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362: Capítulo 362: Nadando em Círculos 362: Capítulo 362: Nadando em Círculos *Lauren*
O sol ainda estava alto no céu, lançando uma tonalidade dourada sobre o cais enquanto eu seguia atrás de Lucas e Aidan. O burburinho de vozes urgentes crepitava pelo rádio preso ao meu cinto, um constante lembrete do caos que se desenrolava. Alguém tinha passado mal em um passeio, o bastante para precisar de atenção médica. Eu esperava que estivessem bem.
Parte de mim estava apenas seguindo Lucas, esperando que tudo estivesse bem entre nós. Mas, a outra parte sabia que assumir a operação do meu pai significava que coisas assim também cairiam sob a minha responsabilidade. Agora era tão bom momento quanto qualquer outro para mostrar o que eu podia fazer — manter um olho em Lucas enquanto isso era apenas um bônus.
“Os paramédicos estão a caminho,” murmurei no walkie, minha voz calma mesmo com o coração acelerado. Dando um passo para o lado, assisti a equipe médica passar apressada, seus equipamentos tilintando a cada passo apressado. Meus olhos os seguiram até o cais onde o barco de passeio balançava suavemente na água.
“Tudo bem?” A voz grave de Lucas cortou meu foco. Sua alta estatura projetava uma sombra sobre mim, seus cabelos escuros desgrenhados pela brisa do mar, parecendo a personificação do charme rústico.
Assenti, forçando um sorriso. “Eles já controlaram a situação.” Mas, mesmo enquanto falava, meu olhar demorava em sua pele beijada pelo sol, a maneira como sua testa se franzia com preocupação — não só pela situação em mãos, mas por algo mais. Eu sabia que ele estava preocupado conosco depois da nossa conversa mais cedo, mas eu não queria pensar sobre isso.
“Obrigado pela ajuda,” ele disse, me dando uma breve concordância antes de seu olhar intenso encontrar o meu. Era um olhar que dizia mais do que palavras poderiam, cheio de perguntas que nenhum de nós estava pronto para expressar.
“Te vejo mais tarde, tá?” ele acrescentou, seu tom casual, mas a tensão no ar era impossível de ignorar.
“Claro, Lucas,” respondi, minha voz mais estável do que eu me sentia. Enquanto ele se afastava, seus ombros largos pareciam carregar mais do que apenas o peso dos eventos do dia.
Não pude evitar de me perguntar sobre o estranhamento crescente entre nós, uma barreira invisível que parecia engrossar a cada momento que passava. Era minha imaginação, ou havia algo se alterando no ar?
“Lauren?” Lucas chamou de volta, sem olhar para trás. “Não se preocupe com as coisas aqui. Nós damos conta. Pode voltar ao trabalho.”
“Obrigada,” eu chamei, mas ele já estava se afastando, perdido em seus próprios pensamentos tanto quanto eu nos meus.
Eu embaralhava papéis em minha mesa, as tarefas diante de mim se confundindo em manchas de tinta sem sentido. Tentava me concentrar, mas as perguntas não paravam de martelar em minha cabeça: Por que eu simplesmente não podia dizer para ele? Lucas tinha me mostrado nada além de… eu estava paralisada pelo medo. Era ridículo — eu sabia disso — mas saber e sentir são duas feras diferentes.
Não é como se fôssemos muito jovens para começar uma família. Tínhamos dinheiro para sustentar uma criança facilmente. Mas, nós dois estávamos apenas começando. Parecia que uma criança poderia descarrilar isso. Nós nunca sequer tínhamos conversado sobre filhos. Lucas nunca tinha sido casado. Pelo que eu sabia, ele só tinha tido um relacionamento sério antes de mim. E se ele nem quisesse filhos?
“Lauren, pode conferir esses números?” uma voz perguntou do outro lado da sala. Olhei para cima e vi um dos membros da equipe segurando uma planilha.
“Ah, claro,” eu murmurei, pegando a folha mas não realmente a vendo. Eu rabiscava algo que poderia passar por confirmação, esperando que minha distração não fosse tão óbvia quanto parecia.
“Tudo bem?” a preocupação na voz deles era genuína, mas eu não podia me permitir desmoronar — não aqui, não agora.
“Está tudo bem,” eu menti, oferecendo um sorriso que não chegava aos meus olhos. “Só um pouco cansada, só isso. Não dormi bem na noite passada.”
Eles não precisavam saber com o que eu estava lutando. Eu era a chefe agora, eu tinha que me manter firme. Sempre.
O resto da tarde se arrastou, cada tarefa mais um passo, cada hora mais uma milha. Eu me sentia presa em um loop, pensamentos sobre Lucas e a verdade não dita girando em minha mente sem lugar para escapar.
E então, minha paciência estalou como uma linha desgastada. Eu não podia mais fazer isso. Não hoje. Não com esse nó se apertando em meu peito, roubando meu fôlego, turvando meus pensamentos. Eu precisava de espaço, ar e alívio.
“Oi, vou dar uma saidinha,” chamei sem esperar por uma resposta, pegando minha bolsa e deixando o trabalho inacabado em minha mesa. Não havia passos me seguindo, nenhuma voz me chamando; todos estavam muito absorvidos em sua própria correria de fim de dia para notar uma garota se afastando.
A caminhada de volta ao meu bangalô foi automática, meus pés conheciam o caminho mesmo que minha mente estivesse a milhas de distância. As árvores sussurravam suavemente com a brisa, os pássaros cantavam suas canções de crepúsculo, e o mundo continuava ao meu redor, alheio a qualquer um dos meus problemas.
Assim que fechei a porta atrás de mim, encostei nela, soltando um suspiro que eu nem percebi que estava prendendo. Este era meu lugar seguro, onde eu podia baixar a guarda e apenas ser eu mesma.
Por que admitir a verdade era tão difícil? O que me impedia de dizer aquelas palavras simples para ele? O amor não deveria ser tão difícil, deveria? Se o amor era uma aposta, certamente, as apostas nunca pareceram tão altas.
Com um suspiro, coloquei uma panela de água no fogão para aquecer antes de me afundar no sofá, enterrando o rosto nas mãos. Eu precisava pensar, descobrir as coisas antes de me perder completamente em minhas emoções. Porque, lá no fundo, sob as camadas de medo e dúvida, eu sabia uma coisa com certeza.
O que quer que acontecesse a seguir, mudaria tudo.
A chaleira assobiou uma nota aguda, trazendo-me de volta à realidade. Despejei a água fervente sobre o gengibre recém cortado e espremi o suco de meio limão. O aroma cítrico aguçava meus sentidos, prometendo alívio do desconforto no meu estômago. Segurando a caneca quente, eu me aninhei no canto do sofá, deixando o calor penetrar em minhas palmas.
“Está tudo bem,” eu murmurei para mim mesma, tomando pequenos goles do chá. Seu calor fluía por mim, aliviando a náusea, mas fazendo nada pelo nó apertado de ansiedade.
Lucas e seu sorriso fácil invadiram minha mente, e meu coração apertou. Nós éramos bons juntos, risadas e leveza preenchiam nossos dias, e a ideia de perder isso deixava um frio temor em seu lugar.
“Não quero que as coisas mudem,” eu sussurrei para a sala vazia.
Mas a verdade era que as coisas já tinham mudado.
Percebendo que precisava de uma perspectiva externa, coloquei a caneca meio vazia na mesinha de centro e segui em direção à casa de Shelby. Ela sempre fora o espelho que podia refletir o que eu não conseguia — ou não queria — ver em mim mesma.
“Lauren!” Shelby me saudou quando me aproximei. Seu cabelo vermelho estava preso em um rabo de cavalo, e seus olhos cinzentos brilhavam. Seus gêmeos corriam pelo jardim, suas risadas flutuando no ar como bolhas.
“Oi, Shelby.” Minha voz saiu mais suave do que eu pretendia. Os gêmeos correram na minha direção, braços estendidos, e me abaixei para abraçá-los. Sua nova babá, uma mulher de aparência gentil com um sorriso doce, cuidava deles com um olhar atento.
“Parece que você encontrou uma ótima babá,” eu disse, acenando em direção a ela que habilmente interceptou uma tentativa errada de um dos gêmeos de comer uma flor.
“Não é?” Shelby sorriu. “Ela é incrível com as crianças. Mas chega de falar sobre mim. Você parece estar carregando o peso do mundo nos ombros. O que está acontecendo?”
“Podemos conversar?” Eu perguntei, sentindo como se fosse explodir se eu não falasse com alguém sobre tudo o que estava sentindo.
“Claro,” Shelby respondeu, sua voz se tornando séria. Ela levou as crianças para a babá e me conduziu para dentro.
O sol já começava a se pôr no horizonte, lançando um brilho quente através das janelas abertas de Shelby. Sentamos uma de frente para a outra na mesa da cozinha, os últimos resquícios de chá esfumaçando entre nós.
“Você já contou para ele?” A voz de Shelby era suave, mas seus olhos cinzentos buscavam informações.
Balancei a cabeça, um emaranhado de cabelos caindo no meu rosto. “Não,” admiti, “Eu sei que deveria, mas não consigo encontrar as palavras.”
“Lauren, do que você tem medo?” Eu podia dizer que ela estava tentando ser solidária e não julgadora.
“É que… as coisas estão tão perfeitas agora,” comecei, remexendo na borda do porta-copos, sem encontrar seus olhos. “Lucas e eu, nós avançamos tanto, e eu não quero estragar tudo. E se isso mudar tudo?”
“Querida,” ela disse, alcançando a mesa para acalmar minhas mãos inquietas com as suas pequenas, “manter isso dele é o que vai mudar tudo. Lucas te ama. Você precisa confiar nesse amor.”
“Eu sei, eu confio, mas—”
“Lauren, só vai piorar quanto mais você esconder dele.” A voz de Shelby tinha uma nota de finalidade. “Você sabe disso, certo?”
Assenti, o nó na minha garganta dificultando falar. Shelby estava certa. Ela geralmente estava. Segurar esse segredo era como segurar a respiração debaixo d’água; eventualmente, eu teria que subir para respirar.
Shelby ouviu sem interrupções enquanto eu despejava todas as coisas com as quais eu não conseguia parar de pensar. Com cada palavra, parte do fardo era aliviado, ainda que a solução permanecesse fora de alcance. A expressão de Shelby era uma mistura de compreensão e preocupação, uma promessa silenciosa de que não importa o que acontecesse, ela estaria lá para mim.
“Obrigada,” eu murmurei, me sentindo um pouco mais firme. “Eu só precisava dizer isso em voz alta.”
“A qualquer momento,” ela respondeu, dando um aperto reconfortante na minha mão. “Só lembre-se, aconteça o que acontecer, você não está sozinha.”
A certeza permanecia em suas palavras, mas eu ainda duvidava de mim mesma e das minhas emoções. Eu queria atribuir isso aos hormônios que surgiam, mas sabia que era mais do que isso.
Eu estava aterrorizada. Perder Lucas… Eu não achava que sobreviveria. Eu nem conseguia imaginar minha vida sem ele agora.
De repente, meu telefone vibrou na mesa, a vibração mandando choques através dos meus já desgastados nervos. Olhei para a tela e senti meu estômago afundar.
Era Lucas.
“Atende,” Shelby me encorajou com um aceno.
Sorri para ela e respirei fundo antes de voltar a olhar para o meu telefone.
Com dedos trêmulos, arrastei para aceitar a chamada e levei o telefone ao ouvido. “Alô?”
“Lauren,” a voz grave de Lucas ressoou, carregando uma seriedade que imediatamente fez meu coração acelerar. “Precisamos conversar.”
Será que ele sabia?