você.” Ele respondeu, levantando-se.

Ponto de vista de Caleb
Por muito tempo eu havia suportado a idiotice que era Damian. O homem não era o Alfa que seu povo precisava, e em vez de ser relegado e um de seus outros irmãos assumir, eles o aceitavam de braços abertos.

Mas eles não conheciam o homem como eu o conhecia.

Crescendo na matilha, havia um código moral a ser seguido. Um padrão que se mantinha, não importando o que acontecesse. Era o que nos foi incutido desde que éramos filhotes, e Damian falhou em tudo. Não importava se ele e seus irmãos eram órfãos – eles não pertenciam aqui.

Meus olhos desviavam para Ivy, que jazia no chão, impotente devido à droga que eu lhe havia dado. Ela queria saber a verdade. Então, quem era eu para negar-lhe isso?

“Damian nunca mereceu ser o Alfa.” Afirmei, “ele era um merda quando éramos crianças, e ainda é até hoje. Sempre pensando que era melhor que os outros e nunca levando nada a sério.”

Eu debochei das memórias que tentavam ressurgir.

“O que isso tem a ver comigo?” Ela sussurrou suavemente, a medicação que dei trabalhando rapidamente como eu esperava.

“Tem tudo a ver com você, Ivy, e com o tempo você vai saber dos detalhes.”

Os olhos dela lentamente piscaram até que seus cílios roçaram sua bochecha. Era o sinal pelo qual eu havia esperado. Pegando a mochila do meu sofá, carreguei-a em direção ao meu carro, me preparando rapidamente para sair para o meu próximo local.

Os irmãos logo viriam procurar sua companheira, e isso significava que meu tempo em minha casa estava chegando ao fim. Não foi em vão, porém. Desempenhei o meu papel nesta cidade por tempo suficiente e agora que tinha o que estava esperando, iria avançar para a próxima parte do meu plano.

O zumbido constante do meu bolso me fez resmungar de irritação. Tirando meu telefone do bolso, eu o olhei enquanto o nome da boa lobinha atravessava a tela.

“Ah, eu estava me perguntando quando você iria ligar.”

“Sim, bem, como sempre estive ocupada. Você a pegou?” Ela respondeu com irritação.

Uma risada escapou dos meus lábios com o tom dela, “claro que sim. Estaremos indo para lá em um minuto.”

“Bem, é melhor você se apressar,” ela retrucou, “Eles estão na escola procurando por ela. Considerando a discussão que você teve com Damian, eles virão para o seu lugar em seguida. A última coisa que você precisa é ser pego com ela em sua posse.”

A notícia foi desagradável, e por mais que eu não apreciasse a maneira como ela falava comigo, a garota tinha um ponto. Eu precisava ser rápido, “tudo bem. Nos vemos amanhã.”

Desliguei o telefone e o coloquei de volta no bolso antes de correr de volta para dentro. O corpo de Ivy jazia adormecido no chão de madeira da minha sala de estar, seu cabelo espalhado ao redor dela como uma auréola.

“Logo, minha querida, as coisas mudarão a meu favor, e eu poderei mostrar-lhe como é ser companheira de um lobo de verdade.”

O próprio pensamento fez o volume em meus jeans apertar de excitação. Eu queria essa garota desde o primeiro dia em que a vi. Agora, que a tinha, não havia como deixá-la ir.