Capítulo 447: Marca da Deusa
O rosto de todos ficou pálido e seus olhos se arregalaram diante da ferocidade do beijo. Só terminou quando Hazel empurrou a fera para longe. Seu rosto parecia feio. Não havia a felicidade de uma mulher recém-casada, mas o nojo de uma mulher ultrajada estampava sua expressão.
Ao perceber todos os olhos sobre ela e lembrar onde estava, ela controlou suas emoções e forçou um sorriso no rosto.
“Eu.. aquilo.. Foi muito avassalador.” ela abaixou a cabeça, esperando que parecesse tímida, mas não conseguiu esconder completamente o nojo.
Philip riu do outro lado, mas seu rosto era frio e dominador.
“Minha nova esposa é muito tímida. Devo levá-la ao nosso quarto para que ela possa aproveitar devidamente.” ele lambeu os lábios com fome nos olhos. “Já que não há convidados, tenho certeza de que nossa presença não é mais necessária.”
Hazel olhou para seus pais com um olhar suplicante, apenas para ver um sorriso encorajador como resposta. Ela não tinha ninguém em quem confiar, exceto ela mesma. Para eles, ela não passava de um meio para alcançar um fim. O pensamento trouxe uma nova onda de raiva que lhe deu força para suportar.
Escondendo a frieza em seus olhos, ela saiu enquanto segurava as mãos de Philip.
A sala ficou em silêncio e todos os olhares se voltaram para Carmen.
“Sua majestade!” ninguém jamais poderia imaginar que ele se casaria novamente. Após o rumor de que ele havia matado sua própria esposa na noite de núpcias, nenhum nobre ousou casar sua filha para testar a teoria. E se fosse verdade e suas preciosas filhas tivessem o mesmo destino?
Mesmo que alguns que não se importavam muito tentassem, Carmen nunca aceitou. Ele anunciou que já havia cumprido seu dever de casar como um membro da família real. Não havia necessidade de se casar novamente. Mas agora ele estava se casando com uma mulher coberta de lama e escândalos.
“Sua majestade, o senhor deveria pensar novamente.” Charlotte, a mãe da noiva, instou em um tom desesperado. Seu rosto estava pálido e suplicante. Parecia que ela estava no funeral da filha e não em seu casamento.
Os olhos de Carmen cintilaram ao ver o pânico dela. Se ao menos aquele pânico fosse por ele.
“Você não quer que sua filha seja rainha, minha senhora?” ele perguntou com um tom divertido e uma sobrancelha levantada, enquanto Charlotte cerrava as mãos em punhos.
“Ela é doze anos mais jovem que Vossa Majestade. Ela é ingênua e mimada. Não tenho certeza se ela entenderia seu coração e assumiria a responsabilidade do palácio.” Elene zombou das tentativas de sua mãe. No passado, ela teria acreditado que sua mãe estava preocupada com ela. Mas agora ela sabe!
Ela segurou as mãos de Carmen firmemente, forçando-o a olhar para ela.
“Eu lhe asseguro, Vossa Majestade, que farei o meu melhor para aprender e seguir cada uma de suas instruções. E eu não estou assumindo a posição de imperatriz, mãe.” Carmen assentiu e deu um passo à frente.
“Apenas a rainha, Abraão.” Abraão assentiu. Ele olhou para Elene com interesse enquanto Carmen soltava suas mãos e dava um passo para trás.
A rainha não poderia ser a primeira esposa, apenas uma consorte. Então Carmen não trocaria votos com ela. Ela seria a única a fazer votos e prometer sua vida a Carmen.
“Senhora Elene Estrela da Meia-Noite.”
“Eu, Elene Estrela da Meia-Noite, tomo você, Carmen Von Grivia Edward En Castlia, como meu marido, para ter e manter desde este dia em diante, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para amar e cuidar, até que a morte nos separe, de acordo com a lei sagrada de Deus, na presença de Deus eu faço este voto.” Ela abaixou a cabeça diante da deusa.
Por algum motivo, ela sentiu uma dor estranha no peito enquanto proferia as palavras. Seus joelhos começaram a ceder, mas ela tinha que se curvar até que Abraão pedisse que ela se levantasse. Ela tinha que mostrar sua lealdade à deusa.
O suor começou a cobrir seu rosto e sua respiração tornou-se superficial. Enquanto tremia, sentiu uma mão em sua cintura estabilizando-a.
“Agora pode se levantar.” e as palavras de Abraão seguiram.
Carmen estava segurando-a, surpreendendo-a. Ela tinha certeza de que ele não participaria da cerimônia.
“Sua majestade..”
“Você está cansada, vá com as empregadas e descanse. Eu me juntarei a você em uma hora.” ela fechou a boca e assentiu enquanto saía.
Por enquanto, seu objetivo era se afastar do alcance de sua mãe para salvar sua vida e descobrir a verdade. E ajudar Evangeline, se possível. Ela veria o que poderia conseguir no processo.
Cinco empregadas já a esperavam quando ela se virou. Elas a guiaram para longe do grande salão. Seus olhos encontraram o olhar frio de sua mãe, mas ela ignorou aquela mulher.
“Minha família política, que agora se tornou parte de nossa família, pode sair também. Em breve realizaremos um banquete e os convidaremos para anunciar nosso vínculo. Por enquanto, por favor aceitem o símbolo de apreciação da família real.” As empregadas estavam atrás deles para guiá-los. Ao mencionar os presentes, a família Downshire saiu apressadamente.
Charlotte também arrastou e pisou os pés quando percebeu que não iria conseguir nada ao ficar ali.
Carmen olhou para Abraão sorrindo com um olhar aquecido.
“O que aconteceu com Elene?” Abraão levantou uma sobrancelha, surpreso por Carmen perguntar sobre isso.
“Achei que você não tivesse interesse em sua linda canária. Acho que estava errado.” ele olhou para a estátua da deusa. “A deusa estava concedendo a ela um pouco de divindade, já que ela é meia-irmã da nova santa.” Carmen rangeu os dentes quando notou o sorriso de Abraão.
“Nós não vamos ter mais santa.” ele anunciou, apenas para Abraão suspirar.
“A deusa já a marcou. Não há ninguém no mundo que possa impedir isso.”