Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 646
Capítulo 646: Ataque de Pânico
Duas pares de olhos fixaram Violeta no lugar, e sua boca abriu e fechou como um peixe fora d’água.
“Violeta…” sua mãe pressionou, “Você não quer ser minha herdeira?”
Violeta tentou falar, mas sua voz falhou. As palavras se embolaram em sua garganta e se recusaram a sair. Uma gota de suor escorreu por sua têmpora, seu pulso martelando em seus ouvidos. De repente, sua cadeira parecia um assento quente, o ar rarefeito demais para respirar.
“Violeta?” Asher chamou seu nome, preocupado. Suas sobrancelhas franzidas, sua mão se contraindo como se quisesse alcançá-la. Ele podia sentir que algo estava errado.
Violeta Roxa nunca acreditou em ataques de pânico. Ela sempre foi forte — pânico, em sua mente, era para os fracos. Mas naquele momento, quando encontrou o olhar fendido de Asher e os olhos de ametista penetrantes de sua mãe, ambos carregados de expectativa e responsabilidade, uma onda esmagadora de pressão se instalou em seu peito.
Violeta levantou-se abruptamente, sua cadeira raspando alto para trás. As paredes pareciam estar se fechando, e ela tropeçou alguns passos, sua respiração falhando. Ela precisava de ar — precisava respirar. Algo estava sufocando-a.
Asher ficou de pé em um instante. “Violeta?”
A Rainha Seraphira também se levantou, sua voz tensa. “Violeta, você está bem?”
Mas Violeta não respondeu. Seus olhos giravam descontrolados, e desfocados, pânico nublando tudo. O sangue rugia em seus ouvidos, abafando todas as vozes como se estivesse submersa. Ela agarrou o peito, mas seu coração apenas batia mais rápido.
“Acho que ela está tendo um ataque de pânico!” Asher estava alarmado.
Mas não era apenas um ataque de pânico.
Sombras escuras começaram a se enrolar ao redor dela, protetoras como uma cúpula. O ar engrossou, vibrando com magia instável. Veias escureciam sob sua pele, pulsando com um poder que era demais para seu controle frágil. Quando Violeta cambaleou contra um pilar para se equilibrar, ele explodiu em pó no momento em que sua mão o tocou.
Asher se moveu para correr até ela, mas a Rainha Seraphira agarrou seu braço e o puxou de volta.
“Não!” ela advertiu, seus olhos arregalados. “Ela está tendo um fluxo.”
A voz de Asher estava áspera de pânico e raiva. “Que diabos é um fluxo?!”
“Instabilidade mágica,” Seraphira disse rapidamente, seu tom cortante, mas urgente. “O reino humano contém energia limitada, mas aqui, a magia flui livremente. O corpo dela não está acostumado a essa abundância, e com suas emoções alimentando isso, o poder está crescendo incontrolavelmente. Ela precisa de equilíbrio — de um alívio — antes que a consuma.”
Pela forma como a magia de Violeta subia, ambos sabiam que os efeitos seriam destrutivos. Para Asher, a cena era quase como aquele dia no lodge de pinho, quando os poderes dela apareceram pela primeira vez. Só que dessa vez, era mais forte.
Quase imediatamente, as portas se abriram, e soldados invadiram a sala.
A cabeça de Asher se ergueu rapidamente, cada músculo se tensionando. Ele não gostou nada disso.
Mas a Rainha já estava no comando. “Construam uma barreira ao nosso redor!” ela ordenou.
Todos os cinco soldados responderam de imediato. “Sim, Sua Majestade!”
Então, eles se espalharam em um círculo perfeito, seus lábios se movendo enquanto murmuravam em uma língua desconhecida.
“O que vocês estão fazendo com ela?” Asher exigiu, avançando. Ele estava pronto para lutar e resgatar Violeta, se necessário.
Antes que ele pudesse dar mais um passo, Lila apareceu e colocou uma mão firmemente em seu peito, forçando-o a parar. “Você terá que confiar na Rainha Seraphira nisso,” ela disse urgentemente.
“Confiar nela?” Asher olhou ferozmente para ela. “Ela é a razão de Violeta estar instável em primeiro lugar!”
“Mesmo assim. Reclamar e culpá-la não mudará nada!” Lila retrucou.
Naquele mesmo momento, as portas se abriram novamente.
Alaric, Griffin e até Roman — ainda pálido e fraco — invadiram, atraídos pela violenta onda de emoção através de seu vínculo. Eles congelaram ao ver Violeta cercada por magia pulsante, a Rainha Seraphira diante dela, e os soldados fazendo um estranho cântico.
O que diabos estava acontecendo ali?
Então, em um brilho ofuscante, uma cúpula transparente selou ao redor da Rainha e Violeta, excluindo todos os outros.
Lá dentro, a Rainha se voltou para sua filha.
“Violeta,” Seraphira disse calmamente, “Respire.”
Violeta balançou a cabeça, sua voz rouca. “Eu—não posso. Está me sufocando.”
“Então é ainda mais motivo para respirar,” a Rainha disse firmemente, “Você possui esse poder, Violeta. Ele não possui você. Siga minha liderança.”
Seraphira inalou profundamente, devagar, seu peito subindo e descendo em ritmo.
Violeta tentou seguir, mas cada respiração era como arrastar facas para dentro de seus pulmões. Ainda assim, ela se forçou a liberar uma inspiração trêmula, depois uma expiração trêmula.
“Bom,” Seraphira sussurrou. “De novo.”
Sua voz estava firme, guiando-a como uma corda de salvamento no escuro.
Do lado de fora da barreira, os alfas cardinais esperavam com antecipação. Se algo acontecesse com sua companheira, eles rasgariam o Reino das Fadas em dois.
Lá dentro, a Rainha continuou seu ritmo paciente. “Você tem muita magia dentro de você, e ela está transbordando. Vamos purgar o excesso, e manter o que você precisa.”
Violeta conseguiu sussurrar fraco. “Como?”
“A magia percorre cada parte de você,” Seraphira explicou. “No seu sangue, nos seus ossos, na sua respiração. Da mesma forma que seu corpo expele suor pelos seus poros, você pode expelir magia da mesma forma. Você deve se abrir para liberar isso. Sinta isso saindo de você.”
Violeta apertou os olhos, seu corpo inteiro tremendo. Ela imaginou o poder denso, pesado, sufocante, dentro dela.
“Deixe ir,” a Rainha pediu. “Um fio de cada vez.”
Mas Violeta gritou em vez disso quando sentiu uma dor aguda atravessá-la. Ela havia apressado o processo todo.
“Siga-me, Violeta,” Seraphira sussurrou novamente. “Devagar. E de forma constante.”
Assim mesmo, sombras escuras saíram de sua pele como tinta se dissolvendo na água, substituídas por um brilho suave que espelhava o de sua mãe.
A voz da Rainha carregava-se como uma canção de ninar. “Isso mesmo. Continue, filha. Deixe tudo ir embora.”
Violeta fez.
Com cada exalação, mais poder escapou dela até que seus joelhos cederam e sua respiração desacelerou, retornando a um ritmo normal.
Quando Violeta finalmente abriu os olhos, as sombras tinham desaparecido. E ela se sentia mais leve. Mais leve do que jamais se sentiu desde que sua magia apareceu.
“Como?” Violeta sussurrou, sua voz mal audível.
Seraphira sorriu, afastando uma mecha de cabelo da testa úmida de sua filha. “Todo Fae aprende a regular sua magia desde o momento em que nascem. Sinto muito, Violeta, você foi privada disso.”
A voz da Rainha estava cheia de culpa.
Os soldados derrubaram a barreira, e eles saíram. E imediatamente, Asher e os outros avançaram.
Violeta tentou encontrá-los no meio do caminho, mas suas pernas vacilaram.
“Whoa, whoa—calma.”
Alaric a alcançou primeiro, agarrando-a antes que ela caísse no chão. Seus braços estavam ao redor dela, sua expressão tensa de preocupação.
“Ela precisa de repouso,” Seraphira disse firmemente.
“Eu não…” Violeta começou a protestar fracamente.
Mas Alaric não estava ouvindo. Com força sem esforço, ele a ajustou em seus braços, segurando-a como se ela não pesasse nada.
“Estamos saindo.” Alaric saiu sem a permissão da rainha.
Roman e Griffin se juntaram a ele imediatamente, ambos com rostos marcados de preocupação.
Asher demorou um segundo a mais, seu olhar fixo na Rainha.
“Esta conversa não terminou,” ele disse, sua voz baixa, mas firme.
Seraphira murmurou após ele. “Eu não esperava que estivesse.”
Só então Asher se afastou, seguindo seus companheiros para fora do salão, seu peito apertado com tantas emoções que ele manteve contidas dentro dele.
Alaric carregou Violeta até o quarto deles, mesmo enquanto ela protestava.
“Eu estou bem,” Violeta murmurou teimosamente. “Você não precisa me tratar como uma paciente.”
“Você ouviu o que sua mãe disse,” Griffin respondeu de trás, “A rainha insiste no repouso, e honestamente, eu não estou com humor para discutir com a realeza.”
Alaric ajeitou o cobertor em volta de seus ombros enquanto Griffin ajustava os travesseiros. Roman ficou perto da porta, braços cruzados, observando silenciosamente.
Nesse momento, a porta se abriu novamente, e Asher entrou. O ambiente mudou instantaneamente. Seus olhos se fixaram nos de Violeta, e a tensão derreteu de sua expressão.
“Sinto muito,” Violeta sussurrou, com culpa pesando em sua voz.
“Não há nada pelo que se desculpar,” Asher disse. “Nada disso foi sua culpa. É da rainha.”
Roman gemeu. “Alguém pode me contar o que diabos aconteceu lá fora?”
O maxilar de Asher se contraiu, raiva brilhando em seus olhos. “Ataque de pânico agravado por seus poderes. Ela está transbordando de magia e ninguém se deu ao trabalho de ensinar-lhe o controle.” Ele chutou a borda de uma mesa, fazendo uma cadeira bater na parede. “Tudo por causa deles.”
“Asher.” A voz de Griffin estava calma, mas seus olhos eram afiados. “Chega. Ela precisa de paz, não mais caos.”
“Não podemos ficar aqui,” Asher estalou, sua voz subindo. “Não é seguro.”
Alaric o encarou firme. “E não podemos sair também. Ela precisa de treinamento.”
Para a surpresa de todos, Roman interveio. “Que tal falarmos sobre isso mais tarde? Violeta precisa descansar.”
Isso silenciou a sala. Todos os olhares se voltaram para ela. Violeta queria desaparecer sob os lençóis. Ela odiava sentir-se tão indefesa, como se fosse uma coisa frágil que eles precisavam proteger.
Depois de uma longa pausa, Asher exalou. “Ele está certo. Durma, Violeta.”
Ele se inclinou para frente, afastando uma mecha de cabelo de seu rosto antes de se virar em direção à porta. Um por um, eles o seguiram para fora.
Mas antes que a porta se fechasse, Violeta captou o olhar que eles trocaram. Eles estavam definitivamente planejando algo.