Capítulo 386: Alguém a Deseja
Um gemido baixo escapou da garganta de Violeta enquanto a consciência voltava lentamente. Sua cabeça latejava como tambores de guerra, e seu corpo inteiro doía como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Exceto que, se fosse esse o caso, ela não estaria viva. Neste momento, ela ainda estava respirando.
A primeira coisa que ela viu quando seus olhos piscaram abertos foi um rosto familiar. Griffin Hale estava pairando acima dela com olhos castanhos calorosos e um grande sorriso triste.
“Olá, linda,” ele disse suavemente.
Por um breve segundo, Violeta sorriu de volta, confortada pelo calor familiar em seu olhar, até que a noite passada invadiu sua mente como um furacão.
Ela se levantou de repente, ofegando, mas seus músculos cederam sob ela, e ela afundou no chão, com as palmas das mãos batendo para amortecer a queda.
“O que diabos…?” Violeta murmurou, com o coração disparado. Então ela olhou para baixo, e congelou.
Grilhões grossos e enferrujados prendiam seus tornozelos, a mordida fria do metal cravando-se em sua pele.
“Estava prestes a chegar nisso…” Griffin disse ironicamente. A provocação estava ali, mas seu sorriso não chegava aos olhos.
Violeta examinou a sala, só agora percebendo que não estavam sozinhos. Eles estavam em algum tipo de prisão.
As paredes eram feitas de concreto podre, cheio de rachaduras e manchas escuras que ela não queria nomear. O ar cheirava a mofo, sangue seco, suor e o fedor de dejetos humanos. Deus, ela queria vomitar.
A única fonte de luz vinha de uma janela suja e estreita no alto da parede que mal deixava entrar um fio de luz do dia. As jovens com eles estavam silenciosas e de olhos arregalados. Algumas estavam encolhidas juntas, enquanto outras se sentavam separadas, todas elas magras com o medo gravado em seus rostos.
Violeta sentiu um frio rastejar por sua espinha. Seu estômago revirou violentamente e ela teve que engolir o bile subindo em sua garganta.
“Que lugar é este?” ela perguntou em um sussurro, o pavor pesado em sua voz.
Griffin exalou, olhando ao redor. “Provavelmente é uma cela de detenção,” ele disse. “Desgarrados não pertencem a matilhas. É isso que os diferencia de nós. Eles não têm alianças, nem ordem e nem regras.”
Ele fez uma pausa antes de continuar. “E porque são párias, a maioria nunca tem parceiros.”
Os olhos de Violeta se moveram para as garotas novamente quando uma compreensão doentia a atingiu como um tapa.
“Droga. Eles roubaram essas garotas de suas casas,” ela completou por ele com uma voz vazia.
Griffin assentiu uma vez.
“Provavelmente foram tiradas das cidades e matilhas que eles atacaram. Os desgarrados são conhecidos por deixar destruição atrás deles.”
Violeta mal conseguia respirar agora.
Griffin deve ter percebido, porque ele se inclinou mais perto, trazendo suas mãos algemadas para gentilmente escovar o inchaço no lado do rosto dela com os nós dos dedos. Seu toque era leve como uma pena, mas mesmo isso a fez estremecer.
“Ei,” ele murmurou, acalmando-a suavemente. “Sinto muito. Aquele desgraçado não se conteve. Mas eu vou matá-lo. Eu prometo, no segundo em que sairmos daqui, ele estará morto.”
Violeta tentou se concentrar em suas palavras, buscando força nelas, mas seus olhos caíram nas algemas brilhantes em seus pulsos.
“É por isso que você não pode se transformar?” ela perguntou.
Griffin deu um aceno de cabeça. “Eles os chamam de supressores. Cortesia da Storm Enterprises.”
Violeta fez uma careta.
“Foram projetados para conter criminosos lobisomens. Mantém o lobo enterrado, cortando nossa força, velocidade e sentidos. Agora, sou tão útil quanto um humano trancado em uma jaula de zoológico.”
Ele levantou as algemas brilhantes levemente, e Violeta pôde ver o leve zumbido de poder vibrando sob a superfície. Era tanto fascinante quanto assustador.
“Como os desgarrados conseguiram deitar as mãos nisso?”
“Não sei. Provavelmente do mercado negro, ou de alguma forma. É ilegal carregá-las por aí a menos que autorizado. De qualquer forma, os desgarrados têm um uso melhor para elas agora.”
Violeta olhou para o metal frio das algemas em torno de seus tornozelos, e seu sangue gelou. Eles não podiam ficar ali como alvos fáceis, esperando o inevitável.
“Precisamos fazer algo, Griffin. Não podemos simplesmente sentar aqui e esperar que eles—” Sua voz prendeu na garganta. Ela não conseguia se forçar a dizer, então engoliu em seco.
Ela não sabia o que os desgarrados planejavam fazer com Griffin, mas para ela, o futuro estava claro. O mesmo destino sombrio que pairava sobre cada mulher nessa cela. Seu estômago revirou.
Violeta se virou para olhar ao redor. Ela não precisava de palavras para saber que todos estavam pensando a mesma coisa. O medo gravado em seus olhares cansados e ocos confirmou isso. Nenhum deles queria ser o próximo.
“Não seja precipitada, Violeta,” Griffin a advertiu. “Estamos em território dos párias. É um terreno desconhecido. Você não quer piorar as coisas.”
Seus punhos se cerraram. “Então o que fazemos? Esperamos que eles venham me levar?”
“Ninguém vai te levar.” A voz de Griffin era um rosnado baixo, seus olhos brilharam brevemente com luz de lobo, então se apagaram novamente enquanto as algemas drenavam sua força. Mais suave agora, ele disse, “Nós esperamos Asher e os outros. Eles virão.”
“E se eles não chegarem a tempo?” Violeta rebateu. “Os desgarrados não são burros. Eles sabem que estamos contando com o resgate.”
Antes que Griffin pudesse responder, a porta de ferro rangeu ao se abrir.
A conversa deles parou instantaneamente e ambos se voltaram para o som.
“Bem, bem,” uma voz disse com deleite zombador. “Não é nosso casalzinho favorito?”
O pária entrou, exibindo-se confiante. Conforme se aproximava, Violeta pôde discernir suas feições e seu estômago afundou.
Era ele. O desgraçado que a agarrara na noite passada. O que a deixara inconsciente.
Ele estalou a língua ao ver o ferimento dela. “Oof. Isso parece ruim. Minha culpa. Às vezes exagero um pouco.”
Sem pensar, Violeta se lançou contra ele, a raiva a impulsionando.
Mas a dor explodiu em seu estômago quando ele desferiu um golpe brutal em seu abdômen. Ela desabou, o ar sendo arrancado de seus pulmões em um sibilo.
“Violeta!” Griffin rugiu, avançando. Mas o pária girou-se em sua direção, em aviso.
“Mova-se de novo,” ele zombou, “e a punição dela dobra.”
Griffin congelou. A fúria selvagem em seus olhos não vacilou, mas ele se conteve. O Pária falava sério e ele não queria piorar as coisas para Violeta.
Sua voz tremia com raiva contida. “Eu juro, vou acabar com você com minhas próprias mãos.”
O pária apenas riu, indiferente. Então ele se agachou em frente à forma encurvada de Violeta e agarrou seu rosto rudemente, forçando-a a encontrar seus olhos.
Ele inclinou a cabeça dela de um lado para o outro, estudando-a. “Não entendo,” ele murmurou. “Por que alguém pagaria tanto por você?”
Violeta piscou através da névoa de dor. “O que…?”