Casamento Surpresa com um Bilionário - Capítulo 460
Capítulo 460: Sozinha
O mundo foi pego de surpresa com o fim de Carla.
“Ela realmente ficou infame, mesmo na morte,” Sanya disse baixinho, soltando um profundo suspiro.
Ninguém esperava que acontecesse da forma que aconteceu. Mas Clifford garantiu que os momentos finais de Carla fossem vistos por todos. Os vídeos, capturados em tempo real pelas câmeras ocultas implantadas nos disfarces que imitavam Chuva e Sanya, foram transmitidos em todas as plataformas ao redor do mundo.
Chuva sentou em silêncio, seus dedos apertados ao redor de uma xícara de chá intocado. “Eu me sinto mal por aquelas duas mulheres,” ela murmurou. “Elas tomaram nosso.”
“Não fique,” Sanya respondeu gentilmente. “William me disse que as alertou claramente sobre o quão perigosa era a missão. Ele disse que elas conheciam os riscos. Elas se voluntariaram de qualquer forma.”
Ela fez uma pausa, baixando a voz. “Ainda assim… ninguém pensou que Carla iria perder a cabeça tão rápido, simplesmente matá-las daquele jeito antes mesmo do time de resgate chegar.”
O peito de Chuva apertou, o peso de tudo isso repousando pesadamente em seus ombros. “Elas morreram para nos proteger.”
Sanya assentiu solenemente. “Elas foram corajosas.”
Um longo silêncio seguiu antes de Sanya finalmente falar novamente. “Era o plano de Alexandre o tempo todo, não era?”
“Sim,” Chuva confirmou. “Feedar Tim com informações, deixá-los pensar que tinham a vantagem, era tudo parte do plano. Envolvê-los em uma jogada, expor Carla por quem ela realmente era, e capturar Tim no processo. Dois coelhos com uma cajadada só.”
Chuva olhou pela janela, sua reflexão borrada contra o vidro. “É por isso que tudo foi gravado. Cada palavra que ela disse. Cada ato violento. Eles queriam que a verdade estivesse lá fora. Sem mais esconder atrás de mentiras.”
“E agora o mundo inteiro sabe,” Sanya disse. “Não há apagar isso.”
O silêncio voltou, mais pesado dessa vez, entrelaçado com tristeza, justiça e o custo que veio com ambos. O silêncio logo foi quebrado quando Tia Melanie entrou na sala de estar, vestida com um simples vestido preto, sua expressão composta, mas pesada com emoção.
Chuva e Sanya se viraram para ela, surpresas.
“Tia Melanie?” Sanya piscou, levantando-se. “Para onde você está indo?”
Melanie alisou a frente de seu vestido e ofereceu um pequeno, cansado sorriso. “Eu quero ver meu irmão… uma última vez.”
Chuva levantou lentamente de seu assento. “Ele ainda é meu irmão,” Melanie disse suavemente com um sorriso fraco. “Não importa o que ele fez. Eu só… preciso olhar e vê-lo.”
Sanya trocou um olhar silencioso com Chuva, nenhuma delas sabendo o que dizer. Houve uma longa pausa antes de Sanya sussurrar, “Você quer que nós vamos com você?”
Melanie olhou para as duas garotas com olhos gratos e sorriu fracamente. “Não. Eu preciso fazer isso sozinha.” Ela pegou seu casaco, endireitou os ombros, e caminhou até a porta. Justo antes de sair, virou-se para olhá-las.
“Obrigada,” ela disse suavemente. “Por sobreviverem. Por permanecerem gentis… mesmo depois de tudo.”
Então ela se foi.
A porta fechou-se suavemente atrás dela, deixando Chuva e Sanya em um silêncio que parecia tanto pesado quanto estranhamente esperançoso.
“Ela é forte,” Sanya sussurrou. Chuva assentiu. “Mais forte que muitos.”
******
Na prisão onde Tim estava detido, a sala de visitas estava quieta, exceto pelo ocasional movimento dos guardas e o murmúrio baixo de outras conversas por trás das divisórias de vidro.
Melanie sentou-se de um lado do grosso vidro, suas mãos dobradas firmemente em seu colo. Ela parecia mais velha do que no dia anterior. O luto tinha uma maneira de envelhecer as pessoas da noite para o dia.
Do outro lado, Tim foi levado, algemado e vestindo o cinza opaco do uniforme da prisão.
Ele olhou para cima, surpreso ao vê-la. Por um momento, ele apenas olhou. Então ele se sentou lentamente, seus olhos vermelhos e cansados.
“Mel…” ele disse, sua voz rouca.
Ela pegou o telefone, seus dedos tremendo. “Oi, Tim.”
Ele hesitou, então pegou o telefone do seu lado. “Por que… por que você está aqui?”
Melanie o encarou por um longo momento silencioso. Sua voz saiu suave, quase frágil. “Eu só queria ver meu irmão uma última vez.”
Tim engoliu em seco. “Você veio para me culpar?”
“Não,” ela sussurrou. “Não, Tim. Eu vim para dizer algo que deveria ter dito há muito tempo.”
Lágrimas surgiram em seus olhos, mas ela não as deixou cair ainda. Sua voz falhou enquanto continuava. “Se ao menos você deixasse de lado esse rancor… se você tivesse apenas superado o passado… talvez as coisas pudessem ter sido diferentes. Talvez Carla ainda estivesse viva. Talvez nós, você e eu, ainda pudéssemos ser uma família.”
O maxilar de Tim se contraiu, seu rosto se apertando de dor.
“Você tinha ela,” Melanie disse, sua voz subindo apenas um pouco, crua de emoção. “Você tinha uma filha que poderia ter te amado mais do que qualquer coisa. Mas ao invés de curar, você alimentou-a com veneno. Você a transformou em uma arma contra fantasmas que deveriam ter sido enterrados anos atrás.”
“Eu fiz isso por ela!” Tim bufou, pressionando sua palma contra o vidro. “Por Carla! Por Lydia!”
“Não,” Melanie disse suavemente, uma lágrima finalmente escorregando pela sua bochecha. “Você fez isso pelo seu orgulho. Sua raiva. Você deixou essas coisas criá-la em seu lugar. E no fim… isso destruiu vocês dois.”
Os ombros de Tim tremiam. Ele abaixou a cabeça, os olhos fixos na mesa de metal entre eles, sua voz falhando.
“Eu não queria que isso fosse tão longe. Eu nunca quis que Carla morresse. Ela era a única que eu tinha… a única parte de Lydia que eu tinha.” Ele engoliu em seco.
A expressão de Melanie suavizou com uma dor silenciosa. “Mas você ainda a perdeu, Tim. Não porque o mundo a tirou de você… mas porque você a empurrou longe demais. Por que você não parou?”
Ele não tinha resposta.
“Eu penso sobre Mãe e Pai,” ela continuou, sua voz mais baixa novamente. “Sobre o que eles diriam se vissem o que nos tornamos. Nós poderíamos estar sentados em uma mesa. Compartilhando histórias. Rindo. Vivendo. Carla deveria ter tido isso. Todos nós deveríamos ter tido.”
“Eu sei,” Tim engasgou, sua voz mal audível. “Eu sei…”
Melanie olhou para ele através do vidro, seus olhos cheios de tristeza. “Eu não te odeio, Tim. Eu acho que nunca poderia. Mas eu nunca entenderei por que você escolheu vingança ao invés de amor. Por que você deixou isso te cegar?”
O silêncio se estendeu entre eles.
Finalmente, Melanie disse gentilmente, “Esta… foi a última vez que eu vou te ver. Eu só queria que você ouvisse isso de alguém que ainda se importa. Você poderia ter escolhido a paz. Você ainda pode… mesmo agora. Mas eu não estarei por perto para te lembrar.”
Ela se levantou lentamente.
Tim olhou para ela, quebrado, vazio. “Mel…”
“Espero que você encontre o que resta da sua alma aqui,” ela disse, colocando a palma gentilmente contra o vidro pela última vez. “Por Carla. E por Lydia.”
Então ela se afastou. Tim pressionou sua testa contra o vidro enquanto ela se afastava. Pela primeira vez em anos, ele chorou. Sozinho.