Duque, isso dói... - Capítulo 190
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190: Passado do Corvo 190: Passado do Corvo Serafina ficou em silêncio ao lado dele, aguardando que ele falasse. Após um momento, Corvo soltou um longo suspiro, passando a mão pelos cabelos. “Sinto muito que você tenha que ver isso.”
Serafina balançou a cabeça. “Não me importo com Calder, Corvo. Mas acho que é hora de você me contar o que foi tudo isso.”
Corvo hesitou por um momento antes de assentir. “Você merece saber,” disse ele suavemente, com a voz tingida de arrependimento. “É uma longa história, mas tentarei simplificá-la.”
Eles continuaram caminhando, deixando a praça para trás enquanto se dirigiam para uma parte mais tranquila da cidade. Enquanto caminhavam, Corvo começou a falar, com a voz baixa, mas firme.
“Antes de me tornar Duque de Everwyn, eu não estava exatamente envolvido nos assuntos da nobreza,” começou ele. “Não fui criado no ducado como a maioria dos herdeiros. Meu pai era um homem complicado — ele me manteve longe da política da corte e se focou mais em… outras coisas.”
Serafina arqueou uma sobrancelha. “Que tipo de coisas?”
Corvo suspirou. “Vamos apenas dizer que eu estava envolvido em muitos negócios obscuros. Meu pai tinha conexões com grupos que operavam à margem da lei. Ele acreditava em manter o poder por meios menos que honrosos, e eu fazia parte desse mundo.”
Ele fez uma pausa, olhando para Serafina para avaliar sua reação, mas ela permaneceu calada, permitindo que ele continuasse.
“Calder era um dos homens com quem trabalhei durante aqueles anos,” disse Corvo. “Ele fazia parte de um grupo que lidava com… certas tarefas para o meu pai. Quando meu pai morreu, eu tive uma escolha a fazer — continuar por esse caminho ou assumir as responsabilidades do ducado.”
Serafina franziu a testa. “E você escolheu o ducado.”
Corvo assentiu. “Escolhi, sim. Sabia que, se eu continuasse naquele mundo, nunca seria capaz de construir um futuro como o que tenho com você. Mas ir embora não foi fácil. Calder e os outros não ficaram exatamente entusiasmados com minha decisão de abandoná-los.”
“Então é por isso que Calder está aqui agora?” perguntou Serafina. “Ele está com raiva porque você foi embora?”
Corvo suspirou novamente. “É mais complicado do que isso. Quando saí, cortei relações com eles completamente. Não achei que se importariam depois de algum tempo, mas Calder… ele guardou rancor. Ele me vê como um traidor por ir embora, por virar as costas para o poder que tínhamos.”
Serafina apertou a mão dele gentilmente. “Mas você fez a coisa certa, Corvo.”
“Eu sei,” disse Corvo, embora sua expressão estivesse conflituosa. “Mas Calder não vê dessa forma. E agora, parece que ele está determinado a fazer com que eu pague por isso.”
Serafina franziu a testa, com a mente acelerada enquanto processava tudo o que Corvo havia acabado de lhe contar. Agora estava claro por que Calder tinha tanta hostilidade em relação a Corvo, mas isso não mudava o fato de que estavam em lua de mel e que este deveria ser um tempo de paz e felicidade.
“Você acha que ele é perigoso?” ela perguntou em voz baixa.
Corvo hesitou. “Não sei. Calder nunca foi um para confrontos, mas ele é inteligente. E se ele está guardando rancor depois de todos esses anos… ele pode tentar algo.”
O coração de Serafina se apertou com a ideia de um perigo pairando sobre eles, mas ela confiava em Corvo para lidar com isso. Ela sabia que ele não era o mesmo homem que era antes de se tornar Duque. Ele havia crescido, mudado e se tornado alguém digno do título.
“O que quer que aconteça, vamos enfrentar juntos,” disse Serafina com firmeza, encontrando o olhar de Corvo.
Corvo sorriu suavemente, a tensão em seus ombros diminuindo ligeiramente. “Tenho sorte em ter você.”
Eles continuaram caminhando em silêncio por um tempo, o ar da noite esfriando enquanto avançavam para as partes mais tranquilas de Pincla. A cidade, que antes estava agitada com atividades, acalmava-se à medida que a noite caía por completo. As lanternas tremeluziam suavemente à distância, lançando um brilho aquecido sobre as ruas de pedra.
Ao virarem uma esquina, Corvo finalmente falou novamente, com a voz ponderativa. “Nunca quis que meu passado interferisse em nossa vida, Serafina. Mas agora que está aqui… Eu vou garantir que não nos atinja.”
Serafina sorriu, o coração cheio de afeto por ele. “Eu sei que você vai.”
…
Após o passeio pela cidade e a deliciosa refeição de mais cedo, Corvo e Serafina finalmente se hospedaram em uma pousada modesta ao lado da taverna onde tinham estado no início do dia. Eles haviam reservado uma pousada ao lado da taverna durante o almoço.
O dono da pousada lhes deu um quarto no segundo andar com uma atmosfera simples, mas aconchegante. O quarto tinha uma cama grande com uma colcha grossa, e a janela oferecia uma vista pitoresca da rua abaixo, iluminada pelo brilho suave das lanternas.
Eles deixaram suas coisas — bagagem, alguns itens pessoais e, claro, os presentes que haviam comprado durante as viagens — antes de sair para jantar.
A noite estava fresca, mas agradável, enquanto saíam da pousada, o murmúrio suave da noite preenchendo o ar.
Pincla tinha um charme estranho; embora não fosse uma cidade movimentada como aquelas mais próximas da capital, tinha uma energia serena que tornava sua estadia pacífica.
“Acho que poderia me acostumar com esse lugar,” disse Serafina enquanto se dirigiam à taverna novamente. “É tranquilo e as pessoas aqui parecem simpáticas.”
Corvo deu uma risada, apertando levemente a mão dela. “Acho que qualquer lugar pareceria tranquilo contanto que estejamos longe de nossos deveres.”
“Realmente,” ela concordou, com um sorriso que se iluminou.
A taverna estava movimentada, mas não superlotada, e eles conseguiram encontrar uma pequena mesa num canto só para eles.
O ar estava preenchido com o aroma reconfortante de carnes assadas, ensopados temperados e pão recém-assado. O barulho das canecas e o zumbido de conversas preenchiam o espaço, fazendo-o parecer animado, mas não caótico.
.
Corvo e Serafina se sentaram um de frente para o outro, pedindo uma refeição simples — apenas o suficiente para finalizar o dia deles. Enquanto esperavam, Serafina olhou ao redor, observando os outros frequentadores. Havia viajantes como eles, cansados da estrada, mas apreciando sua comida, bem como alguns locais envolvidos em conversas.