Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 636
Capítulo 636: Até a Morte
Violeta estava no paraíso.
O ar ao seu redor pulsava com camadas de fragrâncias tão requintadas que poderiam muito bem ser música: notas profundas de cedro defumado e especiarias escuras, entremeadas com a doçura afiada da terra beijada pela chuva e o calor do âmbar. A baunilha pairava suavemente sob tudo, terna como um sussurro de amante. Então vinham os tons mais brilhantes: cítrico e pinho, luz do sol aprisionada em madeira e vento, e finalmente uma leve doçura de abacaxi e creme, uma fragrância tão delicada que parecia risadas suspensas no ar.
Ela inspirou profundamente até seus pulmões doerem, até a beleza disso pressionar contra seu peito. Cada nota era familiar, entrelaçada com memórias do aroma de seus parceiros, seu lar e sua paz.
Era incrivelmente reconfortante, e ela queria se perder nisso para sempre.
Com um suave suspiro de contentamento, Violeta alcançou o corpo mais próximo e, inclinou-se para ele. Ele era quente, seguro e firme.
Então ela sentiu dedos afagando gentilmente seus cabelos, massageando seu couro cabeludo com um ritmo tão terno que um ronronar escapou de seus lábios antes que pudesse detê-lo.
Seus olhos abriram-se instintivamente e encontraram aqueles familiares e fendidos olhos cinzentos encarando-a.
Ela prendeu a respiração.
Os olhos de Asher eram do tipo que poderiam fazer a lua se esconder de ciúmes. Brilhavam com uma estranha profundidade, como se camadas de prata e fumaça vivessem sob a superfície, mudando constantemente a cada cintilar de luz. E então havia suas pupilas fendidas, cortando o cinza como seda escura atravessando metal líquido.
De perto, eles eram irreais. Perigosos de uma maneira que não parecia destinada ao mundo mortal. Mas não era apenas perigo que vivia naqueles olhos. Havia beleza ali também – beleza fria e assombrosa que parecia ver através de sua pele e direto em sua alma.
O peito de Violeta subia e descia, sem fôlego, presa na gravidade dele e incapaz de desviar o olhar, mesmo que quisesse. Havia algo íntimo na forma como aqueles olhos a encaravam – afiados e suaves ao mesmo tempo, perigosos, mas ternos. Era injusto, a maneira como um simples olhar poderia desfazê-la tão facilmente.
Ela não podia se mover. Não podia falar. Tudo que ela podia fazer era se afogar na beleza daqueles olhos até que o resto do mundo simplesmente deixasse de existir.
Asher continuou massageando seus cabelos, seus dedos lentos e cuidadosos, o movimento tranquilizador em sua ternura. Os olhos de Violeta instintivamente se fecharam, um suave suspiro escapando de seus lábios enquanto ela se derretia ao toque, deleitando-se com a sensação celestial.
Nenhum dos dois disse uma palavra. O silêncio não era constrangedor, era tranquilo, do tipo que dizia mais do que palavras jamais poderiam.
Eles simplesmente permaneceram assim, perdidos no conforto um do outro, até que o sono chegou suavemente, envolvendo-a como um cobertor quente. Sua respiração se estabilizou, e com uma última exalação, Violeta sucumbiu novamente ao seu abraço.
Asher a observou por um longo tempo depois disso, sua mão ainda massageando suavemente seu couro cabeludo. Ele poderia continuar para sempre, se ela quisesse. A dor em seus dedos não era nada comparada à dor de algum dia perdê-la.
Ele nem mesmo tinha certeza se Violeta sabia o quanto significava para ele até aquele ponto. Ela era sua vida, a única coisa que o mantinha são.
Se algum dia ela desaparecesse de seu mundo, então ele também deixaria de existir.
Quanto tempo ela viveria? Fae viviam centenas de anos. Certamente, como meio-Fae, ela teria uma grande expectativa de vida.
E quanto tempo ele viveria? Os mais fortes de sua espécie viveram até trezentos anos. Mas ele preferiria passar toda essa vida com ela a viver mil anos sem ela.
Asher nunca contou a ninguém, mas o dia em que Violeta morresse seria o dia em que ele morreria também.
Diziam que os parceiros desistiam da vida quando sua outra metade perecia. Mas ele não precisava de um vínculo de parceiros para perder a cabeça — ele já sabia o que isso faria com ele.
Violeta era a razão pela qual ele respirava, a razão pela qual ele suportava. Portanto, ele a protegeria mesmo que isso significasse perder tudo, até mesmo sua vida.
“Durma bem, minha rainha púrpura,” Asher sussurrou, sua voz tão baixa que quase não estava ali.
Seu polegar roçou a bochecha dela em um toque fugaz e reverente. Então ele se inclinou e pressionou seus lábios contra os dela, permanecendo por um batimento antes de se afastar.
Quando Asher se afastou, seu coração quase saltou do peito porque Griffin estava acordado, olhando direto para ele.
O olhar nos olhos de Griffin não era de julgamento, apenas de conhecimento, e isso tornava tudo pior. A intensidade em seu olhar parecia despir Asher, expondo cada parte dele que tentava manter trancada.
A vulnerabilidade nunca lhe caiu bem.
Griffin finalmente quebrou o silêncio.
“Seu vínculo de parceiros logo se firmará,” ele disse com confiança.
“Quando?” Asher retrucou, sua voz tingida de impaciência. “Daqui a anos?”
“Você está com medo,” Griffin observou.
Asher deu uma risada amarga. “A Deusa nunca foi justa comigo.”
“Há uma razão para tudo,” Griffin respondeu calmamente. “E uma estação também.”
“Ou talvez ela apenas goste de me torturar,” Asher murmurou. “Minha vida tem sido um tipo especial de miséria da qual ela certamente se embriaga.”
Os olhos de Griffin estreitaram. “Você não está desistindo de Violeta, está?”
“Claro que não!” A resposta de Asher veio ferozmente, seus olhos brilhando. “Vínculo de parceiros ou não, Violeta é minha. Sempre foi minha.”
“Eu sei,” Griffin disse. “Os rapazes sabem também.”
“Bom,” Asher rosnou, seu tom escurecendo. “Porque se o vínculo nunca vier, e algum dia qualquer um de vocês tiver ideias, então estejam certos de que eu os enfrentarei até a morte.”
Os olhares deles se mantiveram, inabaláveis. Tensão no ar.
Então Griffin relaxou, “A profecia diz que somos quatro. Você pode não acreditar no destino, mas mantenho a fé por você. Asher Nightshade, seu vínculo de parceiros está chegando mais cedo do que você imagina.”
Asher não disse nada. Mas lá no fundo, ele rezava para que fosse assim.