859: Um homem 859: Um homem A voz de Iryz era severa, até mesmo áspera, enquanto ela apresentava suas condições para ele. Ela estava permitindo que ele visse que ela não estava brincando. Ele precisava saber de cara que suas condições nunca eram uma piada ou algo que deveria ser levado na brincadeira.

Ela não iria cavar sua própria cova permitindo que ele ficasse agora e depois apenas saísse um dia, quando bem entendesse. Ela recusava ser aquela que sempre era deixada para trás. Se ele não pudesse se comprometer a ficar para sempre, então era melhor que ele partisse agora. Isso pouparia a ambos as dores de coração no futuro.

“Ok…”, ele disse, “eu aceito sua condição, Iryz.” Ele respondeu.

Seus queixos caíram. Ela não pôde evitar. Seus olhos vasculharam os dele e viram nada além de seriedade em seu olhar. Ela nem mesmo conseguiu ver qualquer hesitação! E ela estava… ela estava até pensando que ele precisaria de algum tempo para pensar ou talvez dar alguma outra desculpa. No entanto, ele havia respondido quase imediatamente. Esse cara… ele realmente entendia suas condições? Até ela sabia que sua condição era bastante absurda e exagerada! Mesmo assim, ele havia dito ok, assim, de uma vez? Que inferno? Ele tinha danificado a cabeça quando ela o chutou há pouco tempo?

“Eu posso até preparar um acordo oficial, se você achar necessário. Ou posso fazer o juramento da bruxa em vez disso, já que é irrevogável –” Zeres ofereceu rapidamente, ao ver que Iryz não respondia mesmo depois de alguns segundos concordando com suas condições.

“Você… Espere um p*to momento!!!” ela finalmente explodiu. Seus olhos estavam bem abertos, tanto de choque quanto de incredulidade. Ela, claro, sabia sobre essa coisa de juramento da bruxa. E era algo extremamente sério! Sua avó havia contado para ela sobre isso quando ela era mais jovem, que quando uma bruxa faz um juramento para uma certa pessoa, ele ou ela seria ligado àquela pessoa para toda a vida. Era algo como votos de casamento humanos – só que não havia divórcio neste caso. É permanente! Requeria um enorme e severo sacrifício se a bruxa ousasse romper seu próprio juramento. Então, por que diabos esse homem estava falando sobre fazer um juramento da bruxa tão facilmente assim?!

Iryz pressionou os dedos contra as têmporas e respirou fundo.

“Olhe aqui, Zeres. Você sabe da grave consequência dessa… desse juramento, certo?” Iryz tinha que ter certeza disso com ele. Como uma bruxa poderosa, não havia como ele não saber disso. Então, ela não entendia por que ele estava agindo assim. Poderia ser que houvesse algo mais que ele queria em troca? Porque, para ela, Zeres concordar com isso tão facilmente era apenas muito aleatório.

“Claro. Eu sou uma bruxa antiga e só esqueço os rostos das pessoas no passado. Tudo mais ainda está claro para mim.”

“Então por que diabos você está levando isso tão na brincadeira assim?! Ugh! Você está me deixando louca!” ela gritou para ele e estendeu a mão para segurar sua cabeça. “Onde você bateu a cabeça quando eu te chutei? Foi um barulho bem alto há pouco. Foi com a cabeça que você caiu? Foi sua cabeça que se machucou?” Iryz girou a cabeça dele de um lado para o outro, procurando casualmente por algum inchaço, só por garantia.

Zeres também, permaneceu imóvel e permitiu que Iryz manipulasse sua cabeça da forma que ela queria, sem a impedir ou criar alvoroço. Ele apenas parecia extremamente confuso. Ele estava até piscando inocentemente e parecia estar pensando se havia bagunçado algo novamente. Por que Iryz parecia chateada com o que ele acabara de dizer?

“Me responda, Zeres. Onde você bateu a cabeça? Hein??” ela estava genuinamente preocupada. Suas palavras eram apenas… apenas muito difíceis de acreditar que ela não pôde deixar de realmente pensar que ele não estava em seu juízo perfeito naquele momento. E este não parecia ser o Zeres mal-humorado e de temperamento difícil que ela havia conhecido até agora!

“Eu não bati minha cabeça. Além do mais… Eu acho… você deveria parar de fazer isso e sair de cima de mim agora.” Ele disse isso baixinho.

Iryz congelou. Ela havia esquecido momentaneamente que ainda estava a cavalo nele. Então, ela eventualmente se afastou muito lentamente para olhar para o rosto dele. Para sua surpresa, sua cor havia mudado. Que inferno era esse? Ele estava… ele estava corando? De jeito nenhum, certo?!

Ao perceber a posição questionável em que se encontravam naquele momento e apesar do constrangimento louco que também havia inundado todo o seu ser, ela não se apressou em sair de cima dele.

Se fosse em qualquer outro momento, ela teria pulado dele como se algo muito quente a tivesse queimado, mas… mas o olhar no rosto dele naquele momento a fez manter sua posição e permanecer imóvel. E então um lado malvado inesperado apareceu em sua mente. Ou seria sua mente de contadora de histórias românticas e sem esperanças que havia tomado o controle? Seja lá o que fosse… havia sido despertado.

“E se… eu não quiser descer de você? O que você faria, hmm…?” ela perguntou. Seu interior já estava gritando nesse momento, mas sua expressão externa de alguma forma conseguiu permanecer séria, exceto pelo seu rosto que agora parecia superaquecido.

Ele piscou, duas vezes, três vezes, antes de finalmente abrir a boca com muita hesitação. “Eu poderia… acabar te beijando ou… tocando em você… Eu ainda sou um homem, Iryz. ”
Enquanto ela ficava quase completamente catatônica, Zerez se movia com muita facilidade e se levantou, carregando-a consigo.

Então ele se curvou e a sentou na borda da cama, agachando-se diante dela. Ele olhou dentro dos olhos dela antes de baixar o olhar para os dedos dela que estavam agarrando firmemente suas mangas.