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- Corações Enredados - A Mama do Bebê do Alfa
- Capítulo 293 - 293 Casa segura... 293 Casa segura... Selene POV
293: Casa segura… 293: Casa segura… Selene POV
O carro parou com um solavanco, e eu pisquei ao reconhecer a velha mansão de pedra à minha frente. A casa segura. Eu não a via há anos — não desde a última vez em que houve caos em Moon Whisper.
Olhei para trás, para as meninas que estavam encolhidas juntas, com os rostos tensos de um medo que não conseguiam expressar completamente. As empregadas e babás sentavam-se em silêncio, com os olhos arregalados, esperando que alguém — qualquer um — lhes dissesse que tudo ficaria bem.
Balancei meu filho recém-nascido – Eu e Noah ainda tínhamos que decidir um nome, dada tudo que vinha acontecendo. Simplesmente não tivemos tempo.
Forcei um sorriso, embora meus lábios se sentissem frágeis. “Estamos aqui,” disse eu, com a voz suave, tentando injetar algum calor nas palavras. “Estaremos seguros agora.”
As crianças assentiram, mas suas expressões não mudaram. Elas não acreditavam em mim. Talvez estivessem certas em não acreditar.
Kragen saiu do carro primeiro, depois veio até a porta e abriu-a, oferecendo-me a mão. Hesitei por um instante, mas então a aceitei, deixando que ele me ajudasse a descer.
Quando caminhávamos em direção à entrada, eu não pude deixar de lembrar da última vez que viemos aqui, buscando refúgio. Moon Whisper também estava à beira da destruição naquela época — rostos diferentes, ameaças diferentes, mas o mesmo pressentimento sombrio de um desastre iminente.
“Nunca pensei que veria este lugar novamente,” murmurei, minha voz quase tão baixa quanto o farfalhar do vento nas árvores.
Kragen riu, um som rouco e baixo que de alguma forma conseguia conter tanto amargura quanto diversão. “Nem eu,” disse ele. “É engraçado como a história parece gostar de se repetir, não é?”
Olhei para ele, franzindo a testa. “Você se pergunta se vamos sobreviver desta vez também?”
Seu sorriso era breve, quase imperceptível, e por um momento, o peso do mundo pareceu pairar entre nós, não dito, mas inegável. “Aprendi a não fazer promessas que não posso cumprir,” respondeu ele, com um tom leve mas com uma ponta que me enviou um arrepio pela espinha. “Mas farei o que puder para garantir que sim.”
Chegamos à frente da casa, e a pesada porta de madeira rangeu ao abrir, revelando o interior familiar. Era exatamente como eu me lembrava — escuro, silencioso, com um tipo de imobilidade fantasmagórica que sempre parecia estar esperando por algo.
As babás e empregadas levaram as crianças para dentro, e eu as segui, examinando o ambiente como se esperasse ver os fantasmas do nosso passado pairando nas sombras. Parecia entrar em uma memória — uma memória da qual eu não tinha certeza se queria reviver.
Kragen ficou ao meu lado, sua presença um lembrete sólido de que, apesar de tudo, ainda estávamos aqui. Ainda lutando.
Andamos mais para dentro da casa, os outros se dispersando em seus quartos designados, e logo éramos apenas nós dois, parados no salão principal, o silêncio espesso entre nós. Virei-me para ele, buscando em seu rosto algum sinal do que ele estava pensando. Ele parecia cansado, as linhas de estresse gravadas em seus traços mais profundas do que eu jamais havia visto antes.
“Estávamos aqui da última vez que o mundo desabou,” disse, minha voz suave, quase saudosa. “Você se lembra?”
Kragen deu um sorriso irônico, olhando ao redor do ambiente como se isso pudesse de alguma forma responder por ele. “Como eu poderia esquecer? Você insistiu em redecorar metade do lugar enquanto estávamos aqui enclausurados. Disse que não era ‘confortável o suficiente para um apocalipse de verdade’.”
Uma risada escapou dos meus lábios, surpreendendo-me com sua súbita presença. “E eu estava certa. Este lugar é um mausoléu cheio de correntes de ar.”
Seus olhos se voltaram para mim, uma centelha de diversão aparecendo por um instante. “Você nunca foi uma para acomodações modestas.”
Dei de ombros, fingindo indiferença. “Bom, se eu for sobreviver ao fim do mundo, preferiria fazer isso com estilo.”
Kragen riu, o som desta vez mais caloroso, menos pesado pela gravidade da situação. Era um breve alívio da tensão que vinha crescendo entre nós há semanas. Por apenas um momento, parecia os velhos tempos — antes de tudo ter dado tão errado.
Mas o momento passou, e as sombras retornaram. Sua expressão se tornou séria novamente, e eu pude ver a mudança em seu comportamento antes mesmo de ele falar.
“Preciso te dizer uma coisa,” ele disse, baixando a voz para um sussurro.
Meu coração deu um salto, a inquietação de mais cedo voltando com toda força. “O que é?”
Kragen fez uma pausa como se pesasse suas palavras cuidadosamente. “Os homens que vieram procurar por você,” começou ele devagar, “os que Noah nos contou — eles não eram qualquer um.”
Um calafrio percorreu minha espinha. “Quem eram eles?”
Ele hesitou por mais um instante e então falou finalmente. “As Parcas.”
Encarei-o, confusa, com um turbilhão de pensamentos em minha mente. “As Parcas? Você quer dizer as mesmas Parcas que têm procurado por você?”
Sua expressão escureceu, seus olhos se fixaram nos meus. “Sim, Selene,” ele assentiu. “Eles não são como nós. Não são como lobos, ou mesmo humanos. Eles são algo mais antigo. Algo… diferente e, como meu pai disse, cheios de tradições e leis antigas. Agora que andam no mundo mítico, significa problemas.”
Senti um nó frio se formar no meu estômago. “Você acha que vieram atrás de mim?”
Kragen suspirou, passando a mão pelos cabelos em frustração. “Eles estão atrás de você, Selene. Eles pensam que você é uma ameaça. E se eles colocarem as mãos em você, vão querer a sua cabeça.”
Dei um passo para trás, meu coração acelerando. “Mas por quê? O que eu fiz?”
“Você não fez nada. Ainda não.” A voz de Kragen suavizou, quase terna. “Mas eles acreditam que você fará. Eles veem coisas… coisas que não podemos compreender. E, aos olhos deles, você é um perigo.”
Sacudi a cabeça, a incredulidade se chocando com o medo que crescia em mim. “Isso não faz sentido. Eu não sou—”
“Você não tem que acreditar,” ele me interrompeu, a voz firme mas não cruel. “Mas eles acreditam. E isso basta.”
Encarei-o, tentando assimilar a loucura que ele me contava. As Parcas? Vindo atrás de mim? Soava como algo saído de um pesadelo, e ainda assim, o olhar de Kragen me dizia que ele acreditava em cada palavra.
“Kragen…” comecei, a voz trêmula. “Por que você está me contando isso agora?”
Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, alcançou o fecho de sua camisa, abrindo-o com movimentos lentos e deliberados. Prendi a respiração ao ver seu peito exposto — sua pele pálida sob a luz tênue da casa segura, mas não como costumava ser. Havia algo errado. Algo escuro.
Soluçei ao ver — manchas em sua pele, girando e se contorcendo como se algo estivesse se movendo logo abaixo da superfície. Era como se parte dele estivesse mudando, se transformando em algo outro. Algo monstruoso.
“O que—o que está acontecendo com você?” sussurrei, dando um passo involuntário para trás.
Os olhos de Kragen estavam escuros, insondáveis enquanto encontravam os meus. “Já começou. A escuridão dentro de mim… está crescendo. Eu posso senti-la, todos os dias, tentando tomar controle. E está ficando mais difícil lutar.”
Balançei a cabeça, minha mente girando. “Não… não, você não pode—”
“Eu não posso pará-la, Selene,” disse ele baixinho, a voz quase resignada. “A besta dentro de mim… o impulso de matar tudo em meu caminho… está ficando mais forte.”
Cobri a boca com a mão, tentando sufocar o soluço que ameaçava escapar. “Kragen, por favor… você não pode—”
“Você estará segura aqui,” ele interrompeu, sua voz calma como se estivesse discutindo algo mundano. “A casa segura abrirá após 14 dias. Até lá, o perigo terá passado.”
Balançei a cabeça, o pânico me dominando. “Kragen, você não pode destruir o mundo. Você não pode me deixar—”
“Eu não vou destruir o mundo,” disse ele, e pela primeira vez, havia um lampejo de calor em seu tom. “Esse não é o meu plano.”
“Então o quê?” exigi, a voz elevando-se. “O que você vai fazer?”
Ele sorriu, mas foi um sorriso triste, repleto de algo que parecia arrependimento. “Eu vou encontrar uma maneira de acabar com isso. De parar a farsa de uma vez por todas. E quando eu fizer isso… espero que na minha próxima vida, eu nasça como seu companheiro.”
Encarei-o, o peso de suas palavras afundando lentamente, como chumbo na água. Ele estava se despedindo. Ele ia me deixar, se sacrificar por algo que eu não entendia completamente.
“Não…” sussurrei, balançando a cabeça. “Não, você não pode—”
Mas ele já estava se movendo em direção à porta, seu rosto decidido. Estendi a mão, agarrando seu braço, tentando impedi-lo. “Kragen, espere—”
Ele se virou para mim, seus olhos suavizando por apenas um momento enquanto olhava para mim. “Você estará segura aqui, Selene. Isso é tudo o que importa.”
“Não,” engasguei, as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. “Você não pode me deixar. Você não pode—”
Mas ele já estava indo embora, sua mão escapando da minha enquanto ele atravessava a porta. Ela fechou-se atrás dele com um clique suave e final, deixando-me lá de pé, sozinha, no escuro.
“Kragen!” gritei, correndo em direção à porta e batendo nela com ambas as mãos. “Não! Volte! Por favor!”
Mas era tarde demais. A porta permaneceu fechada, e o único som na sala era o eco dos meus soluços.