Corações Enredados - A Mama do Bebê do Alfa - Capítulo 289
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289: Velhos costumes e profecia… 289: Velhos costumes e profecia… Selene POV
O quarto estava sufocante de tensão. Meu coração batia tão alto no peito que abafava os choros suaves do bebê e o murmúrio do vento fora da janela do quarto de bebê. Noah e Kragen pareciam dois lobos prontos para se despedaçarem, cada um movido por seus próprios motivos, suas próprias justificativas. E eu estava no meio, dividida entre lealdade e confusão, amor e dever.
“Kragen,” comecei, com a voz firme, embora meu coração estivesse longe de estar. “O que quer que seja, pode esperar.”
Ele nem sequer piscou. Seus olhos, tempestuosos e urgentes, estavam fixos nos meus, e por um breve momento, pude sentir a profundidade de suas emoções. Ele estava assustado — algo estava terrivelmente errado, e eu podia sentir. Mas eu não podia ignorar a raiva palpável de Noah, o jeito que suas mãos se fechavam em punhos ao seu lado, ou o rosnado baixo crescendo em sua garganta. Ambos eram alfas por direito próprio, e o ar entre eles zumbia com desafios não ditos.
“Não,” a voz de Kragen cortou o ambiente como uma lâmina. “Não pode esperar, Selene.”
Minha respiração ficou presa na garganta. Ele raramente era tão assertivo, e isso por si só disparou alarmes em minha mente. O que poderia ser tão urgente que ele arriscaria desafiar Noah em nossa casa, na frente de nosso filho recém-nascido?
Engoli em seco, olhando entre os dois homens. Eu precisava desarmar isso, encontrar uma maneira de acalmá-los antes que as coisas escalassem ainda mais. “Noah,” eu sussurrei, estendendo a mão para ele, meus dedos roçando seu braço. “Deixe-me ouvi-lo.”
Os olhos escuros de Noah se voltaram para onde eu o toquei, e por um momento, vi a mágoa ali — não apenas raiva, mas traição também. A pergunta não dita pairava entre nós: Por que você está defendendo ele?
Eu podia sentir o vínculo entre nós esticar, como um fio esticado demais, prestes a arrebentar. Eu não queria escolher entre eles. Eu não deveria ter que escolher. Mas a desconfiança de Noah sobre Kragen, seu ciúme, estava envenenando nosso vínculo. Eu podia sentir isso se infiltrando, tornando-o suspeito, virando-o contra o homem que tinha sido uma presença constante em minha vida muito antes de Noah ser.
“Eu ficarei aqui,” Noah disse, sua voz áspera mas controlada. Sua postura permaneceu tensa, mas ele recuou um pouco, me dando espaço. “O que quer que ele tenha a dizer, também ouvirei.”
Olhei para Kragen, cuja mandíbula se apertou com a recusa de Noah em sair, mas ele assentiu, aceitando o compromisso.
“Certo,” Kragen disse, sua voz tensa. “Mas isso fica entre nós.”
Exalei, assentindo, e me movi em direção ao berço. Os choros suaves do nosso filho haviam se acalmado, mas seu rostinho estava franzido de desconforto. Gentilmente, o balancei, tentando acalmar meus nervos tanto quanto tentava acalmá-lo.
“O que está acontecendo?” perguntei, meus olhos não deixando meu filho. Era mais fácil focar nele do que olhar para o olhar tempestuoso de Kragen ou a mágoa nos olhos de Noah.
A voz de Kragen estava baixa, urgente. “Há algo que você precisa saber sobre o Alto Conselho.”
O Alto Conselho. Meu coração deu um pulo. Claro, era eles. A sombra constante pairando sobre nossa matilha, sobre todo o nosso modo de vida. O conselho tinha influência sobre tudo — eles estabeleciam as regras, ditavam nossas tradições e impunham leis com uma dureza que poderia ser brutal. Eu sabia há um tempo que as coisas estavam mudando, que eles estavam se tornando mais implacáveis, mais políticos. Mas eu não havia antecipado isso.
“O que sobre eles?” perguntei, minha voz cuidadosamente neutra, embora minha mente estivesse acelerada com possibilidades. Pude sentir Noah endurecer ao meu lado com a menção ao conselho. Ele tinha suas próprias questões com o controle crescente deles sobre as matilhas. Mas algo me dizia que isso era mais profundo que uma agitação política.
Kragen hesitou, seus olhos desviando brevemente para Noah antes de se fixarem novamente em mim. “Eles estão planejando algo,” ele disse, sua voz sombria. “Algo grande. Eles estão se movendo contra você, Selene.”
Pisquei, meu coração de repente acelerando por uma razão completamente diferente. Contra mim?
Noah soltou um rosnado baixo. “Como assim eles estão se movendo contra ela?”
O olhar de Kragen não vacilou do meu. “O conselho tem te observado desde que a profecia foi revelada. Eles sabem que você é importante, Selene. Mais importante do que qualquer Luna jamais foi. Eles temem o que você poderia se tornar.”
Pude sentir a cor drenar do meu rosto. A profecia. Aquela que havia sido sussurrada entre os anciãos da matilha, falada apenas em tons abafados. Uma Luna nascida sob a lua negra, destinada a dividir as matilhas e acabar com os antigos costumes. Quando a profecia foi revelada pela primeira vez, eu a descartei como nada mais do que uma lenda antiga, uma história para inspirar medo ou esperança, dependendo de qual lado do conselho você estava. Mas agora, ouvindo isso de Kragen, eu não tinha tanta certeza.
“Eles têm medo de mim?” perguntei, minha voz mal acima de um sussurro.
“Não, eles têm medo do que você fará,” Kragen corrigiu, se aproximando, sua voz baixando. “Eles têm medo da mudança que você representa. Eles querem manter o controle, manter as matilhas divididas e fracas. Você ameaça isso.”
Balançei a cabeça, meus pensamentos girando. “Mas eu não fiz nada—”
“Ainda,” Kragen interrompeu, seus olhos brilhando com intensidade. “Você não fez nada ainda. Mas eles veem o potencial em você. E farão o que for preciso para te impedir antes que você possa cumprir a profecia.”
Um arrepio frio desceu pela minha espinha. Nunca pedi nada disso. Nunca quis fazer parte de alguma profecia antiga. Tudo o que eu sempre quis foi proteger minha família, criar meus filhos em paz. Mas parece que a paz não era mais uma opção.
Noah avançou, sua voz mortalmente calma. “Se eles vierem atrás dela, eu vou matá-los todos.”
Suas palavras me enviaram um arrepio, mas eu sabia que ele falava sério. Noah era ferozmente protetor, especialmente de mim e nossos filhos. O conselho já o havia levado ao limite no passado. Isso só solidificaria sua desobediência a eles.
Kragen balançou a cabeça. “Não é tão simples, Noah. Eles não estão vindo diretamente atrás dela. Eles são muito espertos para isso. Estão trabalhando nas sombras, manipulando as matilhas, virando as pessoas contra ela. Eles vão fazer parecer uma rebelião. Como uma jogada justificada para manter a ordem.”
Eu me senti doente. O conselho não precisaria me atacar diretamente se pudessem virar as matilhas contra mim. Eu tinha visto isso antes — como o medo e a desconfiança poderiam se espalhar como fogo, dividindo até mesmo os membros mais leais da matilha.
“O que fazemos?” perguntei, minha voz tremendo com o peso da situação.
Kragen respirou fundo, seu olhar suavizando um pouco. “Precisamos reunir nossos aliados. Alguns te apoiam, Selene. Aqueles que acreditam na profecia. Mas precisamos agir rápido antes que o conselho os vire contra nós.”
Os olhos de Noah se estreitaram. “E qual é o seu papel nisso tudo, Kragen? Por que você está tão investido em ajudar Selene?”
Eu podia ver a suspeita nos olhos de Noah, como ele observava Kragen como um falcão pronto para atacar. Ele não confiava nele, e eu sabia que isso não era apenas sobre política ou o conselho. Era sobre mim — sobre a tensão não dita entre os dois. Noah nunca gostou do vínculo que Kragen e eu compartilhávamos, e agora, com tudo em jogo, essa tensão estava atingindo um ponto crítico.
Kragen encarou Noah diretamente, sua expressão inescrutável. “Eu sempre a protegi,” ele disse simplesmente. “E sempre vou.”
O rosnado de Noah se aprofundou, e eu pude sentir sua raiva aumentando. Eu me coloquei entre eles, colocando a mão no peito de Noah. “Pare,” sussurrei, minha voz mal se mantendo estável. “Nós não podemos lutar um contra o outro agora. Não com tudo o que está por vir.”
Por um momento, Noah não se mexeu, seu corpo rígido com raiva. Mas então ele soltou um suspiro lento, seus músculos relaxando sob meu toque. “Certo,” ele murmurou, embora eu ainda pudesse ver a desconfiança em seus olhos.
Me virei para Kragen. “Qual é nosso próximo passo?”
Kragen hesitou, seus olhos desviando brevemente para a porta como se esperasse que alguém irrompesse a qualquer momento. “Precisamos partir,” ele disse, sua voz baixa. “Hoje à noite.”
Eu o encarei, meu coração batendo forte. “Partir? Para onde?”
“Há uma casa segura, longe do alcance do conselho. Seremos capazes de nos reagrupar, de planejar nossos próximos passos. Mas não podemos ficar aqui. Eles estarão vigiando a matilha, esperando por qualquer sinal de movimento.”
Olhei para Noah, que já estava balançando a cabeça. “Não vamos fugir,” ele disse firmemente. “Este é nosso lar. Nossa matilha. Não vou abandoná-los.”
“E se você ficar,” Kragen contra-argumentou, “você está colocando todos aqui em risco. O conselho não se preocupa com danos colaterais, Noah. Eles queimarão este lugar até os fundamentos se isso significar chegar até Selene.”
Um silêncio pesado se estabeleceu sobre o quarto. Eu podia sentir o peso da decisão pesando sobre mim. Se ficássemos, arriscaríamos a vida de todos na matilha. Mas se partíssemos, estaríamos abandonando-os para enfrentar a ira do conselho sozinhos.
“Eu não posso fugir,” sussurrei, mais para mim mesma do que para qualquer outro. “Não posso deixá-los.”