Capítulo 215: Viajando
No momento em que a pergunta foi feita, a confiança de Kelin pareceu evaporar. Ele ficou ali, coçando a cabeça, olhando entre seus pais, claramente perplexo. Uma pequena gota de suor se formou em sua testa enquanto ele tentava pensar em algo inteligente para dizer.
Serafina, que estava assistindo a toda a troca com um sorriso divertido, decidiu intervir.
Ela olhou primeiro para Raven com uma sobrancelha levantada, depois para baixo, em direção a Kelin, que olhou para ela com olhos suplicantes.
“É o pavão que dança, querido Kelin,” disse ela gentilmente, colocando uma mão reconfortante no ombro de Kelin.
Então, com um olhar cúmplice para Raven, ela acrescentou, “E não provoque meu bebê, Raven. Você sabe que ele está aprendendo.” Sua voz era suave, mas o olhar em seus olhos mostrava que ela falava sério.
Raven soltou uma risada, rendendo-se facilmente. “Tudo bem, tudo bem,” disse ele, levantando as mãos em uma derrota fingida. “Sem mais provocações. Eu só queria ver como meu garoto conhece as coisas.”
Aliviado, Kelin soltou um pequeno suspiro e, sem perder o ritmo, correu para o lado de sua mãe, envolvendo os braços em torno de sua cintura e aconchegando a cabeça em seu colo. Ele deu a Raven um olhar de lado, como quem diz, “Estou seguro aqui!”
Serafina passou os dedos pelos cabelos de Kelin, oferecendo-lhe um sorriso confortante. “Viu? Você está indo muito bem, meu garoto inteligente,” ela sussurrou suavemente, ganhando um sorriso orgulhoso dele.
Aria, que estava observando com olhos grandes e curiosos, bateu palmas. “Podemos ver um pavão dançante algum dia, mamãe?”
“Talvez um dia, querida,” respondeu Serafina, puxando sua filha para perto também, fazendo-os parecer um trio aconchegante.
Raven, observando sua família, sentiu uma onda de calor inundá-lo. Eram esses pequenos momentos — as provocações, as risadas, os pequenos bits de maravilha — que o faziam se sentir verdadeiramente grato. E vendo Serafina com as crianças, seu sorriso gentil e protetor, ele não podia deixar de se sentir o homem mais sortudo do mundo.
…
A paisagem mudava lentamente de campos abertos para trechos de floresta densa. A luz do sol filtrava pelas árvores, lançando sombras salpicadas que dançavam pelo caminho. De vez em quando, eles passavam por outro viajante, uma carroça carregada de mercadorias, ou um fazendeiro acenando enquanto passavam. Aria, cheia de perguntas, perguntava sobre cada pequena coisa que via, de um aglomerado de flores estranhas a uma colina distante que parecia coberta de névoa.
“É lá que as fadas moram, mamãe?” Aria perguntou, apontando para a colina.
“Só as mais simpáticas,” respondeu Serafina com um sorriso, mantendo a magia viva.
À medida que a tarde avançava, eles pararam perto de um pequeno riacho para esticar as pernas e deixar os cavalos descansarem. Os cavaleiros e criadas desempacotaram um pequeno piquenique, e as crianças corriam, excitadas com o novo cenário. Kelin encontrou uma pedra lisa e tentou fazer ela quicar na água, embora na maioria das vezes apenas espirrasse. Aria se sentou ao lado de Serafina, mastigando um pedaço de pão e parecendo completamente satisfeita com a vida.
Até o momento em que voltaram para a estrada, o sol já começava a se pôr mais baixo no céu, lançando tudo em uma luz dourada e quente. Dentro da carruagem, Raven tinha puxado um mapa, apontando os pontos de referência pelos quais passariam a seguir. Aria e Kelin inclinaram-se sobre seu ombro, fascinados, mesmo que mal entendessem metade do que ele dizia.
Com o balanço suave da carruagem, não demorou muito para que as crianças adormecessem, aconchegadas no ombro de Serafina.
…
Conforme o céu assumia um tom profundo de violeta, a carruagem rolava para dentro de uma pequena, porém movimentada cidade, as lanternas ao longo das ruas de paralelepípedos piscando à medida que a noite caía. A notícia de sua chegada havia se espalhado rapidamente e, em pouco tempo, o Senhor da Cidade mesmo correu para cumprimentá-los. Um homem de meia-idade, um tanto corpulento e com um rosto amigável, ele se curvou respeitosamente enquanto eles saíam da carruagem.
“Bem-vindos, Duque Raven e Duquesa Serafina!” ele cumprimentou com um sorriso caloroso, claramente ansioso para causar uma boa impressão. “É uma honra tê-los aqui. Por favor, permitam-me oferecer-lhes a hospitalidade de nossa câmara municipal para a noite.”
Raven assentiu em reconhecimento, oferecendo um sorriso educado. “Agradecemos sua gentileza, Senhor da Cidade.”
Os olhos do Senhor da Cidade saltaram para as duas crianças com os olhos sonolentos ao lado deles, que tentavam sacudir os últimos resquícios do sono. “E esses devem ser o jovem senhor e a jovem senhora! Sejam todos muito bem-vindos aqui. Por favor, sigam-me.”
Uma vez que chegaram à câmara municipal, um grupo de criadas os cumprimentou, levando a família para dentro. A sala estava quente e acolhedora, iluminada por lustres e velas colocadas ao redor da sala.
Depois de se acomodarem, o Senhor da Cidade os convidou para jantar, uma sugestão que aceitaram com prazer. A essa altura, Aria e Kelin já estavam totalmente acordados, a curiosidade brilhando em seus olhos enquanto absorviam o ambiente grandioso.
Dentro da sala de jantar, uma longa mesa lindamente posta os aguardava, cheia de travessas fumegantes de comida recém-preparada. Pratos de carnes assadas, vegetais coloridos e pãezinhos fofos enchiam o ar com aromas ricos e apetitosos.
Todos se sentaram, com Aria e Kelin entre Serafina e Raven. O Senhor da Cidade juntou-se a eles, sorrindo enquanto gesticulava para todos se servirem.
“Então, Duque Raven,” começou o Senhor da Cidade enquanto começavam a servir a comida, “esta é uma viagem de negócios ou prazer?”
“Estamos indo para o ducado de Yalliny, é o casamento do jovem senhor de lá.”
Ao ouvir que não era nada relacionado a ele, o Senhor da Cidade não perguntou mais sobre isso.
…
Enquanto conversavam, Aria curiosamente pegou um pequeno pastel, seus olhos se arregalando de surpresa quando o recheio vazou após sua primeira mordida. “Mamãe, olha! Tem… coisas dentro!” ela sussurrou, segurando o pastel com dedos grudentos, os olhos brilhando.
Serafina riu e limpou as mãos da filha com um guardanapo. “Isso se chama pastel recheado, querida. Tente não apertá-lo muito.”
Kelin, sempre gostando de um pouco de atenção, decidiu mostrar suas habilidades “sofisticadas” de jantar imitando cada movimento de seu pai, até cortar sua carne em pedaços pequenos e “elegantes”.