Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 516
Capítulo 516: Desafiar o Alfa
Asher mal inclinou a cabeça ao ser cumprimentado, seus olhos já além deles. Ele caminhou em frente, e naturalmente eles o seguiram, seus passos se alinhando rapidamente atrás dele.
Estavam sendo respeitosos com ele, mas Asher não se deixava enganar pelo ato. Ele conhecia a diferença entre lealdade e cortesia.
“É bom finalmente ter você em casa, Asher,” Luna Patricia disse, seu tom doce como mel. “Preparei seu quarto com antecedência.”
Asher parou no meio do passo, seu olhar cortando brevemente para ela antes de seguir adiante novamente. “Vou ficar nos aposentos do meu pai.”
Houve uma mudança imediata no ar, e Asher até ouviu alguém exalar bruscamente. O sorriso de Luna Patricia vacilou por um instante, e Beta Dominic pareceu surpreso, mas logo disfarçaram.
Ficar no quarto de Henry não era um pedido, mas uma declaração de que ele estava ali para ocupar o lugar de seu pai. Sim, Asher não estava dando voltas. Ele acabara de enviar um aviso. Seus inimigos deveriam começar a se preparar, pois sua faca já estava afiada.
“Claro,” Patricia disse rapidamente, encobrindo seu deslize. “Se é onde você prefere ficar. Vou pedir ao pessoal para limpar—”
“Você não precisa se preocupar com isso. Eu farei isso mesmo,” Asher interrompeu.
“Mas—” Patricia tentou novamente.
Asher de repente parou. Seu movimento foi tão abrupto que todos que o seguiam também pararam. Ele se virou, seus olhos varrendo os rostos dos bajuladores que o seguiam.
“Agradeço o apoio de vocês,” ele disse, sua voz reverberando pelo corredor. “Mas desejo lamentar meu pai em silêncio.”
Lamentar Henry? Nem nesta vida. Lamentar o cu dele. Mas Asher precisava de algo tangível para se livrar deles sem questionamentos, e isso funcionou bem o suficiente.
Ele se virou de volta para Patricia, seu olhar firme. “Certifique-se de que os Alfas estejam confortáveis. Eu vou me dirigir a eles antes do final desta noite.”
E com isso, ele se afastou, Jeremias acompanhando seus passos, enquanto o resto da comitiva ficava observando ele ir. Ninguém se atreveu a seguir.
Asher entrou no escritório de seu pai, a porta pesada rangendo em suas dobradiças. O cômodo estava fechado havia dias, e o ar que o encontrou era denso e viciado. Jeremias o seguiu de perto, silencioso como sempre e sensível à necessidade de Asher.
O escritório era amplo, cada centímetro dele uma reflexão do governo de Henry. Estantes de carvalho escuro forravam as paredes, empilhadas com livros e registros cuidadosamente organizados. No centro, estava a grande mesa com papéis alinhados de forma impecável, como se seu dono pudesse entrar a qualquer momento. Uma porta adjacente estava ligeiramente entreaberta, levando para o quarto que Henry usava como aposentos privados.
Mas o cômodo cheirava a Henry. O cheiro dele estava em toda parte, impregnado na madeira, nas cortinas, no assoalho, e isso sufocava Asher. Ele foi até as janelas e as abriu, deixando o ar frio entrar.
Ele caminhou pela sala lentamente antes de parar diante de um retrato enorme que dominava a parede. Os olhos de Henry o olhavam de volta da tela, duros e autoritários. O pintor capturou cada detalhe: o queixo quadrado, a inclinação orgulhosa de seu queixo, a aura de um Alfa tão vividamente gravada em linhas arrojadas que parecia respirar poder.
Os lábios de Asher se pressionaram em uma linha. “Ainda é difícil acreditar que ele se foi,” ele murmurou.
Jeremias não disse nada. Ele ficou atrás de seu Alfa, deixando o silêncio falar.
Por um momento, Asher se permitiu sentir a perda. Eles tinham sido mais inimigos do que pai e filho, mas sangue é sangue, e a dor ainda encontrou seu caminho nele. Por aquele único suspiro, ele era apenas um filho que tinha perdido o pai.
Então desapareceu.
O olhar de Asher endureceu. “Se livrem da foto”, ele ordenou.
Jeremias se moveu sem hesitação, puxando a moldura da parede enquanto Asher observava com desprezo. Ele não suportava aqueles olhos encarando de volta, o rosto esculpido com linhas de crueldade e decepção, a mesma expressão que atormentou sua infância.
O domínio de seu pai sobre ele era óbvio. Ele seria aquele esculpindo seu próprio caminho a partir de agora.
“Façam uma varredura na sala,” Asher ordenou em seguida. “Verifiquem dispositivos de escuta.”
Era um exagero, talvez paranoia pensar nisso, mas Asher aprendeu a nunca ser descuidado. Descuidar-se era uma fraqueza, e a fraqueza te leva a morrer.
Ele ainda estava falando quando a porta se abriu de repente.
Nancy e Ezra King entraram.
“Cristo, Senhor,” Nancy sussurrou no momento em que seu olhar pousou em Asher. Ela cruzou o cômodo sem hesitação e envolveu os braços em torno dele.
Por um momento, Asher ficou parado. Ele não estava acostumado a ser tocado assim, certamente não com aquele tipo de calor. Mas esta era a mãe de Violeta. Algo dentro dele mudou, e ele deixou as paredes que carregava caírem. Seus braços fecharam-se em torno dela apertados, quase esmagando, como se ela fosse uma tábua de salvação e ele estivesse com medo de soltar.
Nancy se afastou apenas o suficiente para segurar seu rosto, suas mãos tremendo contra sua bochecha. “Graças à deusa você está bem,” ela sussurrou.
Asher deu um pequeno aceno, sem dizer nada.
Os olhos dela buscaram os dele, cuidadosamente. “Violeta?”
“Presumivelmente segura com os outros,” Asher respondeu. Não havia pretensão, nem mentira adoçada. Ele serviu-lhe a verdade exatamente como era.
Nancy engoliu em seco, seu peito subindo com uma respiração trêmula.
“Pode ficar tranquila,” Asher adicionou. “Griffin e Roman não deixarão que ninguém lhe faça mal.”
Nancy assentiu lentamente, aceitando suas palavras de boa fé porque Asher nunca desperdiçava conforto a menos que fosse verdade.
Só então Ezra se moveu, chamando a atenção de Asher. Seus olhares se prenderam, a tensão entre eles imediata.
“Minhas condolências,” ele disse.
“Não há espaço para emoções aqui,” Asher cortou-o, sua voz áspera. “O enterro acontecerá sem falha, mas minha preocupação é a estabilidade desta matilha quando acabar.” Seus olhos se estreitaram. “Quantos Alfas você acha que irão desafiar minha reivindicação ao lugar do meu pai?”
A expressão de Ezra se tornou sombria. “Eu diria que todos eles.”