Corações Enredados - A Mama do Bebê do Alfa - Capítulo 275
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275: Saindo… 275: Saindo… Ponto de vista do Lúcio
O silêncio do meu quarto parecia opressor, como a calmaria antes de uma tempestade. Moon Whisper sempre teve uma quietude misteriosa, mas esta noite, parecia diferente. Olhei pela janela, onde a lua estava baixa no céu, seu brilho pálido projetando longas sombras sobre o horizonte. A mala ao meu lado estava pronta, e minha mente já estava decidida sobre o que eu precisava fazer. Mas o meu coração… meu coração era outro assunto totalmente à parte.
Por mais que eu tenha me convencido de que partir era a única opção, o laço de parceiro ainda me puxava implacavelmente, como uma corrente inquebrável me ligando a Kurtis e Emília. A própria ideia de virar as costas para eles parecia uma traição, mas era uma necessária. Vidas demais dependiam das minhas decisões, e eu não podia me dar ao luxo de perder o foco agora.
Eu tinha que cuidar de Xavier, eu tinha que cuidar de Greyhound. Este era o meu dever e eu estava preso a ele.
Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos.
“Entre,” eu disse, já sabendo quem era.
Kurtis entrou no quarto, sua presença preenchendo o espaço imediatamente. Havia um peso em seus movimentos, uma espécie de hesitação que eu raramente via nele. Ele fechou a porta atrás de si e cruzou os braços, apoiando-se contra ela. Sua calma habitual não estava em lugar algum esta noite.
“Você realmente vai fazer isso, Lúcio?” ele perguntou baixinho, com uma voz baixa mas carregada de frustração. “Você realmente vai virar as costas para o laço de parceiro?”
Me virei para enfrentá-lo totalmente, observando a afiação de sua mandíbula e a tensão em sua postura. Seus olhos—aqueles olhos que refletiam o laço que compartilhávamos—estavam nublados com desapontamento e confusão. Isso doía, mas eu tinha que permanecer resoluto.
“Sim,” eu disse, mantendo a voz estável. “Por mais que eu queira—querer a você e Emília—eu não posso ter.”
Kurtis se desencostou da porta, seus passos deliberados enquanto se aproximava de mim. Sua frustração borbulhava logo abaixo da superfície. “Por que, Lúcio? Por que você está negando algo que foi literalmente feito para nós? O laço de parceiro não é apenas alguma conexão aleatória. É o destino. Você não pode simplesmente se afastar disso como se não fosse nada.”
Ele tentou me alcançar mas eu dei um passo para trás. “Eu não gosto de você desse jeito, Kurtis. Emília é minha companheira, não você. De maneira alguma estou atraído por você. Por mais que você pense que eu sou louco ou que eu esteja fingindo, eu digo a verdade. Por favor, tente entender. Veja as coisas do jeito que eu vejo. Você é um Alfa e eu sou um Beta… infelizmente, meu Alfa precisa mais de mim. Eu não tenho o luxo de viver uma vida despreocupada.”
“Então, você quer morrer sozinho?” Kurtis me perguntou, dor cintilando em seus olhos. “Você acha que Xavier merece esses sacrifícios que você está fazendo por ele?”
Eu suspirei, passando a mão pelos cabelos, tentando encontrar as palavras que fariam ele entender. “Eu não estou me afastando porque é insignificante, Kurtis. Eu estou me afastando porque é tudo. Você acha que eu não sinto? A cada segundo, é como se uma parte de mim estivesse sendo rasgada. Mas eu não posso ceder aos meus instintos mais primitivos, não agora. Vidas demais dependem de mim.”
“Lúcio,” ele começou, sua voz agora mais macia, mas ainda tingida de frustração, “Eu sei que há muito em jogo. Mas quando você vai parar de carregar o peso do mundo em seus ombros? Isso não é só sobre dever, é sobre nós. Sobre Emília. Somos mais fortes juntos. Você sabe disso.”
Balanço a cabeça, meu peito apertando com a menção do nome de Emília. A ideia dela, da conexão entre nós três, me dilacerava mais do que eu gostaria de admitir. “Eu queria que fosse tão simples,” eu murmurei. “Mas não é. Há muito mais em jogo do que apenas o laço. Eu não posso deixar meus sentimentos pessoais ditarem minhas ações. Já passamos por tanto—sacrificamos tanto—para deixar tudo desmoronar por causa de algo que eu quero.”
Kurtis me encarou por um longo momento, procurando em meu rosto qualquer sinal de dúvida. Eu queria dizer a ele que estava incerto, que estava à beira de me render. Mas eu não podia. Eu tinha tomado minha decisão.
“Então é isso?” Kurtis perguntou, sua voz baixa, resignada. “Você realmente vai nos deixar?”
Eu concordei com a cabeça, embora ter feito isso me sentisse como se alguém tivesse cravado uma faca em meu peito. “Sim.”
Ele deu um passo para trás, a derrota se estabelecendo em suas feições. “Você está me pedindo para simplesmente ficar aqui e deixar que você se afaste da única coisa que esperamos a vida inteira?”
“Estou pedindo para você entender,” eu respondi. “Estou lhe pedindo para cuidar de Emília. Ela é forte, mas vai precisar de você. E… cuide de Selene também. Não acho que ela esteja mostrando tudo. Algo está errado com ela. Eu não sei o quê, mas ela está escondendo algo, e eu acho que é perigoso.”
Kurtis pressionou os lábios em uma linha fina, seus olhos se estreitando levemente. “Você está fugindo do que tem medo de enfrentar. Eu entendo. Você sempre foi assim. Mas você está cometendo um erro, Lúcio. Um que você não pode desfazer.”
Eu não respondi, o silêncio entre nós ficando pesado e desconfortável. Não era como se eu não soubesse que ele estava certo, pelo menos em parte. Eu estava com medo. Mas o medo não era só de perder a mim mesmo para o laço; era o que aconteceria se eu baixasse a guarda. Se eu me permitisse abraçar o que estava destinado, quem mais sofreria por causa disso?
“Você precisa de uma carona para o aeroporto?” Kurtis perguntou de repente, quebrando o silêncio.
Eu hesitei, então concordei com a cabeça. “Sim. Isso seria bom.”
Sem dizer mais uma palavra, ele se virou e saiu do quarto, deixando-me lá, sozinho com meus pensamentos. Olhei para minha mala pronta mais uma vez, depois o segui porta afora.
***
A viagem para o aeroporto foi silenciosa. Kurtis ligou o rádio, uma leve música tocava de fundo, mas nenhum de nós falou. A tensão era palpável, como uma tempestade prestes a estourar. Eu olhei pela janela, observando a floresta escura passar, a luz da lua projetando sombras na estrada.
Em minha cabeça, eu revivia cada momento com Emília e Kurtis, cada toque, cada olhar que havia acontecido entre nós. Isso deveria ter sido o suficiente para me fazer ficar, mas o peso da minha responsabilidade pressionava mais forte, me lembrando porque eu tinha que partir.
Quando chegamos ao aeroporto, Kurtis estacionou e saiu sem uma palavra. Andamos em direção à entrada, o ar noturno frio e cortante. Era apropriado, realmente. O frio parecia se infiltrar em meus ossos, combinando com o sentimento de vazio crescendo dentro de mim.
Enquanto estávamos lá, prontos para dizer nosso adeus final, o som de passos apressados fez ambos virarmos.
“Lúcio!”
A voz de Emília me atingiu como um golpe, e quando eu a vi, meu coração se apertou. Ela correu até nós, os cabelos escuros selvagens ao redor do rosto, os olhos largos e cheios de lágrimas. Kurtis avançou, segurando-a antes que ela chegasse a mim. Eles ficaram ali, braços um ao redor do outro, e eu podia ver a angústia em seus rostos.
“Não faça isso,” ela implorou, a voz trêmula. “Por favor, Lúcio. Não vá.”
Engoli em seco, lutando contra o nó na minha garganta. “Eu tenho que ir.”
“Você não precisa,” Kurtis disse, a voz firme, embora houvesse uma vibração nela. “Você não precisa nos deixar.”
Meu peito se apertou enquanto eu os observava, a atração do laço de parceiro quase insuportável. As lágrimas de Emília brilhavam ao luar, e eu podia sentir a tristeza emanando dela, de ambos. Mas eu não podia ficar. Não podia me deixar levar pelo que eu queria.
Estendi a mão, colocando-a na bochecha de Emília, enxugando uma lágrima. Sua pele era quente e macia, e o toque enviou um choque de saudade por mim.
“Eu amo vocês,” eu sussurrei, a voz embargada. “Ambos. Mas eu preciso ir.”
Emília balançou a cabeça, suas mãos agarrando meu casaco como se fosse a única coisa que a mantinha no lugar. “Por favor… não faça isso.”
Kurtis não disse nada, mas eu podia ver a dor em seus olhos. Ele entendia, mesmo que não quisesse admitir.
Com toda a força que eu tinha, eu recuei, soltando-me do aperto de Emília. O laço de parceiro esticou forte, como um cabo sendo levado ao seu limite, e eu senti a dor da separação profundamente em minha alma. Mas eu não olhei para trás. Eu não podia.
“Cuidem um do outro,” eu disse baixinho. “E cuidem de Selene.”
Kurtis concordou com a cabeça, embora sua expressão fosse indecifrável. Os soluços de Emília preenchiam o espaço entre nós, mas eu me forcei a me virar. Cada passo em direção às portas do aeroporto parecia uma traição, mas continuei caminhando, lutando contra a agonia.
Enquanto eu desaparecia no terminal, o laço de parceiro vibrava violentamente em meu peito, me puxando de volta para eles. Mas eu continuei indo embora, sabendo que se eu parasse, se eu hesitasse por um só momento, eu nunca seria capaz de deixar.