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363: Capítulo 363: Outra Chance 363: Capítulo 363: Outra Chance *Lauren*
O cascalho estalava sob minhas sandálias enquanto eu acelerava o passo, enquanto dúvidas zumbiam em minha mente como abelhas agressivas, recusando-se a serem afastadas. Lucas tinha descoberto? Era o fim para nós? O ditado familiar ecoava zombeteiramente em minha cabeça: ninguém jamais diz “precisamos conversar” e segue isso com boas notícias.
A vida de Shelby parecia tão bem arrumada — cabelos vermelhos, olhos cinzentos, um humor inteligente que durava dias, dois gêmeos lindos e uma história de amor que eu queria mais do que poderia explicar.
Eu queria que minha história de amor com Lucas terminasse como a de Shelby. Mas, em vez disso, eu estava aqui, lutando para contar ao homem que amo a verdade simples.
O bangalô apareceu à vista e lá estava ele, Lucas, com seu cabelo escuro bagunçado e pele bronzeada que sempre parecia brilhar ao crepúsculo. Ele era a personificação de tudo que eu nunca soube que queria até ele.
E agora, possivelmente, tudo que eu estava prestes a perder.
Ele estava sentado no balanço da varanda, parecendo despreocupado, mas mesmo à distância eu podia sentir a corrente subjacente de algo mais, algo ansioso. Meu coração martelava contra minha caixa torácica, ameaçando se libertar. Este era o momento — o momento da verdade.
Conforme me aproximava, ele me viu e se levantou, seu movimento fluido e certo.
“Oi,” eu consegui dizer, minha voz soando distante, até para os meus próprios ouvidos.
“Oi,” ele respondeu, com uma suavidade que me fez sentir que, independentemente do que ele tivesse a dizer, ele ainda me amava. Seus olhos vasculhavam os meus, procurando por respostas que eu não tinha certeza se tinha coragem de dar.
Eu reuni o pouco de compostura que pude encontrar e lhe ofereci um sorriso forçado, uma máscara pobre para esconder as emoções que fervilhavam dentro de mim.
Ele veria através dela? Ele saberia que por trás dessa calma falsa, eu estava gritando por dentro?
“Tudo bem?” Eu perguntei, as palavras sentindo-se grossas e desajeitadas em minha boca.
“Vamos sentar,” Lucas disse, gesticulando de volta para o balanço, sua voz firme mas seus olhos revelando um vislumbre de preocupação que fez meu estômago afundar.
Nós sentamos lado a lado e eu percebi o quanto eu ansiava pela simplicidade de apenas estar com ele. Estar com ele sem os segredos que eu estava escondendo dele nos afastando um do outro.
“Algo está errado, não está?” Lucas finalmente quebrou o silêncio, sua voz cortando a tensão como uma faca.
Eu balancei a cabeça lentamente, meu coração afundando. “É só… tudo está mudando tanto,” eu admiti, sentindo um peso se levantar enquanto começava a me abrir. “Eu nem sinto mais que sou eu mesma.”
Ele olhou para mim com aqueles olhos profundos e pensativos que pareciam ver diretamente no cerne de quem eu era — ou de quem eu costumava ser. “Você quer falar sobre isso lá dentro?” ele perguntou, seu tom cuidadoso, porém insistente.
“Você quer entrar?” ecoei, esperando que meu convite não soasse tão desesperado para ele quanto soou para mim.
Conforme entrávamos no bangalô, eu tentava me preparar para contar a ele a verdade. Eu precisava fazer isso. Era hora.
“Na verdade, estou meio com fome,” Lucas mencionou, passando a mão pelos cabelos.
“Eu também,” eu respondi, grata pela distração. “Do que você está com vontade?”
“Que tal eu preparar algo para nós?” ele ofereceu, já se movendo em direção à cozinha com uma facilidade que fazia parecer que não era sua primeira vez aqui. Na verdade, não era; Lucas tinha se tornado uma presença reconfortante em minha vida, uma que eu não queria perder.
“Perfeito,” eu disse, observando enquanto ele começava a procurar na minha geladeira e despensa, pegando ingredientes.
Enquanto ele começava a cozinhar, os sons de fritura e o aroma de alho e ervas começaram a encher a sala. Eu me sentei no balcão do café da manhã, meus dedos traçando o tampo de mármore, reunindo meus pensamentos.
“Eu estive pensando muito ultimamente,” comecei timidamente, observando enquanto Lucas se movia com facilidade pela cozinha. “Sobre como as coisas estão acontecendo rápido. Minha vida inteira foi um turbilhão nesses últimos meses e eu acho que… eu só queria me divertir um pouco antes de tudo ficar louco.”
Lucas se virou, me dando um sorriso suave que alcançou seus olhos. “A vida realmente tem um jeito de acelerar para nós,” ele concordou. “Mas podemos encontrar momentos para aproveitá-la, não importa o quão rápido esteja passando.”
Suas palavras eram simples, mas ajudaram a me sentir um pouco melhor. Ele sempre tinha um jeito de me acalmar. Mesmo agora.
“Eu não… quero dizer, você não está se arrependendo de nós, está?” ele perguntou hesitante.
“Não!” Eu olhei para ele com olhos arregalados. Era isso que ele pensava? “Não, Lucas. Jamais. Eu nunca poderia me arrepender de você. Estou tão feliz com o que temos. Eu só quis dizer… tudo mais.”
“Ok. Desde que você tenha certeza. E, tenho certeza de que podemos resolver tudo mais. Juntos, de preferência. Não gosto quando você me exclui. Estou aqui sempre que você quiser conversar, querida.”
“Obrigada, Lucas,” eu murmurei, sentindo uma onda fresca de afeto por esse homem que havia se tornado inesperadamente meu porto seguro.
“A qualquer hora, Lauren,” ele respondeu, colocando a comida que tinha preparado à minha frente. Estava deliciosa, e eu senti uma pontada de culpa sabendo que não estava sendo totalmente honesta com ele. Eu queria ser. Eu só não conseguia me obrigar a contar.
“Vamos comer,” ele disse, juntando-se a mim no balcão com seu próprio prato. E enquanto comíamos, os sabores explodindo em minha língua, eu permiti a mim mesma esquecer, apenas por um momento, todos os segredos que estava mantendo por dentro.
Lucas puxou sua cadeira um pouco mais perto, o cotovelo na mesa, o queixo descansando casualmente em sua mão enquanto ele me ouvia falar sobre meu novo emprego. Cada aceno, cada quieto “hm-hm” me ajudava a sair um pouco da minha concha. Ainda assim, com cada palavra que eu falava, meu peito se apertava pensando em tudo que eu não estava dizendo.
“A vida está cheia de surpresas, né?” eu disse enquanto espetava um tomate cereja com meu garfo. Ele estourou, o suco azedo se misturando com o molho balsâmico.
“Com certeza,” Lucas respondeu. Seu olhar nunca se desviava do meu, uma promessa silenciosa de que ele estava ali, realmente ali, comigo.
Limpamos os pratos, e minhas mãos tremiam um pouco enquanto os empilhava ao lado da pia. Virei-me para enfrentá-lo, encostando-me no balcão.
Eu tentei contar a ele, de verdade. Mas eu simplesmente não conseguia. Eu não queria arruinar o que tínhamos. Eu não queria perdê-lo.
“Você vai ficar?” As palavras saíram, carregadas com uma vulnerabilidade que eu não tinha a intenção de mostrar. “Quero dizer, nós poderíamos assistir algo? Ou só conversar?”
“Claro, Lauren.” Ele se levantou, uma certeza gentil em seus movimentos. “O que você precisar.”
O sofá nos envolveu enquanto mudávamos de canal, nos acomodando em algum reality show sem sentido que nenhum de nós prestava muita atenção. Conversamos em vez disso, sobre tudo e sobre nada — histórias antigas da NYU, as últimas peripécias de Shelby com os gêmeos e os planos dele para a oficina que estava construindo.
“Parece que vai ser incrível,” eu disse, riso em minha voz, imaginando Lucas coberto de serragem, um lápis enfiado atrás da orelha.
“É, eu espero. É bom construir algo real, sabe?” Ele me lançou um olhar, seus olhos refletindo a luz oscilante da TV.
“Às vezes eu desejo poder construir algo… duradouro,” eu admiti suavemente.
“Ei, você tem tempo,” ele me tranquilizou, alcançando para apertar minha mão. “E, você está bem encaminhada. Estamos juntos há só alguns meses e seu pai já está passando as operações para você. Ninguém poderia acusá-lo de simplesmente te dar isso. Aquele homem gosta de controle e ele não passaria as coisas para alguém que ele não tivesse absolutamente certeza que poderia dar conta.”
A noite rolou, a tela da TV banhando a sala em azuis e cinzas enquanto infomerciais tomavam conta. Nossa conversa tinha diminuído para um silêncio confortável, o tipo que parecia um cobertor quente. Eu encostei minha cabeça em seu ombro, a tensão drenando do meu corpo.
“Obrigada, Lucas,” eu sussurrei. “E não só por hoje à noite. Obrigada por estar aqui esse tempo todo.”
“Sempre, Lauren,” ele murmurou de volta, e eu sabia que ele estava falando sério.
Não tocamos além desse contato simples, mas de alguma forma, envolvidos em risadas compartilhadas e confissões sinceras, eu me senti mais próxima dele do que nunca. E enquanto eu adormecia, encolhida ao lado dele, eu me apegava a ele desejando poder congelar o tempo e ficar naquele momento com ele para sempre.
O cheiro de café invadiu minha consciência, me puxando das profundezas de um sono sem sonhos. Eu pisquei abrindo meus olhos para encontrar a luz da manhã derramando pelas cortinas translúcidas, lançando padrões suaves pela sala. Lucas já estava acordado e se movia silenciosamente pela minha cozinha.
“Bom dia,” ele disse, virando-se com duas canecas fumegantes nas mãos. Seu sorriso alcançou seus olhos escuros, e algo em meu peito se apertou ao ver.
“Oi.” Minha voz estava grossa de sono enquanto eu me empurrava para uma posição sentada, esfregando o sono dos meus olhos.
“Dormiu bem?” Ele me entregou uma caneca, seus dedos roçando os meus. Apenas esse pequeno toque foi o suficiente para enviar calor pelo meu corpo. E então o frio se apressou em seu lugar quando eu pensei no que estava escondendo dele.
“Como uma pedra,” eu menti, forçando brilho em meu tom. A verdade era que eu tinha acordado várias vezes durante a noite. Manter segredos de alguém que você ama realmente dificulta o sono às vezes.
Nos acomodamos num silêncio confortável, saboreando nosso café. Eu o observava por cima da borda da minha caneca, absorvendo seu cabelo bagunçado e o leve sombreado de barba em sua mandíbula. Ele era o tipo de homem que parecia pertencer ao ar livre, sob o sol, construindo coisas com as mãos.
“Alguma coisa na sua mente?” Sua pergunta me pegou desprevenida, e eu quase engasguei com meu café.
“Desculpe, só — só pensando no dia à frente,” eu consegui dizer, colocando minha caneca sobre a mesa com um estrondo.
“Lauren.” Ele se inclinou para frente, seu olhar procurando. “Se algo está errado, você pode me contar. Você sabe disso, certo?”
Eu engoli em seco, sentindo o segredo como uma pedra em meu estômago. “Sim, eu sei. É só que…” eu hesitei, sem saber como continuar sem revelar tudo.
Ele estendeu a mão, sua mão quente enquanto envolvia a minha. “Só o quê?”
“Vida,” eu disse com uma risada curta, tentando manter o clima leve. “Ela é sempre mais complicada do que parece.”
“Complicações a tornam interessante,” ele apertou minha mão de forma tranquilizadora antes de soltá-la.
“Interessante é uma palavra para isso,” eu resmunguei.
Eu sabia que precisava apenas contar a ele sobre o bebê. Cada momento que eu retinha isso parecia como uma traição, mas eu temia que uma vez que as palavras saíssem da minha boca, nosso relacionamento mudaria para sempre. Nós nos enredaríamos num futuro que nenhum de nós havia planejado. Eu não queria que ele olhasse para mim e visse apenas a curva da minha barriga, o inchaço da vida dentro de mim, em vez da mulher que eu ainda era — e da mulher que eu tinha medo de perder.
“Ei, seja lá o que for, vamos enfrentar isso juntos,” Lucas disse, invadindo meus pensamentos. “Nada é grande demais para nós lidarmos.”
Sua garantia era para me confortar, mas apenas adicionava à culpa que me envolvia. Eu assenti, forçando um sorriso que não chegava aos meus olhos. “Juntos,” eu ecoei, embora a palavra tivesse um gosto de uma promessa que eu não tinha certeza se poderia manter.
Eu o observava terminar seu café, seu perfil delineado pelo sol da manhã. O ritmo gentil de sua respiração, o toque casual de seu polegar na caneca — tudo parecia tão normal, tão simples.
“Lucas,” eu comecei, a confissão balançando na ponta da minha língua.
“Sim?” Ele se virou para mim, pronto para ouvir, para apoiar, para abraçar o que quer que eu tivesse a dizer.
Mas eu hesitei e as palavras se dissolveram em um suspiro. Hoje não era o dia. Eu não estava pronta. “Eu te amo,” eu disse.
Eu contaria a ele em breve, só não era o momento certo.