Capítulo 369: Devo a Ele uma Dança
Por um momento, Asher não falou. Ele apenas a observou perder-se no medo, sua respiração rápida e superficial, e sua voz apertada com uma culpa que ela não merecia. Violeta raramente era do tipo que baixava a guarda, mas agora, ela estava caindo bem na frente dele.
Antes que ele pudesse dizer uma palavra, ela já estava escondendo isso com um sorriso que não alcançava seus olhos. “Ok, talvez eu esteja pensando demais e isso seja estúpido,” Violeta limpou a garganta de maneira constrangida. Esse era Asher, afinal, e ele não estava acostumado a lidar com todo esse grande emocionalismo.
Para sua surpresa, Asher disse, “Não é estúpido.”
“O quê?”
“Olhe para mim.”
Violeta não quis. Ela se sentiu tão vulnerável agora e não queria que Asher a visse assim. Fraca e emocional.
“Olhe para mim, querida.” Ele virou seu rosto gentilmente.
Violeta finalmente olhou para ele, e ele a encarou de volta. Ele viu não apenas seus lindos olhos dourados, mas a garota que havia virado sua vida de cabeça para baixo desde o momento em que viu seu rosto no papel.
Sem hesitação, Asher a puxou para seu colo como se ela não pesasse nada e a aninhou contra seu peito. Então ele enfiou os dedos em seus cabelos, acalmando-a, e os olhos de Violeta se fecharam em apreciação.
Então Asher inclinou seu queixo até que seus olhos se encontrassem. “Você não bagunçou nada. A Academia Lunaris já estava quebrada antes de você chegar aqui, Violeta. Você não causou o incêndio, apenas parou de fingir que a fumaça não estava sufocando todo mundo. Eu nem sabia o que estava fazendo errado até você chamar meu blefe. Nosso blefe,” ele enfatizou não apenas o dele, mas o dos outros Alfas Cardeais. “Graças a você, pessoas como nós, e Elsie, que eram intocáveis antes? Agora somos responsáveis.”
Violeta piscou surpresa, com os lábios entreabertos, mas ele continuou.
“Você não é a vilã. Você, Violet Purple, não recebeu um manual sobre como consertar séculos de podridão. Você está fazendo algo que ninguém mais teve a coragem de fazer—enfrentar isso. Sim, talvez não seja perfeito. Talvez você tenha sido impulsiva em algumas áreas. Mas adivinhe? Ninguém muda um sistema pedindo educadamente.”
Seu polegar acariciou o canto de sua boca, suavizando a intensidade.
“Você precisa confiar mais em si mesma, Violeta. Seus valores, seus instintos, e essa paixão que arde tão intensamente dentro de você. A Academia Lunaris não precisa de uma reformista perfeita. Precisa daquela garota crua e imperfeita com fogo no peito e uma necessidade desesperada de melhorar as coisas.”
“Além do mais,” Asher disse, sua voz agora mais baixa, mais sombria, “os alunos bolsistas com os quais você se preocupa? Nada vai acontecer com eles. Não porque estão protegidos. Mas porque são úteis. Eu já te disse antes, isso é tudo política. Lunaris é um poço de toxicidade elitista envolto em tradição e escondido atrás da máscara do recrutamento.”
“O presidente. Os governadores. O Rei Alfa. O Conselho. Cada um deles se beneficia mantendo Lunaris de pé. Não é uma academia, é uma máquina. E o Recrutamento é apenas o brilho que eles espalham sobre a podridão. Fazem parecer generosos para o público enquanto cobrem seus rastros e se alimentam de linhagens.”
“Estive em Lunaris por mais tempo que você, Violeta, e confie em mim quando digo que essa escola não vai cair tão cedo. Eles vão jogar algumas palavras reconfortantes para a imprensa, fazer parecer que a mudança está chegando. Elsie provavelmente vai fazer uma turnê de desculpas com lágrimas nos olhos e envolver tudo em um arco de redenção. Com a manipulação de relações públicas certa, eles vão enterrar esse escândalo com outro, trocar Diretora Jameson por um rosto novo, e pronto! Um mês depois, tudo volta ao normal, e os monstros continuam devorando. Apenas mais silenciosos desta vez.”
Ele deu um sorriso seco. “Viola.”
Violeta ficou pasma. “Isso é ao mesmo tempo tranquilizador e assustador,” ela disse, decepcionada. “Então isso significa que meus esforços foram em vão?”
Asher beijou sua testa devagar e reverentemente. “Não estou dizendo que seus esforços foram em vão. Mas há mais pessoas más do que boas no mundo agora, e até grandes problemas como esse são rapidamente enterrados. É por isso que agimos agora, enquanto as coisas estão se mexendo. Você deixou uma marca, querida. Então deixe o mundo girar e os covardes se desesperarem. Mas nunca carregue a culpa por expor a verdade.”
Houve um momento de silêncio.
“E Violeta?” Asher acrescentou, olhos escuros de significado, “Se alguém tentar chegar até você, terá que passar por mim primeiro.”
Um silêncio espesso se instalou entre eles. Violeta encarou Asher. Não seus lábios, nem suas mãos, nem seus olhos lindos e estranhos, mas ele. O garoto que fez promessas que ela sabia que ele iria cumprir. E assim, seu coração se abriu completamente.
“Eu te amo,” Violeta sussurrou.
“O quê?” Asher sentiu como se tivesse ouvido errado.
Dessa vez, sua voz estava mais alta. Mais ousada.
“Eu te amo, Asher Rouxinol Sombra da Noite. Eu amo cada parte quebrada de você. Cada parte distorcida que não faz sentido. E cada parte de você que é tão doce que faz meu coração doer. Eu amo tudo.”
Violeta estava sem fôlego quando terminou, seu coração batendo como se tivesse corrido mil milhas naqueles poucos segundos. Ela engoliu, incerta sobre o que ele faria com aquela verdade.
Mas um sorriso lento iluminou o rosto de Asher enquanto ele dizia, “Eu também te amo, minha rainha roxa. Eu te amo desde o dia em que li aquelas palavras que você escreveu para mim naquela aplicação.”
Violeta revirou os olhos. “Aquelas não eram para você, Asher.”
“São minhas. E você ainda me deve uma dança provocante.”
Violeta não conseguiu conter o riso que escapou de seus lábios. Então ela se inclinou e sussurrou, “Talvez possamos ir a algum lugar hoje à noite? Digamos… uma balada? Não podemos ficar presos aqui por dois dias e não nos divertir.”
Asher entendeu exatamente o que ela queria dizer. “Estou dentro,” ele disse, aquele brilho familiar de alegria iluminando seus olhos.
Então Violeta fechou o espaço entre eles e beijou-o intensamente.
Não foi gentil. Não foi tímido. Foi tudo—gratidão, medo, alívio, desejo. Um obrigado desesperado e cheio de lágrimas, envolto em lábios e língua e dedos trêmulos.
Asher não hesitou. Ele a beijou de volta com igual intensidade, puxando-a para mais perto como se quisesse fundir suas almas. Uma mão entrelaçada em seu cabelo enquanto a outra segurava sua cintura, ancorando-a a ele.
Violeta se afastou levemente, testa apoiada contra a dele, respiração se misturando à dele.
“Devemos parar agora,” ela sussurrou com dificuldade.
“Sim, devemos,” Asher concordou sem hesitação. Apenas mais um empurrão, e ele não tinha certeza se encontrariam o caminho de volta.
“Café da manhã?” ele ofereceu.
“Sim. Café da manhã.”