Desafie o(s) Alfa(s) - Capítulo 47
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- Capítulo 47 - 47 Mateus 77 47 Mateus 77 Violeta estava em frente ao espelho
47: Mateus 7:7 47: Mateus 7:7 Violeta estava em frente ao espelho do banheiro, olhando fixamente para seu reflexo. A torneira continuava aberta, com a água fria derramando sobre suas mãos, mas ela mal percebia. Sua mente estava a milhões de quilômetros de distância, ainda presa no turbilhão do que havia acabado de acontecer naquela sala de aula.
Ela havia escapado, praticamente ilesa. Seu couro cabeludo ainda formigava onde Griffin a havia segurado pelo cabelo, mas não era a dor persistente que a perturbava. Era a vulnerabilidade emocional que havia demonstrado.
Seus olhos dourados pareciam olhar de volta para ela acusadoramente. “Você chorou,” eles pareciam dizer.
Violeta não podia acreditar que tinha deixado isso acontecer. Chorar na frente de Griffin Hale? O brutamontes da Casa Leste? Seria quase cômico se não fizesse seu estômago se retorcer de desconforto.
E, no entanto, a reação de Griffin fora… inesperada. Após seu colapso emocional, tudo o que ele fizera foi se desculpar. A sinceridade em sua voz ainda ecoava de maneira sutil em sua mente.
“Você está certa,” ele tinha dito, arrependido. “Fui um covarde por confrontar você quando Asher deveria ser o único que eu deveria interrogar. Mas não se preocupe, eu certamente tirarei a verdade da boca dele de um jeito ou de outro.”
E então, como algum santo cavaleiro entregando uma grande promessa, ele adicionou com determinação inabalável, “Caso você alguma vez precise da minha ajuda, ou precise se mudar para outra casa, não hesite em vir até mim. Eu lutarei por você e ficarei feliz em recebê-la na Casa Leste.”
A memória de suas palavras fez Violeta dar um riso abafado, com a água ainda correndo sobre suas mãos. Santo cavaleiro? Você só pode estar brincando.
Griffin pode ter desempenhado o papel de protetor naquele momento, mas ela não estava prestes a começar a vê-lo como seu salvador. Porém, ela não podia negar que seu semblante havia mudado drasticamente, quase perturbadoramente.
Mas o que a incomodava mais do que a reviravolta súbita de Griffin fora o olhar que Alaric Storm lhe lançara antes de partirem. Aquele olhar frio e desconfiado.
Violeta estremeceu, sentindo um arrepio na espinha ao se lembrar de como os olhos penetrantes do Príncipe Relâmpago haviam demorado nela, como se dissecassem sua própria existência. Era cristalino que Alaric não gostava nem confiava nela. Nem um pouco.
Bem, ele está certo em não confiar.
Violeta fechou a torneira abruptamente, segurando as bordas da pia enquanto respirava fundo. Seu reflexo a encarava de volta, mostrando os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.
Violeta mordeu o lábio, detestando a si mesma por não ter maquiagem para esconder as evidências. Não havia como ela entrar na próxima aula daquela maneira. A última coisa que precisava era que alguém pensasse que ela era uma chorona. Ela não era fraca.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de uma porta de cabine se abrindo. Violeta ergueu a cabeça quando uma garota saiu com um ar de confiança que praticamente irradiava dela. Do balanço elegante de seus quadris ao doce, quase intoxicante cheiro de seu perfume, Violeta a identificou instantaneamente como uma das azul-sangues, a elite endinheirada que dominava a Academia Lunaris.
E se havia um grupo que Violeta evitava como a peste, era o dos ricos e privilegiados.
A garota caminhou até o espelho ao lado dela, colocando uma pequena bolsa de designer no balcão com uma graça experiente. Ela a abriu, revelando um arsenal de acessórios de maquiagem que brilhavam como tesouro sob as luzes fluorescentes.
Violeta não pôde evitar de encarar enquanto a garota tirava um elegante tubo de batom vermelho e o aplicava com habilidade, a cor vibrante acentuando seus lábios cheios. Ela os pressionou com um sorriso satisfeito, exalando o tipo de confiança que deixava claro que ela sabia que estava bonita.
Ela nem estava vestindo seu casaco e
sua camisa estava desabotoada o suficiente para exibir um sutiã de renda vermelha e a curva sutil de seu decote. Era uma ação deliberada, Violeta notou. A garota pretendia chamar atenção e conseguia. Mas Violeta não tinha tempo para julgar. Seu olhar estava fixo na bolsa de maquiagem como se nela houvesse a solução para todos seus problemas.
Ela engoliu em seco, debatendo internamente se deveria perguntar. Azul-sangues eram previsíveis. A garota provavelmente a desprezaria, lançaria um olhar condescendente ou a ignoraria completamente. Mas a alternativa era entrar na aula parecendo um desastre. Violeta se arrepiou só de pensar.
Seus dedos coçavam com a terrível vontade de agarrar a bolsa e sair correndo, mas ela logo descartou a ideia. Esta não era sua velha escola. Ela não era uma ladra e ser marcada como tal seria um pesadelo vivo. Com os dentes cerrados, Violeta decidiu se arriscar e pedir ajuda.
Antes que ela pudesse dizer uma palavra, a garota se virou para ela com um floreio dramático e disse, “Tudo o que você precisa fazer é pedir…” Sua voz era suave, provocadora, como se estivesse esperando Violeta falar o tempo todo. Ela sorriu. “E você receberá.”
Violeta piscou, momentaneamente surpresa pela resposta inesperada da garota. Agora ela a observava de perto, notando seus belos cabelos loiros sujos em ondas soltas, maçãs do rosto afiadas e belos olhos avelã. Havia algo familiar nela, mas Violeta não conseguia identificar onde a havia visto antes.
“Eu não achei que você me ajudaria,” Violeta finalmente admitiu, com um tom de voz cauteloso.
A garota ergueu uma sobrancelha perfeitamente arqueada, seus lábios se curvando em um sorriso. “E por que eu não te ajudaria? Você é uma de nós.”
E assim como isso, as suspeitas de Violeta foram confirmadas. Ela era uma estudante de elite. E, aparentemente, ela — Violeta — havia se tornado uma delas. Exceto pelo título, ela ainda estava quebrada.
Já que a garota parecia estar generosa, Violeta decidiu não desperdiçar sua sorte.
“Certo. Me ajude com sua maquiagem, por favor,” ela pediu, fazendo o melhor para manter seu tom educado.
“Claro,” disse a garota com um encolher de ombros casual, apenas para adicionar, “Mas com uma condição, Violeta Roxa.”
Violeta congelou, dando um passo instintivo para trás. Sua cautela não era apenas porque a garota sabia seu nome — quase todo mundo nesta escola parecia saber sobre ela — mas porque ela havia aprendido da maneira mais difícil que fazer acordos com os estudantes da Academia Lunaris era uma sentença de morte. Nada de bom jamais saía disso.
A garota pareceu captar sua reação e desatou a rir, seus olhos brilhando de diversão. “Nossa, sua expressão é impagável! Não se preocupe, relaxe, mana. Eu não vou exigir seu primogênito ou algo assim.”
Mas o gracejo leve não aliviou os nervos de Violeta nem um pouco.
“Então o que você quer?” Violeta perguntou cautelosa, seus músculos tensos como se prontos para fugir a qualquer momento.
A garota sorriu maliciosamente, inclinando-se um pouco mais perto ao falar. “Eu vou ter um chá com as garotas amanhã, e eu espero que você compareça.”