Capítulo 360: Retorno Silencioso

Sebastian seria o primeiro a admitir, que por um tempo ele não fazia ideia de exatamente para onde as coisas estavam indo em sua vida. Mas ele tinha certeza de que onde quer que a situação acabasse, não seria em nenhum lugar bom.

Afinal, os especialistas na delegacia de polícia estavam trabalhando para tornar o cartão de memória quebrado funcional. Seu sobrinho e Emily Moulson estavam no hospital se recuperando, e ele não tinha conseguido ir queimar o carro como pretendia. As coisas não estavam nada boas para ele. Depois de encarar o cano de uma arma.

Sua cunhada ameaçando atirar nele. Sebastian havia decidido que a melhor decisão, uma que garantiria que, não importasse o que acontecesse, ele estaria seguro, era deixar o país. Então ele fez exatamente isso, sem nem ter certeza de quanto tempo teria que ficar ausente.

Apenas sabendo que estar o mais longe possível do Grupo Haven era o que era melhor para ele.

Felizmente para ele, seu exílio auto-imposto não precisou durar tanto tempo. Durante dois dias, Sebastian aproveitou um pouco de diversão ao sol. Cercado por exóticas belezas de pele escura, sorvendo martinis e coquetéis enquanto observava as jovens lindas que frequentavam o resort em que estava passeando. Seus biquínis deixando pouco para a imaginação. Tinha sido uma boa vida, uma que ele tinha certeza de que poderia se acostumar. Teria sido um grande sacrifício da parte dele, um que ele estava disposto a pagar pela sua liberdade.

Mas, como se viu, Sebastian não precisava se preocupar com ter que desistir da vida na cidade por uma à beira-mar.

Dois dias após sua chegada, notícias devastadoras o alcançaram, a morte de seu amado sobrinho.

Aparentemente, Derek aguentou o quanto pôde, lutando com tudo que tinha em si. Mas, no final, os ferimentos que ele sofreu durante sua queda nas águas foram demais, e ele infelizmente faleceu. Emily Molson morreu algumas horas depois dele.

Era uma história e tanto, e Sebastian passou horas passando por tudo isso online. Recolhendo cada detalhe que conseguia encontrar.

No começo, ele ficou exultante. A morte de Derek significava que ele poderia voltar para casa. Afinal, seu sobrinho e Emily tinham sido os únicos a saber sobre o carro. E o cartão de memória não apresentaria tanto risco.

Sebastian poderia sempre apenas contratar um advogado muito bom e afirmar que estava brincando. Que ele e Derek estavam apenas se divertindo. Assim as coisas eram muito mais fáceis para ele agora que seu sobrinho e Emily não estavam mais na jogada.

Mas ainda assim, Sebastian não chegou tão longe na vida porque era alguém que se movia muito rápido em situações. Na verdade, era sua cautela que muitas vezes o salvava em muitas situações. Então, em vez de apenas pegar o primeiro voo e voltar para casa, Sebastian decidiu manter a calma. Cauteloso para não entrar em uma armadilha.

Ele chegou até mesmo a ir online e contratar alguém para comparecer ao funeral de Derek e Emily. Um plano que falhou porque Cassandra e Jane fizeram uma despedida privada para seus preciosos bebês. Quando a presença no funeral falhou, ele fez com que fotos das lápides fossem tiradas e enviadas para ele. Pode ter parecido exagero, mas Sebastian queria ter cem por cento de certeza de que não estaria entrando em uma armadilha ao voltar para casa.

Mesmo depois de ter recebido as fotos, ele ficou alguns dias extras no seu pequeno pedaço de paraíso. Principalmente para celebrar sua vitória. Mas parte do atraso foi porque ele queria ter certeza do falecimento de seu sobrinho e de Emily.

Mas agora, ao olhar para a sepultura de seu sobrinho, tendo visitado a de Emily antes, Sebastian sentia como se pudesse respirar com mais facilidade. Ele tinha chegado à cidade na noite anterior.

Tomando cuidado para manter seu retorno em silêncio.

A última vez que ele tinha visto Cassandra, ela apontou uma arma para ele. Ele não queria provocá-la, especialmente enquanto ela ainda estava de luto pela perda de seu filho enxerido. E assim, Sebastian manteve sua chegada para si mesmo, e agora usava o fato de que ninguém sabia que ele estava lá para verificar as coisas por conta própria.

A lápide parecia real o suficiente. Tinha todas as datas corretas e tudo mais.

E estava bem ao lado da de Jasper no terreno da família. Seu sobrinho realmente estava bem e verdadeiramente morto. Olhando para a lápide por alguns segundos, Sebastian finalmente balançou a cabeça e se afastou, certificando-se de não olhar para a lápide de seu irmão.

Nem para a que pertencia a seus pais e avós. Ele não tinha nada a dizer a eles.

Graças às suas ações, ele agora era o único Haven de sangue que ainda estava vivo.

Ele tinha certeza de que, mesmo que pudesse falar com eles, não gostariam de ouvir nada do que ele tinha a dizer. Mas Sebastian ainda assim não se arrependia. Ele fez o que precisava fazer para conseguir o que lhe pertencia por direito.

A viagem até o escritório foi silenciosa. E quando Sebastian chegou à sede do Grupo Haven, ele não foi subitamente emboscado pela polícia e Derek não estava lá esperando para surpreendê-lo.

“Isso não é uma armadilha… isso não é uma armadilha…” Ele repetia para si mesmo. Mas mesmo com tudo isso, ele não conseguia afastar a sensação de que algo não estava certo.

Tudo apenas parecia fácil demais, conveniente demais.

Em vez de simplesmente descartar o pensamento, Sebastian decidiu fazer algo que acalmaria suas preocupações. Depois de estar no escritório por menos de cinco minutos, ele já estava novamente na porta. Desta vez, quando entrou no carro, ele estava indo para o armazém.

Seu velho carro vermelho estava lá esperando por ele. Prova de que seu segredo ainda estava seguro. Quando Sebastian entrou nele e o dirigiu para fora do armazém, ele funcionou como a máquina bem lubrificada que era. Foi uma coisa horrível, embeber em álcool e então incendiá-lo. Mas Sebastian ainda fez isso.

Ele tinha sacrificado seu próprio irmão e seu sobrinho. Mas de alguma forma queimar a peça de maquinaria doeu mais. Isso fazia dele algum tipo de psicopata, ou talvez apenas alguém que não tinha mais uso para suas emoções? Ele não tinha ideia, e não se importava.

Mas mesmo assim, enquanto assistia o veículo caro começar a perder a cor, todas as evidências que ele continha se consumindo, Sebastian ainda ofereceu uma prece para seu sobrinho e seu irmão.

Pedindo que eles o perdoassem pelo que ele tinha feito.

Os mortos não deveriam guardar rancor, afinal. Ele tinha certeza de que eles o perdoariam. Deixando o carro em chamas para trás, Sebastian mais uma vez seguiu seu caminho de volta para a cidade.

Desta vez, não haveria Derek de quem se precaver, e Cassandra sem dúvida estaria muito perdida em seu luto para pensar em se opor a ele. Era um novo amanhecer para o Grupo Haven, e ele se certificaria de se tornar um CEO que a empresa nunca esqueceria.