Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 644
Capítulo 644: Finalmente Nos Encontramos, Filha
“Você quer dizer a mesma filha que você deixou impotente no reino humano?” Asher disse, seu olhar inflexível fixo no dela.
A compostura da rainha vacilou. O calor educado em seus olhos desapareceu, substituído por um frio que fez todo o salão parecer menor.
Violeta não sabia, mas sua aura também mudou quando sua magia negra se agitou, pronta para defender Asher se necessário. Seraphira poderia ser sua mãe, mas ainda era uma rainha, e Asher estava indo longe demais. Esta conversa deveria ser dela.
Como esperado, havia escuridão no olhar da Rainha. Como Violeta, sua aura pulsava, um brilho perigoso cintilando em seus olhos ametistas.
A voz de Seraphira tremia com raiva contida. “Você acha que eu fiquei feliz em deixar minha filha no reino humano?” Não havia suavidade em sua voz agora, apenas fúria e dor firmemente entrelaçadas.
Mas Asher não estava intimidado, mesmo quando o ar que respiravam espessava com poder, afiado como agulhas e alfinetes.
“Eu não culpo as circunstâncias,” Asher respondeu calmamente. “Mas pelo que eu descobri, Lila encontrou Violeta há meses, se não antes.” Ele insinuou que Lila pode não ter contado toda a verdade.
“Isso era tempo suficiente para treiná-la, para prepará-la para o que estava por vir, especialmente sabendo o tipo de marido que você tinha. Talvez então o Barão não a teria quase matado durante seu caminhar nos sonhos.”
As palavras de Asher atingiram como relâmpago.
Por um instante, a boca de Seraphira se abriu em descrença, culpa piscando em seus olhos flamejantes. Assim, a pressão de sua magia no ar diminuiu.
Mesmo Violeta, que estava sentada reta como uma vara, agarrando sua colher tão forte que os nós dos dedos ficaram brancos, exalou tremulamente. A tensão sufocante começou a dissolver-se, substituída por culpa e vergonha.
Os olhos da rainha suavizaram, o fogo neles diminuindo para a tristeza. Pela primeira vez, Violeta não viu a governante imortal dos Fae, mas uma mãe que fez escolhas impossíveis e agora foi forçada a enfrentá-las.
Não apenas ela, Asher viu também. Mas ao contrário de Violeta, ele não deixaria que as emoções ofuscassem seu instinto de protegê-la.
“Eu fiz uma decisão estúpida,” Seraphira admitiu, olhando para eles, mas não vendo nada, perdida em alguma memória que havia sido agitada.
“Eu tinha medo de deixar Violeta com poderes que Angus pudesse explorar, e ao mesmo tempo, eu estava apavorada de desbloquear poderes que atraíssem Angus para ela como uma mariposa para a chama.”
Seus olhos ganharam foco agora, fixados em Asher. “Mas você se atreve a me julgar quando não andou nos sapatos em que eu andei?”
Ela fez uma pausa, então continuou, “Todas as noites eu amaldiçoo os laços que me mantiveram acorrentada a ambos os homens miseráveis enquanto minha filha crescia sem mim. Você sabe o que isso significa, lobo? Observar seu filho de longe e ser incapaz de alcançá-la porque cada passo mais perto arrisca sua vida?”
Dessa vez ela estudou Asher com tanta intensidade que era perturbador, quase como se pudesse ver através dele.
“Você busca a perfeição. Você procura controle. No entanto, você esquece, Asher Nightshade, que a vida está longe de ser perfeita.”
Asher se mexeu desconfortavelmente em seu assento. Ele odiava estar sob escrutínio, e agora a Rainha o mantinha sob seu olhar como um espécime sob o vidro.
“Então me diga,” ela disse suavemente, “você não cometeu erros? Nem mesmo um?”
Asher não precisava responder, porque Violeta sabia.
Lucille.
Com sua necessidade constante de controlar e manipular cada resultado como um mestre de marionetes, ele havia jogado jogos com a garota, e as circunstâncias quase levaram à morte dela. Ele arruinou a vida dela.
Violeta não tinha esquecido isso. Nem Asher.
Podia-se perceber que ele se lembrava pela forma como ele se encolhia, como se fosse atingido por uma mão invisível.
Por um segundo, ninguém falou. Então, a Rainha Seraphira pegou a taça à sua frente, fez uma pausa e disse: “No entanto, proteja-a tão ferozmente quanto me desafia, lobo. Pode chegar o dia em que ela precisará de alguém que não tenha medo de enfrentar até mesmo uma rainha.” Então ela bebeu seu drink de cor verde pálido.
Asher não conseguiu encontrar palavras, então Violeta assumiu, intencionalmente desviando a conversa daquele tópico sensível. “Quanto tempo devo ficar aqui?”
A Rainha Seraphira estava prestes a responder quando suas narinas se dilataram. Seus olhos se aguçaram um segundo depois, e ela olhou à frente.
Violeta se virou ao mesmo tempo que Asher, e o rosnado que roncou de seu peito espelhava perfeitamente o arrepio que correu por ela.
Havia alguns olhos que nunca se poderia esquecer.
Embora ela o tivesse visto antes—através dos olhos de Lila no reino dos sonhos—isso era diferente. Agora ela via seus verdadeiros olhos por si mesma, um verde floresta marcante que poderia atrair qualquer um sem nem mesmo tentar. Mas Violeta sabia melhor. Aqueles olhos não escondiam nada além de veneno. Barão podia ser bonito por fora, mas estava podre até o núcleo por dentro.
Ele subiu ao estrado usando aquele mesmo sorriso arrogante, o tipo que fazia parecer que o mundo já pertencia a ele.
O olhar de Asher cortou para a rainha, veneno em sua voz. “O que ele está fazendo aqui?”
Aquilo pareceu arrancar Seraphira de seu transe. Antes que o Barão pudesse alcançar a mesa, vinhas rastejaram pelas paredes, torcendo-se em galhos grossos e espinhosos que formaram uma barreira viva diante dele.
O Barão apenas riu. “É assim que você me recebe, minha rainha? Na frente da nossa filha?”
“Violeta não é sua filha!” Seraphira sibilou, sua voz como aço.
“Não biologicamente,” Barão concedeu, seu tom carregado de zombaria, “mas pelas leis do nosso povo, ela é. Você é minha esposa, e isso a torna minha filha.”
A rainha não se moveu. Mas seu silêncio fez ele sorrir.
“Bem então,” disse o Barão, inclinando a cabeça, “se você não me deixar cumprimentar minha filha adequadamente, suponho que a visitarei em particular mais tarde.”
Os olhos de Seraphira se arregalaram diante de sua audácia. Instintivamente, ela soltou as vinhas, e elas deslizaram de volta para as paredes.
O Barão avançou com soberba, levando seu tempo ao se juntar a eles na mesa. Ele puxou uma cadeira, sentou e sorriu como se nada estivesse errado, mesmo com três pares de olhos furiosos sobre ele.
Então, virando-se para Violeta, seu sorriso se alargou ainda mais.
“Finalmente nos encontramos, filha.”