927: História Paralela Parte I 927: História Paralela Parte I No submundo…

O grito de um demônio ecoou estridentemente antes de ser abruptamente interrompido quando Zeke pisou em seu pescoço, um som frágil e estalado acompanhando sua ação, seguido por um silêncio aterrorizante. Seus olhos escuros e penetrantes encaravam para baixo o demônio sob seus pés enquanto ele o matava sem piscar os olhos. Muito parecido com a forma como alguém pisaria em um inseto e acidentalmente o mataria sem pensar duas vezes a respeito.

Zeke levantou a cabeça e virou-se para cima. Seus olhos lentamente se fecharam. Fumaça negra como tinta girava ao seu redor enquanto a curta espada de lâmina folha que estava em sua mão, que estava coberta com espesso sangue preto de demônio, desaparecia em um turbilhão de fumaça de sua mão.

Seus cabelos haviam crescido longos, e tinham chegado até sua cintura. Quando ele abriu os olhos, o branco deles agora era visível. A cor de suas pupilas também tinha mudado. Agora havia um anel de azul intenso circulando em torno de suas íris negras como inferno.

Depois de olhar para cima por algum tempo, um longo suspiro escapou dele antes de ele se mover novamente, passando pelo monte de demônios que ele acabara de massacrar. Embora os demônios aqui derramem sangue, o fedor de seu sangue era diferente do usual cheiro ferroso e achocolatado que era característico dos habitantes da terra. O sangue desses monstros era fétido e exalava um cheiro de decomposição e morte, o que era esperado já que este é o submundo.

Então ele se sentou numa pedra que havia sido poupada do respingo de sangue da carnificina anterior e descansou seu pulso no joelho dobrado. Na outra mão, o polegar e o mindinho brincavam com o anel de casamento em seu dedo anelar.

Já fazia muito tempo desde aquele dia. Mas o bom era que Zeke não tinha muito luxo para se afundar na saudade da Alicia por causa de todas as coisas com as quais ele tinha que lidar neste mundo.

O submundo era aparentemente exatamente como ele esperava. Não era nada além de um mundo de puro caos. No entanto, tudo era mais complicado do que ele havia pensado. Havia claramente uma ordem definida mesmo entre os demônios. Demônios atacam uns aos outros mesmo se forem da mesma espécie, e as guerras eram apenas intermináveis. Demônios menores lutavam contra demônios menores. De tempos em tempos, demônios superiores apareciam e apenas um demônio de alta patente seria o suficiente para matar uma centena de demônios inferiores com um único golpe de sua arma. Corpos mortos de demônios e membros mutilados estavam espalhados por toda parte, aumentando ainda mais o ar sinistro da atmosfera já lúgubre do submundo. O pior de toda essa situação caótica era que ele não conseguia encontrar sua mãe, não importava o quanto procurasse.

Ele também aprendeu sobre o jogo ridículo de lutas pelo poder que ocorria neste mundo, onde todos os príncipes devem lutar pelo direito à sucessão ao trono. E as regras do jogo eram que eles deveriam se matar até que apenas um ficasse de pé. Todo aquele que tinha direitos ao trono e era descendente da Escuridão – o chamado deus deste submundo – era um participante deste jogo. E o último que sobreviver será o novo governante deste mundo por padrão – aquele que será chamado de Rei da Escuridão.

Neste momento, restavam apenas quatro candidatos, incluindo o próprio Zeke. Os outros dois príncipes eram fortes, ferozes e determinados a acabar com ele. Mas azar o deles, porque ele estava mais determinado a ficar vivo. Além disso, ele não se continha mais em seus poderes como fazia na terra. Aqui, ele liberava o potencial total de seus poderes demoníacos e os deixava reinar livremente. Os dois príncipes que pensaram que ele seria um alvo fácil morderam mais do que podiam mastigar. Este era verdadeiramente um mundo onde o mais forte vence, onde o cão maior reina supremo.

Zeke obteve a informação de que o vencedor terá direito a um desejo e esse desejo poderia ser qualquer coisa que o vencedor quisesse. Isso o fez decidir a participar ativamente do jogo. E até agora, ele conseguiu matar dois candidatos. Bem, não é que ele tivesse escolha de qualquer forma. Eles já o matariam mesmo se ele não tivesse intenção de participar. Ele sabia que este era um lugar onde as regras da sobrevivência do mais apto estavam sempre em jogo. Ele estava apenas mais motivado a vencer quando descobriu que o trono – que ele de modo algum desejava – não era o único prêmio.

Ele estava apenas de olho naquele desejo supremo que poderia conceder literalmente qualquer coisa que eles quisessem. Então, inicialmente quando ele deu um passo à frente e entrou no jogo, ele deu o melhor de si na luta e assassinou todas as armadas de demônios que seus oponentes jogaram contra ele. Ele havia matado e dizimado incontáveis demônios. Tudo na esperança de ser capaz de se livrar de seus competidores e emergir o vencedor e reivindicar aquele desejo tão cobiçado – apenas para ficar completamente decepcionado à medida que o tempo passava.

Ele gradualmente veio a aprender mais coisas que arruinaram seus planos. Conforme ele lutava contra seus competidores, às vezes interrogava os demônios superiores que agiam como generais de seus inimigos. Através deles, ele descobriu que aquele que vencer deve sentar-se no trono e governar o submundo. E como governante do submundo, ele não seria permitido se ausentar por longos períodos em outro mundo, não importa o quão poderoso ele possa ser. Aparentemente, era a regra da natureza deste mundo. Era algo contra o qual ninguém poderia lutar – nem mesmo o rei do submundo.

Como tal, Zeke não desejava esse poder. Ele tinha zero interesse nele. O que ele queria era voltar para a Alicia e nunca mais deixar ela e o filho deles. Ele não tinha interesse em governar este mundo! Ele só queria viver uma vida pacífica com sua família. Este é o sonho dele agora. Um sonho pelo qual ele daria qualquer coisa para obter. E obter, ele iria!