Capítulo 380: Mate o Rei Alfa

“O que você acha que está fazendo?” Elijah sussurrou para sua esposa, que se acomodou confortavelmente em seu colo.

“Não é óbvio?” ela respondeu friamente e então voltou sua atenção para os outros do outro lado da mesa.

Estava claro que o poder havia mudado de mãos, e todos sabiam como agir de acordo. Beatrice não era Elijah, e agora, ela parecia muito mais aterrorizante do que ele.

Com o braço apoiado na mesa, Luna Beatrice inclinou-se para frente e declarou: “Vocês podem discutir sobre opções e jogadas de poder o quanto quiserem, mas deixei minha posição clara. Elsie está fora. Eu nunca a aceitarei como a próxima Luna.”

Murmúrios percorreram a sala, especialmente do lado de Henry e Zara. Se alguém parecia mais satisfeito com a notícia, era Irene. Quem teria pensado que Beatrice tinha esse tipo de fogo? A mulher tinha sido silenciosa por tempo demais.

“Com todo o respeito, Luna Beatrice,” Henry disse, “o Rei Alfa Elijah presenteou Elsie ao Alfa Cardinal que emergir como herdeiro após a formatura. Você não pode simplesmente mudar isso.”

“Bem, você ouviu minha esposa,” Elijah interveio, sua voz tingida tanto de diversão quanto de perigo. “Parece que precisaremos de uma nova lista de noivas.”

Mas Beatrice disse firmemente, “Não haverá lista de noivas.”

“O quê?” Elijah piscou, a descrença se espalhando por seu rosto.

Os murmúrios na sala ficaram mais altos. Beatrice podia ser Luna, mas ela era humana e desafiar a autoridade de Elijah era algo inédito.

Beatrice virou-se para ele, olhos de aço. “Não haverá presente de uma noiva. O maior presente que você poderia dar ao seu herdeiro é a liberdade de escolher.”

Por um momento, Elijah não falou. Ele encarou sua esposa, sua expressão impossível de decifrar e tempestuosa. Para os outros, parecia um duelo de olhares. Nenhum deles viu como suas mãos se moveram, e garras brotaram e se cravaram em sua cintura, fazendo o sangue escorrer por baixo de seu vestido. Mas Beatrice não recuou. Ela suportou a dor em silêncio, mantendo sua posição com uma calma régia.

“Eu concordo com Luna Beatrice,” Irene disse de repente.

O som de sua voz tirou Elijah da sede de sangue que havia começado a turvar seu julgamento. Suas garras retraíram, o sangue em seus dedos desaparecendo assim como Beatrice soltou um suspiro que não percebera estar segurando.

“Eu também,” Zara acrescentou, para surpresa de todos.

Com Elsie fora de cena, ela finalmente poderia colocar uma respeitável garota do Norte para seu filho e se livrar daquela ameaça de cabelo roxo.

“Deixe os garotos fazerem o que quiserem,” Leon Draven deu de ombros. “Quero dizer, é livre para amar.”

Agora todos os olhos se voltaram para Henry.

Ele hesitou. E então, com relutância apertada, disse: “O que você quiser, Rei Alfa. Eu seguirei sua liderança.”

Assim que as palavras saíram de sua boca, a atenção voltou para Elijah. Beatrice manteve-se de costas para ele, sem nunca se virar para ver a expressão no rosto de seu marido. Até mesmo Irene, feroz como era, teve que admitir que estava impressionada. Beatrice era mais ousada do que qualquer um deles jamais havia dado crédito.

Após um silêncio carregado de tensão que se estendeu de forma insuportável, o Rei Alfa Elijah finalmente disse, com um sorriso que não tocava seus olhos, “Quem sou eu para ir contra a decisão de minha esposa? Mulher sabe o que é melhor, certo? Os herdeiros estão livres para namorar quem quiserem.”

Irene não demonstrou, mas estava aliviada. Os garotos iam adorar isso. Ainda assim, sob aquele triunfo havia algo inquietante.

Elijah nunca tomava decisões que favoreciam os Alfas Cardeais. Agora, isso parecia fácil demais.

Parecia a calmaria antes da tempestade.

Esperançosamente, em sua busca para acertar as coisas, ela não havia caído na armadilha de Elijah e piorado as coisas para os garotos.

“Agora que esse aspecto da conversa está encerrado, vamos passar para o próximo segmento desta reunião,” Luna Beatrice anunciou, parecendo completamente como a líder, mesmo com o Rei Alfa por perto.

Elijah, mencionado, parecia relaxado, como se tivesse desistido e deixado que sua esposa fizesse o que quisesse.

“Logo antes de entrar nesta sala, tive uma conversa muito detalhada com o Presidente Roy.”

Ao mencionar o Presidente Roy, Elijah, que parecia desinteressado, imediatamente ficou tenso. Ele se virou abruptamente para encarar sua esposa. “Você teve uma conversa com o Presidente Roy pelas minhas costas?”

“Claro que não, querido!” Beatrice soltou uma risada casual forçada. “Se eu tivesse feito isso pelas suas costas, você não estaria ouvindo sobre isso agora, estaria?”

Ela ignorou a carranca cada vez mais profunda no rosto de Elijah, e o modo como ele a encarava como se realmente a visse pela primeira vez.

Ela continuou, “A Diretora Jameson nos deu uma solução eficaz para acabar com as crises em curso na Academia Lunaris. Uma solução que acredito que meu marido ainda não compartilhou conosco. Não é mesmo, meu rei?”

Todos os olhos se voltaram para Elijah, e para um homem que sempre foi o centro do poder em qualquer sala, Elijah, pela primeira vez, parecia pego de surpresa.

“Vamos, querido,” Beatrice instigou com o mesmo sarcasmo revestido de mel. “Conte a eles tudo sobre a solução de Jameson.”

“Sobre isso…” Elijah murmurou, então agarrou sua esposa e a puxou para mais perto, firmando-a contra seu quadril.

Luna Beatrice enrijeceu, percebendo sua intenção instantaneamente.

“Jameson acha que a solução para o caos crescente é construir uma quinta casa para os humanos,” Elijah anunciou suavemente, sua mão agora guiando sutilmente seus quadris em um movimento lento e sugestivo contra ele.

“Isso é ridículo!” Henry bateu a palma na mesa, fúria em sua voz. “Você não pode permitir isso, Sua Majestade!”

“Sim, eu não posso permitir isso,” Elijah ecoou com um sorriso frio. “Mas é isso que minha esposa gosta, não é? Conte a eles, amor.”

Seu tom estava impregnado de uma doçura cruel.

Todos perceberam a mudança na postura de Beatrice, a tensão silenciosa em seus ombros. Eles podiam sentir que algo estava acontecendo debaixo da mesa, algo que eles não deveriam ver. Mas viram mesmo assim.

Irene especialmente reconheceu que era um castigo. Este era o jeito de Elijah humilhá-la. Clássico movimento de idiota.

Embora todos soubessem o que estava acontecendo, nenhum deles disse uma palavra. Fingiram estar cegos.

Mas a voz de Beatrice não vacilou. “A notícia de uma quinta casa criada exclusivamente para os humanos acalmaria a raiva que atualmente queima por suas comunidades. Eles finalmente se sentiriam ouvidos.”

“As quatro casas representam nossa autoridade. Trazer uma quinta é diminuir nosso poder e tradição,” Zara contrapôs.

A raiva explodiu no tom de Beatrice agora. “Você diminuiu sua tradição no momento em que trouxe humanos para a academia e criou um sistema falho ao redor deles. Você não pode convidar os humanos, forçá-los na dinâmica de matilha, colocá-los no fundo, e depois agir surpreso quando eles se revoltam por mudanças. Quando você sobe ao poder pisando nas costas dos outros, eventualmente seu equilíbrio vai —.”

Ela não terminou sua frase porque Elijah gemeu alto.

“Sim, isso é tão bom, minha rainha,” ele murmurou, voz grossa e provocadora.

As mãos de Beatrice se fecharam em punhos em seu colo. Ela iria matar este homem um dia.