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- Capítulo 398 - 398 Luz e Escuridão - Parte 16 398 Luz e Escuridão - Parte 16
398: Luz e Escuridão – Parte 16 398: Luz e Escuridão – Parte 16 Zeke e as lâminas de Gav se chocaram, enviando ondas de choque pelo chão. Raios negros vindos do céu atingiram por toda parte, iluminando o campo de batalha com um brilho sinistro. Era como assistir a dois anjos caídos, cada um lutando para reivindicar a vida do outro.
Seus soldados e os monstros permaneciam imóveis, assistindo ao brutal combate se desenrolar. Os generais haviam largado suas armas, seus olhos cheios de tristeza ao presenciarem seus líderes em um duelo mortal. Eles podiam ver claramente: Zeke estava mais do que sério, e agora Gav estava revelando sua verdadeira natureza, sua escuridão incomparável se infiltrando em cada golpe.
Ainda que sempre soubessem que esse dia poderia chegar, que esse cruel jogo nunca terminaria até que apenas um restasse, a realidade disso acontecendo diante dos seus olhos era quase insuportável. Porque Zeke e Gav estiveram juntos por tanto tempo. Eles haviam lutado tantas batalhas juntos, e vencido juntos. Agora aqui estavam eles, um contra o outro.
Ruka deixou seu posto e caminhou até o cadáver de um enorme monstro. Ele subiu nele e sentou-se, apoiando o rosto na palma da mão enquanto virava-se para o lado oposto como se evitasse assistir à luta mortal.
Archer o seguiu e sentou-se ao seu lado. Diferente de Ruka, Archer encarava o campo de batalha, seus olhos vazios e ocos enquanto assistia à luta com uma resignação distante.
Ao assistir, ele podia ver que o confronto entre Zeke e Gav era verdadeiramente um espetáculo de poder e fúria. Seus movimentos eram um borrão de velocidade e precisão, cada ataque encontrava um contra-ataque, cada defesa com uma resposta. O chão embaixo deles rachava e se partia pela força dos seus golpes, e o céu rugia com energia negra.
Os ataques de Gav eram implacáveis, aparentemente alimentados pela escuridão que agora o controlava. Seu olho completamente negro queimava com uma intensidade que parecia consumi-lo. Cada golpe de sua espada era como uma promessa escura de morte.
Mas cada movimento de Zeke era calculado, seus golpes precisos. Era como se ele pudesse prever cada movimento de Gav. Como se ele pudesse ver o futuro. “Você é mais forte que isso, Gav!” ele gritou, sua voz subindo acima do clamor.
Por um momento, os movimentos de Gav vacilaram, seus ataques perdendo a intensidade. Mas a escuridão dentro dele se avivou, aparentemente empurrando-o adiante, exigindo a vitória a qualquer custo.
Gav rugiu e avançou sobre Zeke como uma poderosa explosão, e a batalha continuou sem cessar.
Gav e Zeke estavam lutando com tudo que tinham. Ninguém estava recuando, e conforme o tempo passava, os dois pareciam se tornar mais poderosos, mais mortais do que nunca antes. Sua pura intensidade e força poderiam bem destruir o submundo em si.
Os soldados e monstros, que uma vez estiveram ao redor deles, foram forçados a se afastar para evitar serem apanhados no confronto. Aqueles que haviam testemunhado batalhas similares no passado estavam chocados, pois nunca tinham visto um duelo tão intenso, tão avassalador, tão interminável entre dois príncipes.
“Eu sei que é difícil aceitar, mas você sabe que isso estava destinado a acontecer.” Archer falou em voz baixa sem tirar os olhos da batalha. “Seu líder sabia disso desde o início.”
“Eu sei,” Ruka respondeu, jogando a cabeça para trás e olhando para o céu escuro eterno. “Eu só estava com esperanças, acho… Seu líder é poderoso. Tão poderoso que eu pensei…” Ruka suspirou profundamente. “Eu queria que ele não fosse parte deste jogo maldito e cruel.”
“Não fale como se isso já estivesse acabado. Como você disse, ele é poderoso, poderoso o suficiente para talvez vencer.”
“Príncipe Gav é o destinado, lembre-se disso.”
“E se Seu Senhor desafiar o destino e vencer no final?”
“E se ele não vencer?”
Archer passou os dedos pelo cabelo, úmido de sangue e suor. “Bem… então eu acho que tudo o que podemos fazer é aceitar.”
Os dois generais ficaram em silêncio, com os olhos de Archer continuando a encarar o intenso duelo à sua frente.
“Eu quero deixar este mundo,” Ruka disse, baixando o olhar para o monte de corpos mortos espalhados como um cobertor pelo deserto. “Estou cansado. Cansado dessas batalhas intermináveis…”
“Se você achar um jeito e precisar de ajuda, me chame. Eu te ajudarei a sair daqui,” Archer respondeu, sua voz mais suave. Ruka nunca imaginou que este homem enorme que sempre foi tão barulhento pudesse realmente falar assim.”
“Que gentil de sua parte.” Ruka sorriu levemente.
“Cale a boca. Estou tentando te consolar aqui.”
“Então, se houver outra escolha para nós, você ainda gostaria de ficar aqui?”
“Este mundo é cansativo, admito. Mas… Eu não acho que alguém como eu pertença a outro lugar além daqui.”
“Não diga isso. Você nem é tão ruim. Você é apenas um cabeça de músculo com o corpo de um selvagem e o coração mole.”
“Diga mais uma coisa estúpida e eu irei embora.”
O sorriso de Ruka se alargou antes de desaparecer novamente.
“Eu ainda acredito que ninguém merece ficar neste maldito mundo para sempre. A não ser, claro, que um dia as coisas melhorem um pouco. Mas mesmo eu sei que isso sempre permanecerá um sonho. Infelizmente, este mundo parece existir apenas para o caos e derramamento de sangue.”
Archer suspirou. “Eu gostaria de acreditar que há uma chance de mudança. Zeke e Gav, eles são diferentes de todos os príncipes do passado. Os dois lutam por algo mais do que apenas poder.”
Ruka assentiu, seus olhos distantes. “Sim, eu também vejo isso. É por isso que, antes que percebêssemos, acabamos tão apegados a eles. Tenho pensado há muito tempo se talvez… apenas talvez eles possam quebrar este ciclo. Talvez sejam eles os que finalmente trarão alguma esperança a este mundo.”
Uma explosão alta interrompeu a conversa deles, e o chão tremeu violentamente, mas Ruka ainda não se voltou para olhar.
“Me avise quando terminar,” ele disse, apoiando a cabeça no vasto costas de Archer.
“Certo,” Archer respondeu, enquanto outra explosão sacudia o chão.
Gav e Zeke provaram a todos que eles eram únicos, os príncipes mais forte que este mundo já conheceu. Sua força era tal que se nenhum deles caísse em breve, essa luta até a morte poderia nunca terminar até que o Submundo fosse reduzido a cinzas.
Então, de repente, todo o campo de batalha ficou silencioso. Um impasse mortal se seguiu.
“Acabou?” Ruka perguntou, sua voz tingida de esperança e medo.
“Sim,” Archer respondeu.
“Quem caiu?” A voz de Ruka era quase um sussurro.
Quando Archer não respondeu imediatamente, Ruka abaixou a cabeça, apertando um punhado de seu próprio cabelo.