Coração Amaldiçoado - Capítulo 97

97: Papel 97: Papel Uma decepção invadiu Elle quando a pessoa que estava atrás da porta não a abriu, mas bateu primeiro. Isso por si só já dizia que não era ele.

Os dedos dela se fecharam levemente antes de respirar fundo e dizer, com firmeza, “Entre.”

Era Lorna. Ela cumprimentou Elle com um aceno de cabeça ao entrar, segurando profissionalmente uma bandeja de frutas em uma mão e outra cheia de sobremesas na outra mão. Depois de entrar completamente no quarto, Lorna usou a ponta dos pés para fechar a porta atrás dela antes de colocar as bandejas na frente dela. Sorrindo para Elle, Lorna indicou com os olhos que toda a comida era para ela comer. A moça lhe deu muitas frutas desde a última vez que adoeceu. Mas agora, Elle não tinha apetite para comer nada. Mais ou menos… ela o perdeu depois de ver que a pessoa que estava esperando era outra. Depois de servir as frutas e a sobremesa, Lorna se desculpou e saiu do quarto.

Já faziam exatamente dois dias desde que ele havia saído do quarto dela. Então, ela pensou que ele chegaria a esta mesma hora, já que ele havia prometido dois dias. Mas parecia que ela estava errada novamente. Aparentemente, ela havia sido muito otimista ao confiar que ele seguiria o exato prazo de dois dias que haviam combinado.

Depois de mais uma hora, Elle, que não havia se movido do assento o tempo todo, se levantou para alongar as pernas. Estavam ficando dormentes, e ela já tinha passado tempo demais sentada e esperando. Ela caminhou até o quarto e tirou a roupa antes de pegar a roupa de ginástica, que consistia em uma calça de corrida preta e um sutiã justo tipo “sando”. Ela calçou os sapatos e amarrou o cabelo em um rabo de cavalo alto antes de sair do quarto.

Ela não ia perder seu precioso tempo, sentada lá e esperando bobamente por ele. Depois de horas esperando, ela aceitou que ele poderia chegar atrasado novamente. Como de costume. Talvez no final da tarde ou até mais tarde esta noite. Ela deveria ter pensado nessa possibilidade desde o começo, em vez de esperar por ele tão cedo no dia. Ela odiava como ainda esperava teimosamente que Sebastião chegasse a tempo depois de tantas vezes que esperou por nada. Ela riu de si mesma antes de balançar a cabeça um pouco para sair daquele marasmo.

“Rion?” Elle chamou Rion assim que fechou a porta atrás de si. “Hora de continuar a nossa lição.”

Rion, que ainda estava de guarda do lado de fora da porta, endireitou-se e piscou. Ele parecia confuso por um momento. “Mas você não disse –”
“Mudei de ideia. Sebastian pode chegar tarde de novo, então é melhor eu treinar. Não adianta desperdiçar a luz do dia.” O tom cortante de Elle impediu Rion de perguntar mais.

Sem esperar a resposta de Rion, Elle seguiu em frente, não dando a ele escolha a não ser segui-la.

Ao chegar ao local habitual de treino, Elle nem deu a Rion a chance de dizer nada antes de lançar um ataque. Ela usou todos os conselhos e lições das outras sessões com Rion e os incorporou em seus ataques. Ataque de Elle seguido de defesa de Rion. Chute alto e rápido, seguido de um chute rápido, ambos visando seus pontos vitais – pescoço, maxila, olhos, nariz e têmpora. Rion suava enquanto desviava de cada golpe, se perguntando o que havia irritado a princesa ao ponto de ela ser tão feroz na sessão de hoje. No final da sessão, Rion elogiou sinceramente a princesa por aprender rápido e melhorar tanto mesmo em apenas algumas sessões.

…

Elle ficou chocada ao ver que já estava escuro quando acordou. Ela tinha treinado com Rion até ficar exausta e acabou cochilando por horas.

Ela olhou para o relógio e viu que já era hora do jantar. Lorna veio para servi-la e, depois do jantar, Elle se ocupou se preparando para dormir e tentou não se estressar esperando pelo homem que nunca chegava quando ela esperava.

Logo, faltavam dez minutos para meia-noite.

Parada junto à janela, os dedos de Elle se apertaram contra a vidraça.

Um vento frio e um pouco forte soprou contra ela, fazendo seu longo cabelo vermelho dançar selvagemente atrás dela. As cortinas também sussurravam. Estaria vindo uma tempestade? Elle pensou que parecia que uma tempestade de trovões estava a caminho.

Exalando um longo suspiro, ela fechou a janela e, lentamente, foi em direção à cama.

Ela parou. Um papel dobrado no chão chamou sua atenção.

Com as sobrancelhas franzidas, Elle se inclinou e pegou o papel. Não se lembrava de ter visto esse papel em lugar nenhum do quarto antes. Será que o vento o havia trazido de algum lugar que não estava visível para ela?

Elle examinou o papel curiosamente. Não parecia ser nada de especial. Era um papel muito normal, então Elle pensou que não deveria ser algo importante.

Olhando ao redor para ver se havia mais do mesmo, Elle não encontrou nada. Depois, voltou sua atenção para o papel e, aos poucos, começou a desdobrá-lo.

Havia… algo escrito nele.

As sobrancelhas dela se aprofundaram e, ao ler a nota, os olhos se estreitaram.

[Gire o candelabro da esquerda para baixo na parede.]
Erguendo os olhos, Elle olhou para os antigos candelabros na parede do quarto. Havia dois de cada lado da lareira.

O que era isso? Sebastian?

Elle levantou os olhos para o relógio, que indicava que já era meia-noite em ponto. E, no entanto, Sebastian ainda não estava aqui. Ela quis zombar, mas esse pedaço de papel a intrigou. E então ela de repente pensou que essa poderia ser a mensagem de Sebastian? Como mais esse papel entraria aqui? Nenhum outro havia vindo para deixar esse papel aqui.

Relendo a nota, Elle se aproximou do candelabro pendurado e, lentamente, estendeu a mão, girando-o para baixo conforme instruído no papel.