Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 506
Capítulo 506: A História dos Animais
Roman estava cheio de surpresas.
“Então, você pode controlar animais?” Violeta arqueou uma sobrancelha para ele. “Como eu não sabia? Você não parece investir nessa habilidade em particular.”
Eles estavam sentados na cama, com as costas na parede. Claro, o quarto estava destruído, mas para onde mais poderiam ir? Era apenas um buraco escancarado na parede, não o apocalipse. Do lado de fora, o ar da noite passava pela abertura, trazendo o leve zumbido do templo além. A cama pelo menos ainda estava intacta, e isso era o suficiente.
Além disso, a febre de acasalamento havia se acalmado para uma chama branda, não mais sufocando seus pensamentos. De manhã, ela estaria fora dali. Ela não poderia esperar mais uma hora. Depois daquele ataque de bruxa, Violeta precisava ver o resto de seus homens e garantir que estavam vivos, respirando e, de preferência, não fazendo nada estúpido. Depois, ela descobriria o resto dessa loucura.
Uma coisa estava clara: Angus não fez nenhum movimento até que seus poderes fossem libertados. Isso sozinho a fez hesitar e diminuiu qualquer raiva que ela estivesse guardando contra sua mãe biológica. Se Angus era tão insano assim, ela só podia imaginar o tipo de medo com que sua mãe viveu, provavelmente o tipo que a levou a amarrar a magia da própria filha.
Então sim, Violeta não podia exatamente culpá-la.
Roman disse, “Minha mãe não gostava.”
Ao mencionar o nome de sua mãe, Violeta se mexeu na cama, preparando-se para a reviravolta amarga que essa história estava prestes a tomar. Alexa Draven nunca tinha sido uma presença constante na vida de Roman, e Violeta só podia imaginar o que ela tinha feito para que ele evitasse aprimorar essa habilidade completamente.
Ela se inclinou até que sua cabeça repousasse no ombro dele, seus dedos se entrelaçando. Um gesto silencioso destinado a ancorá-lo e oferecer o apoio que ela sabia que ele provavelmente não pediria. Roman não era Asher e teria aceitado, mesmo se ela não tivesse oferecido.
Roman continuou. “Meus poderes praticamente me tornaram um imã de animais. Eu podia passar por uma loja de animais, e os animais enlouqueciam — mas não de um jeito ruim. Era como se pudessem sentir um espírito afim…” Ele deu uma risada desdenhosa. “Provavelmente um deus. Eu era o maldito deus dos animais.”
Violeta não conseguia dizer se a risada que se seguiu era genuína ou se era o tipo de risada que as pessoas usam para encobrir um machucado que não querem tocar. Foi rápida demais e fina nas bordas. Ela não o chamou a atenção por isso, e ficou quieta, deixando-o segurar o humor se era só isso que ele tinha agora.
“Todos queriam ir embora comigo e não se acalmavam até que eu os tocasse e acalmasse. Infelizmente, isso só funcionava com os enjaulados, então você pode imaginar os animais que estavam livres…”
Embora a história estivesse entrando em território triste, a forma como Roman dizia fazia um pequeno riso escapar dos lábios de Violeta.
Ele sorriu diante da reação dela e continuou, “Eu transformei nossa casa em um maldito zoológico. Não passava uma semana sem que os funcionários da matilha encontrassem um ou dois guaxinins invadindo a cozinha. Uma vez entrei no meu quarto e encontrei um cervo dormindo na minha cama. Nem me fale dos pássaros… Bandos me seguiam como se eu fosse a Branca de Neve, só que mais barulhentos e bem mais irritantes. Abri a porta do banheiro uma vez, e tinha uma raposa sentada na minha banheira como se pagasse aluguel.”
Ele balançou a cabeça com a lembrança. “E então houve o dia em que um leão decidiu ‘aparecer’. A matilha teve que evacuar a casa do bando completamente. Os deltas estavam em pânico porque lá estava eu, sentado na varanda dando carne crua pro leão como se fôssemos velhos amigos.”
Violeta tentou — ela realmente tentou — manter uma cara séria, mas a imagem mental de todos aqueles encontros era demais. Antes que percebesse, seus ombros chacoalharam e, finalmente, ela explodiu em uma gargalhada, inclinando-se para ele enquanto o som irrompia, sem reservas e caloroso.
“Isso é loucura,” Violeta disse, enxugando as lágrimas dos olhos, ainda recuperando o fôlego de tanto rir.
“Oh, houve coisas piores,” Roman respondeu, saboreando a lembrança até que sua expressão subitamente azedou. “E então aconteceu.”
O sorriso de Violeta desapareceu instantaneamente, sua postura se endireitando. Ela podia sentir que a história estava prestes a mudar, e o que quer que viesse a seguir havia acabado com a risada para sempre.
Roman coçou o couro cabeludo. “Acho que eu tinha cerca de dez anos na época. Minha mãe estava cansada de meus ‘truques’ e decidiu que era melhor me dar um espaço próprio onde eu pudesse entreter meus ‘amigos’. Então, eles me moveram para um alojamento menor na propriedade, longe o suficiente para sua tranquilidade, mas perto o bastante para me observarem. Eu tinha todo o espaço que queria.”
Um leve sorriso puxou seus lábios. “E… Eu também estava apaixonado por uma garota da minha matilha. Fui me confessar e impressioná-la com um grande gesto.”
As sobrancelhas de Violeta se ergueram, divertimento brilhando em seus olhos. Alguém estava apaixonado.
Roman manteve uma expressão séria enquanto continuava. “Soa loucura, mas eu era uma criança, o que esperava? Eu planejei esse concerto onde os pássaros cantariam uma orquestra de cair o queixo, e os animais menores fariam uma pequena dança. Do jeito que eu tinha tudo na minha cabeça, ia ser de outro mundo.
“Então, decidi convidar minha mãe para testemunhar o evento em primeira mão. Exceto que, quando entrei no quarto dela, vi algo que mudaria minha vida para sempre.”
A expressão de Violeta mudou, já sentindo para onde isso estava indo.
“Minha mãe estava na cama com outro homem,” Roman disse em um tom vazio.
Era uma confissão difícil, óbvia na maneira como ele lambeu os lábios e engoliu em seco. “Eu não sabia a natureza do relacionamento dos meus pais na época, então você pode imaginar o que passou pela minha cabeça quando vi outro homem nu ao lado da minha mãe. Um homem que não era meu pai.”
Ele fez uma pausa. “Traição.”
A palavra pairou entre eles.
“Eu perdi a cabeça,” Roman admitiu, sua voz se apertando. “E soltei meus animais sobre eles.”