Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 668
Capítulo 668: Seu Direito de Nascimento
Se alguém tivesse dito a Asher Beladona que chegaria o dia em que ele e os outros Alfas Cardeais sentariam juntos para discutir os assuntos de sua parceira, ele teria rido até expulsá-los da sala.
Compartilhar uma parceira?
Isso era uma fantasia distante.
No passado, Asher sempre supôs que um dia escolheria uma esposa — alguém que ele pudesse controlar, e que não o incomodaria — depois de reivindicar o trono do Rei Alfa. Esse trono tinha sido seu propósito, sua obsessão. A luta por ele tinha fraturado seu vínculo com os outros Cardinais, mas deu-lhe algo pelo que viver.
Mas agora?
Agora eles não eram apenas irmãos. Eles eram família. E só quando ele realmente sentiu essa unidade, finalmente entendeu o quão poderosos eram juntos e por que Elijah sempre quis que eles estivessem divididos desde o início.
Ele deveria ter sabido.
Os garotos tinham ocupado diferentes cantos da sala, e embora todos tivessem o propósito comum de se reunirem ali, não puderam deixar de se encarar de maneira desajeitada.
Alaric foi o primeiro a quebrar o silêncio, seu olhar azul penetrante fixo em Roman. “Como chegamos a este ponto? Porque eu sempre soube que odiava você.”
Roman sorriu. “Sim, bem, o mesmo aqui, seu bastardo convencido. Sempre agindo como se sua linhagem fosse melhor que a nossa, quando na realidade vocês todos são…” Ele se interrompeu antes que as palavras fossem longe demais. Mesmo para ele, isso seria cruzar uma linha.
Alaric sabia exatamente o que Roman estava prestes a dizer. Seu maxilar tensionou, mas ele não retrucou. Havia verdade na ofensa inacabada de Roman e, estranhamente, ele não sentiu vontade de lutar com sua parceiro por lei. Não desta vez. Roman não quis dizer isso como um ataque.
“Sim,” Griffin disse. “Eu diria que fomos longe demais, considerando que eu preferiria morrer a ser pego com um Beladona.”
Ele não quis dizer isso como um insulto, embora soasse como um.
A mensagem estava clara. A Matilha do Leste tratava suas mulheres como deusas, enquanto o Oeste tratava as suas como propriedade. Com valores tão opostos, Asher e Griffin nunca deveriam ter se dado bem.
“Sim,” Asher disse em seu tom rouco, uma estranha opressão subindo em seu peito. “Nunca pensei que toleraria vocês.” Ele fez uma pausa, limpando a garganta. “Ou que vocês me tolerariam.”
Roman fez uma careta. “Bem, você tem seus dias encantadores.”
Alaric bufou, meio rindo.
Griffin recostou-se. “Todos sabemos que é por causa de uma pessoa. Alguém que temos que proteger a todo custo.”
Todos os três assentiram em concordância.
Asher perguntou, entrando no modo de negócios, “O que sabemos sobre o Reino das Fadas até agora?”
“Não muito,” respondeu Alaric. “Além de algumas fábulas espalhadas por textos humanos, duvido da legitimidade da maioria delas.”
“Uma coisa é certa, eles odeiam ferro. É tão venenoso para eles quanto a prata é para nós,” disse Griffin.
“Então mergulhamos nossas garras em ferro?” Roman sugeriu.
Alaric balançou a cabeça, expressão neutra. “Estamos em um reino desconhecido. Onde exatamente você espera que encontremos ferro?”
“Os guardas o carregam,” Asher apontou. “As espadas deles são de ferro. Notei isso ontem. Embora eles as mantenham cuidadosamente embainhadas.”
Os outros três olharam para ele atônitos. Eles mal haviam se instalado, e ele já tinha um plano de contingência.
“Então, com todo o seu poder mágico, ainda precisam de espadas?” Alaric murmurou, sem se impressionar.
“A magia pode ser incapacitada,” Roman disse.
“Eu sei disso. Só estou dizendo.” Alaric sorriu. “Mas essa é a coisa mais inteligente que você disse em um bom tempo.”
Roman revirou os olhos. “Uau. Obrigado, sabichão.”
“Tá bom, chega,” Griffin interveio, se metendo entre eles antes que o bate-boca escalasse. Em sua mente, eram duas crianças em corpos adultos. “É hora de focar.”
Com todos ajeitados, Asher entrou no centro e disse: “Temos muito na nossa mesa. Primeiro, Violeta não consegue controlar seus poderes, mas espera-se que ela participe de um julgamento para reivindicar seu trono. Segundo, há o padrasto dela, o Barão. Aposto meu traseiro que ele já está planejando a morte dela. E por último, não temos ideia de quanto tempo deveremos ficar aqui, nem temos um jeito de sair daqui.”
Roman levantou a mão como um estudante em aula.
Asher arqueou uma sobrancelha. “O que é, Roman?”
“Você esqueceu o pássaro irritante, Lucen,” Roman lembrou.
Ao mencionar esse nome, as faces de Griffin e Alaric se contorceram em desgosto, um rosnado baixo surgindo de suas gargantas, dizendo tudo o que precisava ser dito sobre seus sentimentos em relação a ele.
“Ele não é uma ameaça. Ainda.” Os olhos de Asher se estreitaram. “Eu confio que você pode lidar com ele.”
Pela primeira vez, Asher designou a Roman uma tarefa, uma que ele sabia que o lobo teria grande prazer em realizar.
Um brilho malicioso surgiu nos olhos de Roman. “Pode confiar isso a mim,” ele disse, entrelaçando os dedos, sorrindo.
Alaric balançou a cabeça. Ele não tinha tanta certeza de que entregar essa responsabilidade a Roman era sábio. Bem, ele ficaria de olho, afinal, a cobra imprudente tinha talento para transformar pequenas missões em desastres completos.
“Com tudo o que aconteceu,” Asher disse, “Estou confiante de que Violeta não quer essa responsabilidade em seus ombros.”
“Eu discordo,” Griffin contestou. “É seu direito de nascença, querendo ela ou não. E nós dois conhecemos Violeta, quanto mais difícil o desafio, mais determinada ela se torna. Dê a ela um ou dois dias. Ela vai se recuperar.”
“Griffin está certo,” Roman acrescentou. “Nossa parceira é teimosa. Não importa o quão brutal seja o julgamento, ela não gostaria de ser lembrada como a princesa que fugiu.”
“Você está com medo,” Alaric disse de repente, seus olhos fixos em Asher.
“O quê?” Asher se tensou, quase defensivo.
“Você está com medo de que ela escolha ficar no Reino das Fadas. E você não tem certeza de como isso se desenrolaria para você. Para nós. Porque não podemos viver aqui. Este não é o nosso lar.”
As palavras de Alaric cortaram fundo porque eram verdadeiras. Os olhares de Griffin e Roman se desviaram para Asher, depois se afastaram, cada um reconhecendo silenciosamente o mesmo medo.
Uma tensão pesada se instalou entre eles, o terror apertando como um laço em volta de seus pescoços.
Griffin finalmente quebrou o silêncio. “Vamos atravessar essa ponte quando chegarmos lá. Por enquanto, nossa prioridade é ajudar Violeta a vencer esse julgamento e derrubar aquele Barão inútil.”