Capítulo 218: Exercícios Noturnos

Depois do grandioso, porém exaustivo, casamento de Kelin e Raposa, Serafina e Raven finalmente retornaram à sua propriedade, os corredores silenciosos uma refrescante mudança da animada celebração.

A energia do dia ainda permanecia, no entanto, e enquanto caminhavam pelas grandiosas portas, Serafina sentiu um certo calor no ar—uma faísca de entusiasmo entre ela e Raven.

A adorável atmosfera do casamento havia despertado algo profundo dentro dela, trazendo lembranças de seu próprio matrimônio.

Ela pensou em seu dia de casamento. Tinha sido grandioso, se não mais, porém ela não havia desfrutado nenhum momento dele. Tudo tinha sido atropelado e formal, e honestamente, ela tinha sido tão frágil naquela época, mal conseguindo se manter em pé.

Ela e Raven haviam sido forçados a partir logo após os votos, fugindo das festividades antes mesmo de começarem. Era estranho agora, comparar seu contido dia de casamento com a jubilosa celebração que ela acabara de testemunhar para Kelin e Raposa.

Então, ocorreu-lhe—amanhã era seu próprio aniversário de casamento. Ou melhor, o aniversário de casamento deles.

Era quase difícil de acreditar, e ela sentiu um frisson que não esperava. Suas bochechas aqueceram com o pensamento, e ela olhou em volta, mantendo sua excitação escondida de Raven.

Serafina até tinha preparado algo especial. Hoje, ela havia adquirido secretamente uma poção de um boticário na capital, rumores diziam que tinha efeitos semelhantes às infames “poções de amor” sobre as quais ela ouvira falar.

Precisou de coragem; ela se disfarçou como uma plebeia, coberta por uma capa modesta, e escapou da mansão para se aventurar no coração pulsante da capital. Vagando por mercados lotados, ela acabara encontrando uma loja escondida em um beco estreito, onde o boticário lhe ofereceu o remédio que procurava.

Ela tinha sido tão cuidadosa para não deixar ninguém saber do que estava aprontando. Afinal, quem poderia adivinhar que a respeitável Lady Serafina tinha outro lado? Agora, com o amanhã tão próximo, ela estava pronta para surpreender Raven de uma maneira que nunca havia feito antes.

…

Na manhã seguinte, Serafina e Raven reuniram Aria e Kelin, partindo da mansão principal para uma propriedade mais tranquila e reservada.

Esta menor mansão não era tão próxima ou grandiosa quanto a casa principal, mas Serafina amava sua simplicidade.

Localizada numa área remota, tinha um ambiente aberto, com jardins espaçosos e muito menos edificações ocupando o espaço.

O ar era fresco, carregando um leve aroma de flores silvestres, e os arredores abertos traziam uma sensação de calma que ela não sentia há tempos.

Quando chegaram, Aria olhou para sua mãe, seus olhos curiosos faiscando com perguntas. “Mãe, hoje tem algo especial? Tipo… um aniversário?”

Ela apontou para o quadro onde ‘aniversário’ estava escrito.

Serafina sorriu, pega um pouco de surpresa pela aguçada percepção de Aria. “Você tem uma boa intuição, Aria,” ela disse, ajoelhando ao lado de sua filha. “Sim, é um dia especial. É o aniversário de casamento do seu pai e meu.”

Os olhos de Aria arregalaram. “Sério? O que é um aniversário?”

“Bem,” Serafina começou, sentando-se no banco de pedra próximo enquanto Aria subia ao seu lado. “Um aniversário é como uma celebração de um dia muito importante. Neste caso, é o dia que seu pai e eu nos casamos. É como… marcar o aniversário da nossa família, lembrando o dia que fizemos uma promessa de ficarmos juntos para sempre.”

“Oh!” Aria assentiu, ponderando. “Então, as pessoas dão presentes como em aniversários?”

Serafina riu. “Às vezes, sim. As pessoas costumam dar presentes umas às outras, ou passar tempo juntas para lembrar por que se importam uma com a outra.”

Kelin, sentado por perto, ouvia atentamente, suas pequenas sobrancelhas franzidas. Ele havia acabado de ir a um casamento, e embora não entendesse completamente tudo que acontecia, sabia que estava de alguma forma conectado ao que os adultos chamavam de “amor”. Mas não conseguia esquecer algo estranho que havia ouvido.

Brincando perto do noivo, ele ouvira alguns adultos falando sobre “exercícios noturnos”. Aquilo o havia confundido na hora, e continuava confundindo agora.

A curiosidade foi mais forte. “Mãe,” Kelin falou sério, “o que é essa história de exercício noturno? Eu ouvi algumas pessoas falando sobre isso no casamento.”

Os olhos de Serafina se arregalaram, momentaneamente sem palavras. Ela olhou para Raven, que estava escondendo um sorriso, claramente achando graça na pergunta inocente. Tentando manter a com postura, ela disse, “Oh, é, esse é apenas um negócio de adulto, Kelin. Algo que fazemos para ficar saudáveis e fortes. Sabe, como correr ou levantar coisas.”

Kelin não parecia totalmente convencido, mas ele assentiu pensativo. “Eu perguntei para o meu professor também,” ele adicionou com um dar de ombros, “mas ele só riu e não respondeu.”

“Mamãe, você vai fazer exercício noturno também?” Aria perguntou, seus olhos inocentes abertos de curiosidade.

Serafina congelou, completamente sem palavras, dividida entre querer rir e não saber como responder.

Raven entrou na conversa, suprimindo seu próprio sorriso. “Claro, querida,” ele disse suavemente, ajoelhando ao nível de Aria. “Exercício noturno é um exercício especial, secreto para adultos, e nós temos que fazer sozinhos. Então, se você nos ouvir, só fique no seu quarto, tá bom? E lembre, é o nosso pequeno segredo. Não conte para ninguém.”

Aria assentiu seriamente como se acabasse de receber o maior segredo do reino. “Tá bom, Papai. Eu não vou contar para ninguém!”

Kelin, que estava ouvindo com as sobrancelhas franzidas, cruzou os braços. “Por que é segredo?” ele perguntou, um pouco desconfiado.

Raven bagunçou o cabelo de Kelin, tentando manter o rosto sério. “Porque os adultos são engraçados assim,” ele respondeu com uma piscadela para Serafina. “Um dia você vai entender.”

Kelin, claramente não totalmente convencido, deu de ombros, decidindo que era uma daquelas coisas estranhas de adulto que ele descobriria mais tarde. Ele voltou a brincar com Aria, os dois perdidos em seu próprio mundinho de jogos.

Quando Raven se levantou, Serafina lhe lançou um olhar, meio divertida, meio grata. “Eles são só crianças, Raven. Não encha as cabeças deles com essas coisas.”

Raven levantou as mãos, rindo. “Tudo bem, tudo bem, sem mais conversa de ‘exercício noturno’. Mas você tem que admitir, as perguntas deles estão ficando mais difíceis de desviar.”

Serafina balançou a cabeça, tentando não sorrir. “Verdade. E você só está tornando isso mais difícil.”

Ele riu de novo, dando-lhe um empurrãozinho brincalhão antes de sair do cômodo, deixando-a lá, balançando a cabeça e rindo baixinho para si mesma.