Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 607
Capítulo 607: Expose o Traidor
Um silêncio caiu enquanto a curiosidade se espalhava pela matilha, todos os olhos estavam fixos em Asher.
Então Asher falou.
“Esta noite marca uma nova aurora para a Matilha do Oeste. Meu pai e seus antecessores construíram este império do nada, e agora é meu dever e minha maior honra torná-lo maior do que ele jamais sonhou. Vamos nos elevar além dessas paredes e reivindicar nosso lugar como a matilha de lobos mais forte em Dormínia.”
Uma onda de aplausos seguiu, gritos de aprovação se elevando como trovão. Lobos uivavam sua aprovação, seus corações preenchidos de orgulho por sua matilha.
Irene observava de seu canto, braços cruzados, um sorriso conivente em seu rosto. O garoto tinha coragem, ela daria isso a ele. Declarar sonhos tão elevados assim tão cedo em seu reinado? Ousado. Tolice, talvez, mas ousado. Deixe-o sonhar, ela pensou. Sua Matilha do Leste sempre sairia por cima.
Leon Draven, enquanto isso, inclinava-se preguiçosamente contra uma coluna, tomando seu copo. Políticas o entediavam. O garoto pode ter seu momento. Afinal, o sul não luta por tronos. Eles viviam a vida ao máximo.
Os aplausos continuaram até Asher levantar uma mão, e o barulho morreu instantaneamente. Seu tom mudou.
“Mas,” disse ele quietamente, “é bastante triste que mesmo entre nosso próprio povo existam inimigos que trabalham contra o progresso da Matilha do Oeste.”
A multidão caiu em murmúrios inquietos.
“O que ele quer dizer?” alguém sussurrou.
“Inimigos?” outro murmurou.
Apenas as mãos de um homem começaram a tremer, e era o Alfa Marlow. Seu pulso acelerou, seus nós dos dedos ficaram pálidos. Ele já tinha uma ideia de onde isso estava indo.
O olhar de Asher varreu a multidão. “Por anos, o antigo Beta de meu pai, Dominic, desviou os recursos da matilha. Ele comprou contrabando, conduziu comércio clandestino e construiu uma rede de agiotas usando a dor do nosso povo. Ele tomou crianças como garantia, escravizou devedores e transformou a força da nossa matilha em seu negócio pessoal.”
Sussurros romperam o pátio.
Uma jovem loba segurou seu peito. “As crianças?”
Um ancião murmurou sombriamente, “Dominic… aquela cobra.”
Asher continuou. “Ele teria sido confrontado, mas ele me desafiou primeiro. Ele sabia que a verdade o condenaria, então tentou me acabar em vez disso. Sua morte apenas confirmou sua culpa.”
Nodos se espalharam pela multidão. Eles tinham visto a força de Asher pessoalmente. Eles acreditavam nele.
Mas então seu tom aprofundou novamente. “O que me dói mais é que ele não agiu sozinho. Alguns de nossos próprios alfas estavam ao lado dele, alimentando-se da mesma imundície.”
Agora os murmúrios se tornaram ruído.
“Impossível!” alguém gritou.
“Quem?”
“Qual Alfa?”
Os lobos de alto escalão se mexeram inquietos. Os sub-alfas, onze deles, ficavam agrupados juntos. Então a multidão se partiu instintivamente, deixando-os expostos no centro como presas.
O Alfa Rowland foi o primeiro a falar. “Isso é uma conversa perigosa,” ele gritou para Asher. “Acusações selvagens sem provas apenas dividirão a matilha!”
O sorriso de Asher era frio. “Provas?” Ele inclinou a cabeça. “Então vamos falar de provas.”
Ele voltou seu olhar diretamente para o Alfa Marlow.
Cada cabeça se voltou com ele.
O rosto de Marlow perdeu todo o sangue. “E-eu estou sendo incriminado!” ele gaguejou. “Servi esta matilha fielmente. Minha riqueza, a prosperidade de minha matilha, está sendo usada contra mim! Vocês querem me eliminar para controlar tudo!”
Asher riu, mas não havia humor ali. “Você ousa mentir na minha cara? Para seu Alfa?”
O tom silenciou tudo.
Jeremias avançou, fazendo um gesto para os guardas. “Tragam-na.”
Uma mulher magra e pálida foi levada à frente, tremendo. Ela segurou seu xale em volta dos ombros e se curvou profundamente.
“Fale,” Asher ordenou.
“Meu nome é Elina,” ela começou, a voz quebrada. “Meu marido e eu pegamos dinheiro emprestado dos homens de Alfa Marlow para salvar nosso filho. Quando não pudemos pagar, eles o levaram. Disseram que uma dívida deve ser paga de uma forma ou de outra.” Seus olhos se encheram de lágrimas. “Meu marido se matou três noites depois.”
A multidão ficou mortalmente silenciosa.
Então outra mulher empurrou, sua voz tremendo, mas feroz. “Ele tirou de mim também,” ela chorou. “Eu era uma viúva. Precisava de dinheiro para alimentar meus filhos. Os homens dele disseram que se eu não pagasse, eu teria que agradar ao Alfa. Fiz o que tive que fazer — e ele riu quando eu implorei para que parasse.”
Uma terceira voz se juntou. Um jovem apareceu. “Ele dobrou meus juros mesmo quando minha irmã estava doente. Quando não pude pagar, eles me obrigaram a lutar contra lobos por esporte e entretenimento deles. Eu perdi minha irmã naquela noite.”
A multidão irrompeu.
“Monstro!”
“Escória!”
“Traidor!”
Marlow tentou recuar enquanto garrafas, pratos e restos de comida voavam em sua direção. Seus próprios guardas o abandonaram, enquanto os outros sub-alfas viravam as costas.
“Chega!” A voz de Asher ressoou através da comoção, silenciando tudo imediatamente. Seus olhos estavam ardendo. “A justiça será feita. Não deixarei que essa corrupção envenene minha matilha por mais tempo.”
Ele virou-se para Jeremias. “Leve-o. Ele enfrentará julgamento por seus crimes.”
“Sim, Alfa!” Jeremias latiu, sinalizando para os guardas.
Eles agarraram Marlow pelos braços, arrastando-o para frente. A multidão sibilou e jogou tudo o que podia pegar nele. Marlow tentou falar, mas ninguém o ouviu. Sua voz foi engolida pelo rugido de seu povo.
Quando a multidão finalmente se acalmou, Asher ficou lá por um longo momento, com o maxilar apertado.
Ezra veio ao seu lado, calmo como sempre. “Você lidou bem com isso.”
Asher suspirou, esfregando a mão sobre o pescoço. “Isso é um elogio vindo dos seus lábios?”
Ezra sorriu levemente. “É apenas o começo. Mais virão para você como Alfa.”
Asher olhou para a multidão, murmurando, “Estou certo de que cada um deles estava envolvido de alguma forma ou de outra.” Ele se referia aos sub-alfas.
Ezra acenou com a cabeça. “Descobriremos quando Marlow começar a falar. Levará tempo, mas eles não podem se esconder para sempre.”
Asher suspirou, cansado. “Acho que fiz o suficiente por uma noite.”
Jeremias perguntou a ele, “Devo vir com você, Alfa?”
“Não,” Asher lhe disse. “Aproveite esta noite. Amanhã teremos uma purga em nossas mãos.”