Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 578
Capítulo 578: Um Dia de Cada Vez
Hannah xingou entre dentes quando uma coceira ardente queimou sob sua pele, sabendo exatamente o que isso significava. Ziva havia colocado uma marca mágica ali, não apenas para alertá-la quando precisassem conversar, mas para atormentar e constantemente lembrá-la de quem realmente tinha o controle ali.
Ela se apressou para um local seguro e isolado dentro da casa do Norte e puxou um espelho compacto do bolso. A pequena peça circular não era maior que sua palma. Era tão simples e discreta que ninguém pensaria duas vezes sobre isso, mesmo que a vissem segurando-o.
A capa externa era de um branco simples, sua superfície lisa e inocente, embora um lançador de magia treinado ou uma colega bruxa imediatamente sentissem os poderosos encantamentos tecidos nele. Dentro, a parte superior continha um espelho de aumento, enquanto a inferior era um espelho comum que proporcionava um reflexo impecável.
Exceto quando Hannah sussurrava o feitiço de ativação, o reflexo cintilava e o rosto sem sorriso de Ziva aparecia, seus olhos afiados cheios de autoridade e desdém.
“Bem?” Ziva exigiu, sua voz cortando a noite como uma lâmina.
Hannah lutou contra a irresistível vontade de revirar os olhos. Em vez disso, forçou seu tom em obediência seca, falando entre dentes cerrados. “Acabei de chegar hoje. Certamente você não espera que eu já tenha informações para você.”
A expressão de Ziva não suavizou nem um pouco. Na verdade, ela disse com desdém, “Sua utilidade para esta família está começando a diminuir, Hannah. Você percebe que posso substituí-la. Não pense por um segundo que a distância a mantém segura.”
“Violeta agora tem um terceiro parceiro,” Hannah confessou.
“O quê?!” O rosto de Ziva se contorceu de ira feia. “Isso certamente não pode ser verdade.”
“A notícia está por toda a Matilha do Norte,” Hannah disse sem entusiasmo. “E já confirmei. Violet Purple e Alaric Storm estão no meio de uma febre de acasalamento agora.”
“O que há de tão especial naquela garota?” Ziva murmurou amargamente entre dentes. “Tudo o que ela faz é colecionar sexo como uma qualquer.”
Pela primeira vez, Hannah viu o ciúme brilhando nos olhos de Ziva. A poderosa e intocável Ziva estava ameaçada pela própria existência de Violeta, embora ela mesma não percebesse isso.
“Por que está me encarando desse jeito?” Ziva estalou.
“Nada.” Hannah rapidamente comprimiu os lábios juntos.
Uma sensação aguda e ardente de repente irrompeu sob a pele de Hannah, fazendo-a soltar um grito e quase deixar cair o espelho. Ela coçou a marca em agonia, olhando para Ziva através do reflexo.
“Nem pense em me desafiar,” Ziva zombou. “Você só está aí porque eu assim determinei. Violeta não pode salvá-la. A única razão pela qual aquela vadia ainda está respirando é porque o Pai não nos deixou soltar sobre ela. Caso contrário, ela já teria sido despedaçada. Então, seja uma boa bonequinha, faça o seu trabalho, e será recompensada.”
Ela acrescentou com um tom sombrio, seu rosto endurecendo em pura maldade. “E nunca mais ouse mentir para mim novamente.”
“Ahh!” Hannah gritou quando uma nova onda de tormento atravessou a marca. Quando piscou para limpar as lágrimas dos olhos, o espelho havia escurecido, indicando que Ziva havia cortado a conexão.
“Aquela vadia maldita!” Hannah xingou entre dentes, esfregando a marca, mas isso só piorou a dor latejante. A pele estava em carne viva e inchada agora. Ela deveria ter sabido que essa missão seria um inferno desde o início.
Subitamente exausta, Hannah deslizou pela parede fria e envolveu os braços ao redor dos joelhos, encolhendo-se sobre si mesma. Uma única lágrima escapou, deslizando pela sua bochecha.
Essa missão tinha lhe dado a esperança desesperada de que ela poderia estar livre de sua família em breve. Mas agora, parecia que liberdade não passava de um sonho cruel.
“Você, aí!”
Um guarda gritou quando um feixe de luz de tocha iluminou diretamente o rosto de Hannah. Ela sibilou baixo, levantando a palma para proteger os olhos da súbita claridade.
O guarda estava nela em um instante, botas batendo no chão. “O que você está fazendo aqui a esta hora?” ele perguntou com suspeita.
Hannah ergueu o rosto molhado de lágrimas, deixando seus olhos avermelhados e respiração trêmula venderem a ilusão.
“D-desculpe, senhor,” ela gaguejou. “É meu primeiro dia de trabalho e eu não consegui dormir. Tudo aqui é tão avassalador.”
Hannah havia estudado sobre lobisomens
e sabia que eles eram incrivelmente habilidosos em detectar mentiras. Felizmente, ela era tão boa em mentir que isso havia se tornado uma segunda natureza para ela. Assim, não foi difícil acompanhar.
“Você trabalha na cozinha.” O guarda notou, olhando seu uniforme.
“Sim, senhor.”
E sim, o uniforme que ela havia roubado anteriormente para se misturar. Hannah pensou consigo mesma.
A postura do homem relaxou um pouco enquanto ele baixava suas defesas. Claro, ele podia sentir que ela era humana. Lobos raramente viam humanos como ameaças, o que funcionava perfeitamente a seu favor.
“Eu sei como o primeiro dia pode ser difícil,” o guarda disse com um suspiro, simpatizando com ela. “Mas você deveria voltar para sua estação. A casa da alcateia está em desordem esta noite, e você não quer se envolver nisso.”
“Claro, senhor.” Hannah fungou, fazendo um show de enxugar os olhos. “Você é tão gentil.”
O elogio fez o homem corar. Ele deu uma pequena risada constrangida. “Não é nada.”
“Vá em frente, então.” Ele disse, gesticulando para ela ir embora, “Leve um dia de cada vez.”
Hannah se virou e começou a caminhar casualmente.
“É por ali,” o guarda chamou atrás dela, apontando na direção oposta.
“Oh! Certo!” Hannah riu levemente, batendo na testa. “Onde está minha cabeça esta noite?”
Ela fingiu um sorriso envergonhado e rapidamente corrigiu seu caminho, desaparecendo na noite enquanto o guarda a observava, sem suspeitar.
No entanto, no momento em que Hannah tinha certeza de que nenhum olho estava sobre ela, ela escalou as paredes com um pouco de dificuldade graças à neve. No entanto, ela segurou firme, seus dedos encontrando cada apoio, e não demorou muito para que ela chegasse ao telhado do prédio mais próximo.
Uma vez no topo do telhado, Hannah finalmente respirou, a tensão deixando seus ombros. Ela se agachou, olhando para o céu noturno escuro que logo daria lugar à primeira luz do dia.
O guarda estava certo.
Ela levaria isso um dia de cada vez.