Capítulo 329: Gritar mais alto não te faz inocente

Além da cor, eles eram exatamente iguais.

O vestido de Selina era preto, mas todos os outros detalhes—desde o corte até o padrão—eram idênticos ao de Angelica.

“Como podem existir dois vestidos idênticos?”

“Isso… alguém obviamente copiou o outro! Quem está copiando?”

“Não é óbvio? Tem que ser a Selina copiando a Angelica. A audácia de plagiar tão abertamente em uma competição—ela realmente acha que ninguém pode responsabilizá-la?”

Os juízes olharam furiosos.

“Inacreditável. Plágio?!”

“Ela acha que somos cegos? Quem deu a ela a audácia de copiar?”

“Sugiro desqualificar a Selina imediatamente e publicar uma explicação pública no site oficial e no Twitter. Dar um exemplo!”

“Sr. Rowan, o que o senhor sugere que façamos sobre isso?”

A tia de Angelica do lado dos Morris gritou, praticamente apontando o dedo na cara de Selina. “Angelica arriscou o pescoço por você, pediu aos juízes para te darem outra chance, e é assim que você a recompensa?! Hein?!”

Joe hesitou, seu olhar se voltando com desapontamento para Selina.

Kyle abriu a boca para dizer algo, depois a fechou novamente.

Se Selina realmente tivesse plagiado… então ele tinha ainda mais motivos para cortar laços com ela. Sim. Uma filha da Família Morris nunca poderia ser uma fraude. Apenas Angelica merecia ser a verdadeira herdeira.

Todo o barulho e acusações rodopiavam ao redor, mas Selina permaneceu calma. Ela soltou uma risada fria.

“Dois vestidos idênticos—e vocês imediatamente assumem que eu sou quem copiou? Por que não considerar a possibilidade de que Angelica me copiou?”

Todo o local caiu em um silêncio atordoado.

Ela era… ousada. Ousada demais. Como ela se atreve?

Angelica era a designer principal do Grupo Morris, uma das alunas de Estrela, com numerosos trabalhos aclamados.

Selina? Quase sem reputação, sem portfólio, acusada de forjar uma conexão com Estrela…

Como alguém poderia acreditar que Angelica a copiou?

Rigel estava furioso. “Absurdo! Angelica plagiou você? Olhe para si mesma—você é digna dessa afirmação? A prova está bem aqui, e você ainda nega? Você não tem lugar nesta competição!”

Os dedos de Logan se apertaram em volta de sua xícara de chá.

A plagiadora estava se banhando em glória, enquanto a verdadeira designer estava sendo crucificada.

A Sra. Reid disse que queria lidar com isso sozinha. Tudo bem. Mas algumas pessoas ainda precisavam aprender uma lição.

Enquanto as palavras de Rigel ecoavam, Angelica cambaleou como se tivesse levado um golpe, sua voz tremendo. “Selina… como você pôde…”

“Hmph! Ela está desesperada para vencer e acha que ser sua irmã significa que você vai encobri-la. É por isso que ela é tão descarada,” Rigel zombou.

Lágrimas brotaram nos olhos de Angelica. Ela olhou para baixo, devastada. “Esqueça. Não direi mais nada. Sr. Rigel, faça o que for necessário. Não se preocupe em poupar meus sentimentos.”

O tom de Rigel ficou duro. “Já que a própria Angelica falou, eu declaro que Selina plagiou o design dela nesta competição. Suas ações foram vergonhosas e, portanto—”

“Sr. Rigel.”

Selina de repente olhou para cima. Sua expressão estava gelada, cada palavra cortante e clara.

“Eu disse que Angelica me copiou. Você não ouviu?”

Suas palavras ecoaram pelo salão.

—”Eu disse que Angelica me copiou. Você não ouviu?”

!!

Rigel estava indignado. Ele bateu a mão e se levantou, gritando com ela.

“Mentiras! Tirem-na daqui! Angelica fez tudo o que pôde para protegê-la, e é assim que você a recompensa, sua ingrata—”

“O tema desta competição é ‘Luz’.”

Selina ignorou a indignação de Rigel, pegou calmamente o microfone e começou a falar em um ritmo constante.

“Meu vestido preto apresenta uma saia em forma de asas de borboleta. O tecido preto transparente reage de maneira diferente sob várias condições de iluminação.”

Todos instintivamente olharam.

Sob as luzes do salão, as mudanças nas asas escuras não eram óbvias. Mas quando Selina ligou a lanterna do celular e a passou pelo vestido, a multidão ficou boquiaberta—as asas pretas ganharam vida, cintilando como água sob o luar.

Angelica de repente entendeu, seu rosto perdendo toda a cor. “Selina—”

Selina não lhe deu chance de falar. “O motivo desse efeito é que eu incorporei pequenos diamantes no tule preto.”

Os diamantes eram minúsculos, mas sob luz forte, refletiam tons deslumbrantes.

“O tema é ‘Luz’, então projetei este vestido para dar toda a sua beleza à luz. Ele só se torna bonito quando há luz. Na escuridão, é apenas um vestido preto simples.”

Após a explicação de Selina, a sala ficou em silêncio por um momento. Os designers na plateia foram os primeiros a concordar com a cabeça—o conceito dela fazia todo sentido.

Enquanto outros haviam se concentrado em usar o vestido para representar a luz, Selina usou a própria luz para revelar o vestido.

O rosto de Rigel se contorceu, e Selina zombou.

“Então, Angelica,” ela disse friamente, “como exatamente seu vestido reflete o tema ‘Luz’? É só porque é branco? Se esse for o caso, por que a saia em forma de borboleta? O que as borboletas têm a ver com luz?”

Cada pergunta fazia o rosto de Angelica ficar um tom mais pálido.

Dois vestidos—um preto, um branco—com exatamente o mesmo design. Mas apenas um combinava com o tema.

O vestido de Selina tinha propósito, camadas e significado. O de Angelica era bonito, sim, mas sem alma—e completamente sem relação com o tema.

Olhares desconfiados começaram a se voltar para Angelica.

Joe parecia incerto. Ele confiava em sua filha, mas o que Selina disse não parecia mentira. O que estava realmente acontecendo?

Angelica mordeu o lábio, parecendo perdida e desamparada. “Selina, admito que seu conceito é bem pensado. Mas esse vestido é meu. Eu o projetei. Não sei como você conseguiu meus esboços, talvez os tenha modificado para algo melhor, mas você roubou minha estrutura—”

“Ah é?” Selina sorriu. “Então me diga—como exatamente eu o roubei?”

Os olhos de Angelica se encheram de lágrimas. Ela balançou a cabeça desesperadamente. “Eu não sei… eu realmente não sei. Só sei que o vestido em que trabalhei tanto… de repente se tornou de outra pessoa…”

Rigel bateu a mão na mesa. “Selina! Depois que Angelica terminou seu esboço, você deve ter encontrado uma maneira de roubá-lo! Quem sabe o que você fez—talvez tenha subornado um funcionário!”

Selina riu. “Angelica tem muito mais conexões com o comitê do que eu. Se eu pudesse subornar alguém, não seria ainda mais fácil para ela?”

Rigel ficou vermelho. “Isso é especulação sem fundamento!”

O olhar de Selina escureceu. Ela sabia que Angelica não admitiria nada sem provas sólidas.

Tudo bem.

“Angelica,” Selina disse calmamente, “aquela frase sobre ‘um vestido em que você trabalhou tanto de repente se tornou de outra pessoa’—estou devolvendo isso para você.”

Ela se virou para Rowan. “Sr. Rowan, já que o Sr. Rigel acredita que eu subornei funcionários para roubar designs, poderia fornecer as filmagens de vigilância das salas de design, tanto a minha quanto a de Angelica?”

—Se alguém plagiou, a verdade não seria óbvia no vídeo?