Corações Enredados - A Mama do Bebê do Alfa - Capítulo 290
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290: A armadilha… 290: A armadilha… Ponto de vista de Selene
O berçário estava silencioso agora, exceto pela respiração rítmica e suave de nosso filho recém-nascido. A paz no quarto contrastava fortemente com a tempestade que se formava fora destas paredes. Kragen havia saído para fazer arranjos para nossa partida, mas a tensão permanecia, assentando-se profundamente em meu peito. Eu ainda podia sentir o peso dos braços de Noah ao meu redor, mas nem mesmo o toque dele conseguia afastar a ansiedade que me roía.
Noah estava em silêncio desde que eu decidira partir. Ele estava pensativo, seu corpo tenso com frustração mal contida. Eu sabia que ele detestava a ideia de eu partir, de abandonar nossa matilha. Ele era um Lican e—recuar não estava em sua natureza.
Eu suspirei, me inclinando para trás contra o peito de Noah, minha mente acelerada com tudo que Kragen havia revelado. O conselho… a profecia… a ideia de que eles me viam como uma ameaça. Parecia irreal, como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar. Mas era real, e o perigo estava se fechando ao nosso redor mais rápido do que eu poderia compreender.
“Eu deveria ter previsto isso”, Noah murmurou, quebrando o silêncio.
Eu olhei para ele, franzindo a testa. “O que você quer dizer?”
Ele hesitou por um momento, seu maxilar se tensionando antes de falar. “Havia quatro homens… eles vieram até a fronteira alguns dias atrás. Estavam perguntando sobre você.”
Eu congelei, meu coração pulando uma batida. “O quê?”
Noah assentiu, seus olhos escuros e indecifráveis. “Eles apareceram logo além da fronteira, tarde da noite. Kurtis e eu fomos encontrá-los. No início, eles estavam apenas parados lá, olhando para nós como se estivessem esperando por algo — ou alguém. Mas quando Kurtis perguntou o que queriam, eles disseram que estavam lá para uma conversa. Sobre você.”
Meu estômago afundou. “Por que você não me disse?”
“Porque eu não queria te preocupar”, disse Noah, sua voz tensa. “Não quando não sabíamos o que eles queriam ou quem eles eram, além disso, você não estava em casa naquela época.”
Eu me afastei dele ligeiramente, me virando para poder ver seu rosto. “E agora?”
“Agora…” Noah soltou um suspiro lento, seus olhos desviando dos meus. “Agora eu estou me perguntando se eles eram do conselho. Ou se eles eram algo pior.”
Minha mente se agitou enquanto eu tentava processar suas palavras. Quatro homens, perguntando sobre mim. Apenas alguns dias atrás. “O que eles disseram, exatamente?” Eu perguntei, minha voz trêmula.
A expressão de Noah escureceu enquanto ele se recordava do encontro. “Um deles, o que parecia estar no comando, tinha esse… olhar sobre ele. Era alto, com cabelo escuro, e ele sorria como se soubesse algo que nós não sabíamos. Ele disse que estavam lá apenas para falar, mas quando Kurtis pressionou, ele mencionou você pelo nome. Ele disse que estavam procurando por você há muito tempo.”
Um arrepio percorreu minha espinha. “Procurando por mim? Por quê?”
“Isso foi o que eu perguntei a eles,” disse Noah, sua voz baixa, perigosa. “Mas eles não responderiam. Eles apenas continuavam dizendo que queriam falar, que precisavam ter uma conversa com você. Kurtis não estava para brincadeira — ele disse para eles irem embora antes que as coisas ficassem feias. Mas eles não recuaram.”
Eu podia ver a tensão no rosto de Noah enquanto ele revivia a memória. Ele estava furioso e protetor, e eu sabia que o que quer que tivesse acontecido na fronteira o havia abalado mais do que ele demonstrava.
“O que aconteceu depois?” Eu sussurrei.
O maxilar de Noah se tensionou. “O líder… ele disse algo que não me agradou. Ele disse, ‘Ela não pode se esconder para sempre. O conselho não é o único interessado nela.'”
Meu sangue gelou. “O… o que isso significa?”
“Eu não sei,” disse Noah, sua voz apertada de frustração. “Mas era uma ameaça. Eles estavam tentando nos intimidar, nos fazer sentir como se tivessem poder sobre nós. E o pior é… eles nem pareciam preocupados com isso.”
“O que você quer dizer?”
“Eles não tinham medo de mim. Ou de Kurtis. A maioria dos forasteiros, especialmente aqueles que vêm às nossas fronteiras sem convite, estaria nervosa diante do Rei Lican. Mas esses homens? Eles não vacilaram. Era como se soubessem que não poderíamos tocá-los.”
Engoli em seco, tentando fazer sentido do que Noah estava me contando. Se esses homens não tinham medo dele ou de Kurtis, isso significava que eles tinham poder — poder do qual estavam confiantes de que não poderíamos desafiar. Mas quem eram eles? Eles eram realmente do conselho, ou havia algo mais acontecendo aqui? Algo mais sombrio?
“O que você fez?” Eu perguntei, temendo a resposta.
Os olhos de Noah brilharam com raiva mal contida. “Nós mantivemos nossa posição. Kurtis queria lutar com eles, mostrar que não seríamos intimidados. Mas eu o segurei. Havia algo neles, Selene. Algo que eu não conseguia identificar. Eles não vieram para uma luta — pelo menos não naquela noite. Mas eles queriam que soubéssemos que eles poderiam voltar.”
Eu expirei trêmula, minha mente girando com medo e confusão. “Você acha… você acha que eles voltarão?”
O olhar de Noah era firme, mas eu podia ver a incerteza em seus olhos. “Eu não sei. Mas Kragen está certo—Você não pode ficar aqui. Não com aqueles homens à espreita nos arredores, esperando por uma chance.”
Meu estômago se contorceu. Deixar nossa casa, nossa alcateia, parecia uma rendição. Mas que outra escolha tínhamos? Se esses homens eram tão perigosos quanto Noah acreditava, então ficar só colocaria todos em risco—nossos filhos, nossa alcateia, e um ao outro.
“Estou com medo,” eu admiti, minha voz mal acima de um sussurro. Era a primeira vez que eu me permitia dizer isso em voz alta, e as palavras pareciam pesadas, carregadas com todo o medo e incerteza que eu vinha tentando enterrar.
A mão de Noah encontrou a minha, apertando suavemente. “Eu sei,” ele disse baixinho. “Mas vamos superar isso. Eu não vou deixar que nada aconteça com você ou nossa família.”
As palavras dele eram reconfortantes, mas eu podia sentir o peso do desconhecido pressionando sobre mim. Estávamos prestes a deixar tudo o que conhecíamos para trás, e por quê? Uma profecia que eu não entendia completamente? Uma ameaça de homens que eu nunca tinha visto?
“E se eles estiverem certos?” eu sussurrei, dando voz ao medo que estava me roendo desde que Kragen havia mencionado a profecia. “E se eu for aquela de quem eles têm medo?”
A pegada de Noah em minha mão se intensificou. “Então eles devem ter medo,” ele disse, sua voz firme. “Porque você é mais forte do que eles poderiam imaginar.”
Eu olhei para ele, meu coração se enchendo tanto de amor quanto de medo. Noah acreditava em mim, mesmo quando eu não acreditava em mim mesma. Mas seria isso suficiente para impedir o que estava por vir?
Antes que eu pudesse responder, houve uma batida suave na porta. Eu me tensionei imediatamente, meu coração pulando para a garganta. O corpo de Noah ficou rígido ao meu lado, seus instintos protetores aflorando enquanto ele se levantava e ia em direção à porta.
“Sou eu,” veio a voz de Kragen do outro lado.
Noah hesitou por um momento, depois abriu a porta, permitindo que Kragen entrasse. Sua expressão era séria, seu comportamento calmo usual substituído por algo muito mais urgente.
“Precisamos ir agora,” Kragen disse sem preâmbulos, seus olhos fixos nos meus. “Tem movimento perto da fronteira sul. Não está mais seguro aqui.”
Meu coração acelerou enquanto me levantava, embalando nosso filho recém-nascido em meus braços. “Que tipo de movimento?”
“Batedores,” Kragen disse, sua voz baixa. “Eu não sei quem são, mas estão perto demais para o meu conforto. Se esperarmos mais, não poderemos sair sem sermos vistos.”
Noah praguejou baixinho, sua mandíbula se apertando. “Quanto tempo temos?”
“Não muito,” respondeu Kragen. “Precisamos ir antes que eles percebam que estamos cientes deles.”
Eu senti uma onda de pânico surgir em meu peito, mas me forcei a ficar calma. Tínhamos que nos mover rapidamente, mas eu não podia deixar o medo me paralisar. Meus filhos dependiam de mim.
“Certo,” eu disse, minha voz mais firme do que me sentia. “Vamos.”
Kragen assentiu, sua expressão sombria mas determinada. “Vou preparar o carro. Seguiremos para o norte, em direção à casa segura. É remota o suficiente para que eles não possam nos rastrear facilmente.”
Noah já estava se movendo, juntando alguns itens essenciais e me preparando para sair. Seus movimentos eram rápidos e eficientes, mas eu podia ver a tensão em seu corpo.
“Kragen,” Noah chamou, sua voz baixa. “Se esses batedores se aproximarem demais…”
“Eles não vão,” Kragen respondeu firmemente. “Teremos ido embora antes que percebam o que está acontecendo.”
Eu olhei entre os dois homens, sentindo uma onda de gratidão por ambos. Por mais que Noah desconfiasse de Kragen, eu sabia que ele estava aqui para ajudar. Ele sempre estivera, e apesar da tensão entre eles, eu confiava em Kragen com minha vida.
Com um último olhar ao redor do berçário, eu reuni Maeve e Vina, que estavam dormindo tranquilamente em seu quarto, alheias ao perigo que se aproximava de nós. Eu sussurrei palavras de conforto para elas enquanto as agasalhava, tentando manter minha voz calma apesar do medo que me roía. Eram ainda jovens, jovens demais para entender o que estava acontecendo, e eu queria protegê-las o máximo que pudesse desse pesadelo.
Quando estávamos prontos, Kragen tinha o carro esperando do lado de fora. Noah me ajudou a colocar as crianças no banco traseiro, seus movimentos rápidos mas gentis, como se tentasse tranquilizá-las através de seu toque.
Quando nos afastamos da casa, eu não pude deixar de olhar para trás, um nó formando em minha garganta enquanto a única casa que eu conhecia desaparecia ao longe.
E enquanto a luz da lua lançava sombras longas pelo caminho à frente, não pude deixar de sentir que aquilo era apenas o começo da tempestade.