De Marginal a Ídolo: Transmigrando para um Reality de Sobrevivência - Capítulo 986

Capítulo 986: Almas Intocadas Premier (2)

O filme continuou, e a primeira aparição do June estava se aproximando.

A tela se iluminou com a celebração de aniversário do Yian.

A propriedade do clã Sombra, envolta em névoa, era o cenário perfeito para o evento silencioso e frio. A câmera percorreu o pátio, revelando mesas lindamente decoradas com comida que nenhum dos convidados parecia ansioso por comer.

Os criados permaneciam em silêncio, seus rostos escondidos sob capuzes, enquanto os membros do clã Sombra se observavam desconfiados, trocando apenas olhares ocasionais.

Apesar do cenário festivo, as Sombras ainda pareciam miseráveis e desdenhosas.

Jian estava na beira da reunião, aplaudindo educadamente enquanto seu meio-irmão Yian era coberto de elogios e atenção.

Era a primeira vez que o personagem do June aparecia na tela, e o público coletivamente se inclinava para a frente. Jian vestia os negros profundos do clã Sombra, seus olhos afiados e rosto inexpressivo faziam-no parecer apenas mais uma parte da paisagem.

Mas mesmo no silêncio de sua presença, havia algo nele que atraía o olhar.

Nas sombras, Jian estava sempre lá — observando, ouvindo, esperando.

June cruzou os braços em frente ao peito. Ele mal se lembrava de ter filmado esta cena, mas agora, vendo-a na grande tela, ele percebeu o quão crucial este momento era.

Jian foi introduzido cedo na história como uma figura silenciosa na vida de Yian. O irmão mais novo do futuro líder do clã Sombra, Jian era tudo o que Yian não era.

A câmera focava no sorriso radiante de Yian enquanto o Mestre da Sombra, seu pai, colocava uma mão em seu ombro, declarando-o o futuro do clã. Os convidados aplaudiam sem muita vontade, seus olhos traíam seus verdadeiros sentimentos.

Os olhos de Jian permaneciam fixos em seu irmão, seus aplausos mecânicos e insensíveis.

June teve que admitir que sua atuação não era tão rígida quanto temia. Havia algo sutil na maneira como Jian estava ali, uma corrente subjacente de emoção apenas esperando para romper a superfície.

No fundo, os membros do ALVORECER trocavam olhares divertidos. Eles sabiam que June era talentoso, mas vê-lo neste papel, encarnando um personagem complexo na grande tela, ainda era incrível.

Maçã Ruim, sentado na plateia com os braços cruzados, preparava-se para criticar June.

No entanto, até ele achou difícil negar a intensidade sutil que June trouxe para o papel.

À medida que a cena continuava, a comemoração seguia, mas Jian permanecia ao fundo. Seu papel era essencial para o clã, embora nunca estivesse no centro das atenções. Yian era o herdeiro, mas Jian era aquele que conhecia os segredos do clã — aquele que carregava mensagens na calada da noite, invisível e inaudível.

Com isso, Maçã Ruim colocou sua caneta de lado, não encontrando nada para criticar na cena em particular.

As cenas continuaram, e como Risa disse, eles tentaram ao máximo emular o livro.

Uma hora dentro do filme, a maioria dos amantes do livro se encontrava agradavelmente surpresa com o quão bom o filme era.

De repente, o filme cortou para um flashback — uma vislumbre no passado de Jian.

Maçã Ruim franziu a testa, procurando em sua mente por esta cena em particular. “Isso não faz parte do livro,” ele murmurou. Com isso, ele clicou na caneta e abriu seu caderno, pronto para criticar o filme por se afastar da história original.

Ele assistia atentamente enquanto um jovem Jian estava em um pequeno pátio, de frente para uma mulher com lágrimas nos olhos.

Sua mãe.

Este era o momento que o moldava, a cena que explicava por que ele havia se tornado o mensageiro silencioso e leal do clã Sombra.

“Jian”, a voz de sua mãe tremia enquanto ela se colocava diante dele, contendo suas emoções. Ela era bela, mas desgastada, seu rosto marcado com tristeza disfarçada. “Eles precisam de um novo mensageiro. Você… você não é um rendedor inútil. Você será bem tratado pela família do Mestre da Sombra.”

Suas palavras soavam frias e distantes. Jian a encarava, seu jovem coração lutando para entender o que estava acontecendo.

Esta não era a mãe que ele conhecia — a mulher calorosa e amorosa que sempre estava ao seu lado.

O personagem do June, o jovem Jian, ficava ali, imóvel, suas pequenas mãos tremendo ao lado do corpo. O suave bater de roupas na brisa da noite era o único som.

“Eu… eu não quero ir,” a voz de Jian era fraca, quebrada. Seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas enquanto ele olhava para sua mãe, suplicando silenciosamente para ela dizer que não era verdade.

Para dizer a ele que não estava sendo enviado embora como uma peça de propriedade.

Maçã Ruim suspirou suavemente, sua mão apertando a caneta por um breve segundo.

Mas ela não fez. Ela não podia.

Sua mãe virou as costas para ele, enxugando os olhos com a manga de seu robe, mas ainda com uma expressão severa. “É o que é melhor para você, Jian. Você estará seguro lá. Você terá um lugar e um propósito.”

“Mas e você?” Sua voz se partiu enquanto ele avançava, tentando agarrar a bainha do robe dela e puxá-la de volta para ele. “Eu não quero deixar você. Eu não quero ser mensageiro. Eu quero ficar aqui — com você, mãe.”

Por um momento, ela não respondeu, e o silêncio entre eles ficou mais pesado.

Quando ela finalmente se virou para encará-lo, seus olhos estavam vermelhos, mas havia um franzir forçado em seu rosto. “Você não tem um lugar aqui. Eu não quero mais você. Você me sobrecarregou por tempo demais. É hora de você ser útil.”

Era uma mentira, e ambos sabiam disso.

O público ficou em silêncio atônito, assistindo à cena de partir o coração se desenrolar. A câmera permaneceu no rosto do jovem Jian, a angústia e a confusão tão cruas que era difícil respirar.

O jovem Jian respirou fundo, tremendo, segurando o soluço que ameaçava escapar. Não lhe era permitido chorar.

Ele era o novo mensageiro do clã Sombra, um papel que ele não queria, mas que não tinha escolha senão aceitar.

A câmera voltou ao presente, onde Jian, agora mais velho, estava nas sombras de Jian.

A atuação do June era impressionante. As sutis nuances de suas expressões, a maneira como seu corpo parecia carregar o fardo invisível de seu passado — era cativante. Até os espectadores mais céticos, incluindo Maçã Ruim, estavam atraídos.

No teatro mal iluminado, a mão do Maçã Ruim lentamente levantou-se até seu rosto. Ele não havia percebido até aquele momento, mas uma única lágrima havia escorrido por sua bochecha. Ele rapidamente a enxugou, constrangido pela demonstração de emoção.

Pela primeira vez naquela noite, algo marcou o caderno do Maçã Ruim. Não uma crítica dura ou um comentário sarcástico, mas uma única lágrima que manchou a página.