288: Capítulo 288: Eu sou egoísta… 288: Capítulo 288: Eu sou egoísta… Cisne ainda chorava em um pavilhão de mármore, cercado por fileiras de belas e perfumadas flores de outono que pareciam não ter fim. Contudo, nem mesmo essa maravilhosa vista conseguia impedi-la de chorar por um segundo.

“Minha querida filha, você está chorando há semanas no tempo do Reino da Terra. Você não está cansada?” Asmara, Deusa do Sol, caminhou em direção ao pavilhão. Ela usava um vestido semelhante ao de sua irmã, a Deusa da Lua, mas era dourado.

Seu rosto estava coberto de luz, então ninguém podia vê-lo, nem mesmo sua filha.

Cisne tentou reprimir seu choro até que fossem apenas soluços abafados.

“Minhas desculpas, mãe. Eu estava apenas… triste…”

“Por causa do seu esposo?”

…
Cisne assentiu.

Asmara sentou ao lado de sua filha no pavilhão de mármore, e gentilmente acariciou os cabelos dourados de Cisne, “Você foi quem me rezou, então eu vou tirá-la do Reino da Terra. Você desejou ser espuma do mar, ser poeira, ser uma estrela sem nome que explodiu e desapareceu para sempre. Estou apenas concedendo o que você desejou.”

“Eu sei, mãe…” Cisne abaixou a cabeça. Se pudesse ser honesta, ela ainda não se arrependia do que havia feito ao se retirar do reino terrestre, porque era muito doloroso existir em um mundo onde Gale beijava outra mulher. “Naquela época, eu continuava me dizendo que eu não era nada para ele. Então achei que seria melhor ele arranjar outra mulher depois de mim. Contanto que ele me mantivesse viva, seria uma bênção disfarçada.”

“Eu continuava dizendo a ele para encontrar outra mulher para se satisfazer e o afastava de vez em quando,” confessou Cisne. “Mas quando o vi beijando outra mulher, senti como se meu corpo inteiro tivesse esfriado, e fiquei tão amarga que desejei nunca mais vê-lo pelo resto da minha vida.”

Cisne apertou seu vestido, que era similar ao que sua mãe Deusa usava. Sua barriga havia crescido um pouco desde a última vez que deixou a terra.

“Eu-Eu sei que sou egoísta. Eu não deveria ter monopolizado ele só para mim. Mas eu não consigo. Então eu… Eu só quero desaparecer, para que Gale possa estar com qualquer mulher que ele queira sem ter que pensar em mim e no nosso bebê,” disse Cisne. “Eu me lembro daquela vez quando meu falecido pai, Rei Tyrion, estava tão sobrecarregado depois de me ter. Ele me tratava como se eu nunca tivesse existido. Ele permitia que minha madrasta e meia-irmã me intimidassem sem parar até minha perna ficar aleijada. Eu não quero que meu filho passe pela mesma dor que passei; nascido sem ser amado e desprotegido por seu pai.”

“Ele não pediu desculpas e implorou para você não ir embora?” Asmara lembrou.

“Ele também me disse muitas vezes que me ama, mãe. Ele me disse que eu era a única. Ele me disse que nunca havia se apaixonado antes,” murmurou Cisne. “Como devo acreditar que seu pedido de desculpas é sincero?”

…
A Deusa do Sol queria mostrar que o lobo amaldiçoado havia sido afetado por afrodisíaco e ilusão. No entanto, sabendo do perigo iminente da Grande Bruxa Harsetti, a Sombra do Sol, quando Cisne ainda estava grávida, Asmara decidiu mantê-lo em segredo por enquanto, pelo menos até Cisne ter dado à luz seu filho em segurança.

Essa também era a razão pela qual ela rejeitou a ideia de sua irmã de permitir que Gale e Cisne conversassem, pois Cisne ainda estava sobrecarregada com tristeza e raiva agora.

“Mãe, posso te perguntar uma coisa?”

“Sim, o que é querida?”

“Por que você se manteve em silêncio todo esse tempo? Desde o dia em que nasci e fui intimidada, até agora, por que você não me ajudou mesmo eu sendo sua filha?” Perguntou Cisne.

“Porque você está destinada a estar com o lobo amaldiçoado, o representante de minha irmã na terra. Você só poderia ativar seu poder quando tivesse seu primeiro contato com o lobo amaldiçoado. Todas as suas transformações de humanos comuns para uma Santa, e então para um Anjo são todas devido aos seus fortes sentimentos por Gale,” respondeu a Deusa do Sol.

“Além disso, ele vinha te protegendo de vez em quando no Palácio Santo Achate. Você se lembra do cavaleiro misterioso que a salvou algumas vezes de situações perigosas quando você era adolescente? Era o espírito de Gale que você invocava involuntariamente com seu poder.”

Cisne ficou silenciosa após receber todas as explicações de sua mãe. Ela não era alguém que gostava de guardar rancor, e embora tivesse um pouco de ressentimento aqui e ali, ela percebeu que tudo estava no passado. Pelo menos ela podia caminhar com seus dois pés nesse reino das deusas agora.

Asmara viu que o humor de Cisne estava melhorando, então decidiu mostrar o presente que ela havia guardado todo esse tempo.

“Tenho uma coisinha para animá-la enquanto está grávida,” disse Asmara enquanto estalava os dedos. Um pequeno gato malhado laranja de repente apareceu na perna de Cisne.

Os olhos de Cisne se arregalaram assim que ela identificou o gato. Ela o abraçou forte, “Sunsun! Graças à Deusa, você não está machucado!”

“Mraw! Meow!” O gato malhado laranja chamado Sunsun também reconheceu rapidamente sua dona.

Asmara queria contar a ela como Aria ordenou que o guarda o espancasse até a morte, então Cisne ficou esperando muito tempo para alimentá-lo, esperando que o gato voltasse.

Mas ela percebeu que isso apenas deixaria sua filha triste, então guardou para si mesma.

“Sunsun está seguro e protegido com você agora. Se você quiser voltar ao Reino da Terra, pode levá-lo com você,” disse a Deusa do Sol.

“Eu… Eu não acho que deveria voltar, mãe…” respondeu Cisne.

“Por que não?”

“Porque tenho medo do que eu veria. E se o Gale já tiver seguido em frente quando eu voltar? Ele pode facilmente me trair enquanto estou grávida, afinal.”

A Deusa do Sol deu uma risadinha significativa, “Tenho certeza de que você mudará de ideia mais tarde. Tudo isso faz parte do seu destino como minha sucessora, minha querida filha.”