Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 655
Capítulo 655: Expulsão de Elsie
As crianças seriam a morte dela! Elas estavam atrás dela.
Apenas um dia—um dia abençoado—elas não podiam evitar problemas?
A Diretora Jameson pressionou os dedos contra as têmporas enquanto as linhas telefônicas gritavam como sirenes.
Seu escritório parecia o interior de um call center com as luzes piscando, dois telefones fora do gancho e o interfone da mesa zumbindo.
Seu secretário estava dentro do escritório ao invés de na própria mesa do lado de fora, equilibando um headset e um celular ao mesmo tempo, falando rapidamente.
Outra chamada acendeu. Então outra. Então mais três em espera.
“Passe para cá,” Jameson disse tensa.
Seu secretário clicou em um botão. “Você está ao vivo com a Diretora Jameson,” ele disse em silêncio, e deslizou o fone de ouvido.
“Diretora?!” a voz de uma mulher explodiu no ouvido de Jameson antes que ela pudesse dizer olá. “Minha filha está segura? Ela foi intimidada? Acabamos de ver o vídeo de uma pobre garota se afogando! Que tipo de escola você está coordenando? Isso é uma arena de briga de cães ou uma escola?”
Jameson engoliu em seco e ajustou a voz para baixa e calma. “Senhora, eu entendo como esse clipe parece perturbador. A situação está sob controle. A aluna está estável e—”
“Estável? Eu a vi sem reação! Isso não é tentativa de assassinato?!”
“Foi um conflito isolado,” Jameson disse, forçando cada palavra através dos dentes. “Não toleramos violência. Nossa segurança—”
“Segurança? Onde estava a segurança quando a criança estava se afogando na piscina? Minha filha é humana. HU-MA-NA. Você pode garantir que ela não será a próxima?”
Do outro lado da mesa, o secretário estava acalmando outro chamador. “Senhora, sim, eu sei o que a legenda diz, mas por favor, desconsidere a hashtag. Não é ‘intimidação de lobisomem,’ é um incidente disciplinar envolvendo alguns alunos. A vítima está recebendo cuidados—”
Jameson apertou a ponte do nariz. “Senhora,” disse para sua chamadora, “estamos revisando as filmagens e entrevistando todos os envolvidos. Dou minha palavra—”
“Sua palavra não significa nada se esses monstros—”
“Com licença,” Jameson estalou antes que pudesse se conter. “Não usamos essa linguagem sobre nossos alunos.”
Mas a mulher riu, alta e quebradiça. “Você ouvirá do meu advogado.”
E a chamada caiu.
“Cristo Senhor.” Jameson gemeu.
Outra linha tocou e o secretário, ainda em sua segunda chamada, levantou um dedo—um momento, por favor—então pressionou a base do telefone.
“Senhor, com respeito, por favor, pare de gritar. A garota está respirando. Sim. Sim, ela está respirando. Não, o boato sobre costelas quebradas é falso. Liberaremos uma declaração em breve—”
O peito de Jameson queimou. Ela atendeu a próxima chamada. “Diretora Jameson—”
“Vocês mentiram quando disseram ‘seguro para humanos,'” um homem disse de imediato. “Estamos indo buscar nosso filho.”
“Senhor, o acesso ao campus está restrito durante—”
“Tente me impedir.”
A linha caiu. Também.
“Puxe as linhas,” Jameson disse com voz plana.
Seu secretário congelou. “Senhora?”
“Eu disse. Puxar. As. Linhas. Agora!”
Imediatamente, a pobre senhora Amara correu até o quadro e cortou todos os feeds que chegavam. O escritório caiu em um silêncio repentino e pesado. Pela primeira vez em trinta minutos, Jameson ouviu sua própria respiração. Era alta e raivosa.
Em um movimento, Jameson varreu tudo de sua mesa.
“Qual é o problema dessa garota?” ela sibilou, passando a mão pelo cabelo. “Elsie Lancaster. Qual é o problema com o cérebro dela?”
Jameson havia lutado seu caminho de volta do escândalo anterior ao se associar à fama de Violet Purple e ao brilho dos alfas cardinais. Isso amorteceu o golpe, e ela manteve sua posição. Mas agora, não havia Violet. Nenhuma distração. Apenas um vídeo viral de uma garota humana caída em uma piscina e as palavras “bullying de lobisomem” estampadas em mil feeds.
Iam pregá-la na parede.
A porta do escritório se abriu sem bater.
Jameson olhou para cima com assassinato em seus olhos. Natalie Avax entrou como se fosse dona do prédio, com um pequeno sorriso no rosto.
“Não é a hora,” Jameson disparou.
“Oh, é exatamente a hora,” Natalie disse despreocupada, parando em frente à mesa destruída. “Você está ocupada, então serei breve.”
“O que você quer?”
“Esqueceu-se?” Natalie inclinou a cabeça. “Eu sou a representante eleita da Quinta Casa — a casa humana — encarregada do bem-estar de todos os humanos na Academia Lunaris.” Ela salientou sua posição com ênfase.
“Uma das nossas foi ferida hoje, e isso significa ação.”
Jameson deu uma risada. “A Quinta Casa é um plano no papel, Avax. Uma manobra de TV. Não estamos operacionais.”
“É mesmo, senhora?” O sorriso de Natalie se aguçou. “Então talvez você deva dizer isso aos milhões que viram você anunciá-la. Ou devo ir fazer uma declaração? ‘A Diretora Jameson diz que a Quinta Casa é falsa.'” Ela adoçou o tom para imitar um locutor de notícias. “Eu sou muito citável.”
Jameson rangeu os dentes. “O que você quer?”
“Expulsar Elsie Lancaster.”
As palavras estalaram no ar como um tapa.
“O quê?!” Jameson e sua secretária disseram ao mesmo tempo, os olhos arregalados.
“Você deve estar fora de si,” Jameson disse, o calor invadindo seu rosto.
A Academia Lunaris pertencia aos lobos. Era seu território, sua história, seu poder. Sim, alguns já haviam sido expulsos antes, mas nunca por causa de um humano. Expulsar uma garota lobisomem por intimidar um humano seria plantar uma bandeira no chão: a escola não era mais comandada por lobos. Mandaria a mensagem de que Jameson havia entregue as rédeas. Ela podia imaginar as consequências em dez direções diferentes e todas terminavam em fogo.
“Isso não pode acontecer,” ela disse.
“Por quê não?” Natalie perguntou calmamente.
“Simplesmente não pode,” Jameson rebateu. “Expulsar um lobisomem por causa de um incidente de intimidação, você entende como isso soa?”
Natalie se inclinou até que apenas a mesa os separasse, ambas as mãos firmes na madeira. “Quer saber como soa quando eu reúno os humanos para protestar contra um lobisomem tentando afogar uma garota humana na propriedade da escola? Como soa quando marchamos pelos seus portões com pais e imprensa? Como soa quando seu assento fica muito, muito quente?”
Jameson sentiu a ameaça deslizar para o lugar como uma lâmina entre as costelas. Aquela pequena víbora, pensou ela. Se ela soubesse que essa garota usaria a Quinta Casa assim, teria protestado contra isso. Talvez devesse ter ouvido a proposta de Asher.
Os olhos de Natalie brilharam. “E de verdade, não sei por que você está protegendo Elsie. Ela não tem apoio. Nem dos alfas cardinais. Nem do Alfa Rei. Ninguém irá segurá-la. Por que deixar um porco selvagem te arrastar para a lama?”
Jameson a encarou, sem palavras. Natalie realmente tinha um ponto. Mas então deixar uma criança como ela lhe dizer o que fazer. Simplesmente a irritava.
Então Natalie se endireitou, alisando um vinco invisível de sua saia.
“Tenho certeza de que você sabe o que é certo fazer, Diretora Jameson,” ela disse. “Estou apenas compartilhando minha opinião. Espero que você tome uma boa decisão. Enquanto isso, aproveite o pequeno caos.”
Natalie se virou e saiu.