Capítulo 390: Criaturas do Mito

“Acabei de falar com a Irene,” Alaric relatou ao retornar para Asher. “Ela está contatando seu pessoal e aumentando a conscientização.”

“Não temos tempo para isso,” Asher respondeu, uma profunda carranca marcada em seu rosto. “Irene está longe o suficiente como está. Violeta não tem tanto tempo assim. Talvez seja um pequeno conforto que eles levaram Griffin junto, mas não sabemos a situação atual, e Griffin não pode se defender de todos, a menos que—”

“A menos que o quê?” Alaric perguntou, estudando seu rosto.

Asher inclinou a cabeça, insinuando a resposta sem dizê-la. Mas Alaric entendeu.

“A Besta,” ele sussurrou.

“Com a Besta, eles têm uma chance melhor de sobreviver,” Asher disse, sua mandíbula tensa. “Mas a Besta é imprevisível. E por mais que eu confie a vida de Violeta a Griffin, o mesmo não pode ser dito com a Besta. Eu mato ele com minhas próprias mãos se ele tocar nela.”

“A Besta e Griffin podem ser seres diferentes,” Adele acrescentou, “mas eles compartilham a mesma psicologia. Em algum lugar ali, Griffin pode conseguir alcançá-lo e impedi-lo de machucá-la.”

“Vamos torcer para que sim,” Asher disse com firmeza, claramente decidido.

“Algum progresso?” Alaric perguntou, voltando-se para Roman, que estava em sua forma de lobo, girando em círculos agitados na encruzilhada a algumas milhas da propriedade de Asher.

Com sua profunda conexão com seu lado animal, Roman era o melhor rastreador entre todos eles. Mas agora, algo estava errado. Seu focinho se contorcia erraticamente, confuso e frustrado.

“Não gosto do que estou vendo,” Asher murmurou, justo quando Roman se transformou de volta em sua forma humana.

“Eles fizeram algo para despistar o cheiro,” Roman disse, sua voz tensa de frustração. “Não consigo rastrear nada além deste perímetro.”

“Não me surpreenderia. Eles conseguiram sequestrar um alfa cardinal, mascarar o cheiro não seria exagero.”

Roman soltou um gemido estrangulado. Essa era sua forma de ajudar Violeta, e agora, ele era inútil.

Ele saiu da estrada, dirigindo-se para a árvore mais próxima, e começou a socá-la, lançando toda sua raiva em cada golpe.

“Ótimo,” Asher ironizou. “A equipe está oficialmente perdendo a cabeça.”

Alaric rapidamente foi atrás dele. “Ei! Pare com isso!”

“Não, me deixe! Eu sou praticamente inútil!”

Alaric o segurou. “Quem disse que você é inútil?”

“Eu não posso rastreá-la!” Roman gritou. “E isso é a única coisa que posso fazer por ela! Não sou tão inteligente quanto você ou Asher. Não sou tão forte quanto Griffin. Tudo que faço bem é contar piadas estúpidas e bregas que não ajudam ninguém!” Ele socou a árvore novamente.

Alaric não hesitou, puxou-o para um abraço e segurou o Alfa do Sul firme, recusando-se a soltar. Roman não resistiu. Ele apenas se encostou nele, exausto.

“Você não é inútil, Roman,” Alaric disse, passando uma mão por seu cabelo em um gesto calmante. “Fomos pegos de surpresa, só isso. E suas piadas? Não são estúpidas. São… meio engraçadas. Na maioria das vezes.”

Roman levantou a cabeça. “Então você gosta delas?”

Alaric viu imediatamente a armadilha. Era isso. O preço do apoio moral agora era o sofrimento eterno através das piadas terríveis de Roman. Mas ainda assim, ele assentiu. “Sim, elas são engraçadas, Roman.”

Aconteceu muito rápido. Roman o beijou nos lábios.

“Isso selou, irmão! Agora estamos unidos! Não apenas pelo nosso laço com Violeta, mas por DNA!” ele declarou.

“Seu bastardo desgraçado!” Alaric gritou horrorizado, avançando em direção a Roman, que saiu correndo com um sorriso, sabendo exatamente o que tinha feito.

“Um lembrete gentil aqui,” Adele chamou secamente, “ainda não conseguimos rastrear sua namorada, Violeta!”

“Neste ponto, só contratem uma bruxa para fazer um feitiço de localização!” Roman gritou entre risadas, ainda escapando da fúria de Alaric.

“Droga! Ele está certo!” Asher girou, os olhos se iluminando. “Uma bruxa a encontraria mais rápido. Roman, você é um gênio.”

Roman derrapou para parar bem a tempo de Asher alcançá-lo, agarrá-lo, e dar um beijo rápido em sua bochecha.

Roman congelou, completamente pego de surpresa. O que diabos acabou de acontecer?

Asher acabou de…?

Todos eram irmãos agora, unidos por DNA!

Mesmo Alaric parou no meio da perseguição, atordoado com o que acabara de testemunhar. O que diabos estava acontecendo.

Asher mal tinha desbloqueado o telefone quando ouviu o distante ronco de um motor.

Roman apertou os olhos. “Espera um segundo, não é a Lila?”

Todos olharam para a mancha que se aproximava e, com certeza, era ela com um capacete rosa-choque e botas pretas.

A testa de Asher franziu. “Como diabos ela nos encontrou? Alguém de vocês contou a ela o que está acontecendo?”

Roman e Alaric balançaram a cabeça, obviamente confusos.

“Espera, espera aí.” Alaric inclinou-se para frente, olhos se estreitando. “É isso… é uma espada amarrada nas costas dela?”

Roman arregalou os olhos. “Que diabos ela está fazendo com uma espada? Está fantasiando o apocalipse?!”

Mas Lila não estava diminuindo a velocidade. Na verdade, ela estava acelerando em direção a eles.

“Algo está errado,” Asher murmurou, seus instintos entrando em ação ao perceber a expressão assassina no rosto dela.

“Saiam da estrada! Agora!” Ele gritou.

Roman e Alaric se jogaram para o lado a tempo enquanto Lila passava rugindo, sua lâmina assobiando pelo ar, quase os atingindo.

Lila deixou a moto rolar em uma vala atrás dela enquanto ela saltava, aterrissando com uma graça que só anos de treinamento poderiam alcançar. Sua espada pairava sem esforço ao lado dela.

“Lila, que diabos?!” Roman gritou.

Lila virou-se para ele, olhos endurecidos sem traço da garota animada que ele conhecia. “Você não tem permissão para dizer meu nome,” ela sibilou.

E então sua espada se acendeu com uma chama que era antinatural tanto na cor quanto no calor.

Roman ficou congelado, mandíbula frouxa. “Caramba! Como ela fez isso?! Alguém pode me dizer o que diabos está acontecendo aqui? Nós estamos encenando um roteiro de filme ou algo assim? Porque, sinceramente, estou começando a achar que tudo isso tem sido uma grande pegadinha comigo!”

Roman teve que se calar quando Lila avançou sobre ele, lâmina erguida, mal reagindo ao ataque.

Um estalo de eletricidade passou pelo ar enquanto Alaric se movia mais rápido do que jamais havia se movido em uma luta que não era para sangue. Uma corda de relâmpago serpenteou de seus dedos, envolvendo-se em torno da espada de Lila e arrancando-a de sua mão.

“O que diabos há de errado com você? O que você pensa que está fazendo agora?!” Alaric exigiu, chocado e sem fôlego.

Mas a resposta de Lila foi outro golpe. Ela girou, dando um chute que acertou Alaric na lateral, mas ele bloqueou o segundo com um empurrão duro que a fez cambalear para trás.

“Por que você está nos atacando, Lila?!” ele gritou novamente.

Os olhos dela estavam selvagens enquanto ela dizia. “Eu deveria estar perguntando isso a você. O que diabos vocês fizeram com Violeta?!”

“O quê?! Do que você está falando?!” Alaric desviou de outro golpe.

Mas era tarde demais, a fúria de Lila estava descontrolada. Ela levantou uma mão e uma rajada de vento atingiu Alaric, lançando-o para trás.

Roman tropeçou para verificar como ele estava, completamente atordoado. “Não. Pode. Ser. Como ela fez isso?!” Ele perguntou a Asher desta vez. “Ela é uma bruxa?”

Mas a resposta já estava se desenrolando na frente deles. Não havia necessidade de esconder mais. Não quando ela planejava matá-los todos.

O glamour derreteu e como um véu sendo puxado de uma pintura, a ilusão se desfez.

Todos eles observaram enquanto os ossos do rosto de Lila se afiavam, suas orelhas se alongando até pontos elegantes e seus olhos brilhando como pedra da lua polida. Ela era deslumbrantemente bela.

“Impossível,” Adele sussurrou, avançando incrédula.

“Deusa me beije.” Roman comentou.

Alaric, agora se levantando, piscou para ela enquanto a realização surgia. “Ela é Fae?”

A voz de Asher sussurrou incrédula. “Criaturas do Mito.”

Lila ergueu a mão novamente, e a espada em chamas voltou para a palma dela como se tivesse mente própria.

Então ela declarou com uma voz sombria. “Todos vocês vão morrer em minhas mãos hoje pelo que fizeram a Violeta.”