Casada Novamente por Vingança - Capítulo 430

Capítulo 430: A Criança da Maldição e da Bênção

Soliene encarou a multidão com olhos arregalados. Embora já esperasse por isso, ainda ficou surpresa ao ver o quanto de pessoas havia se reunido na porta da igreja. Era como se tivessem certeza de que a pessoa que sairia seria a sua santa.

Uma carruagem branca com bordas de ouro e cantos das janelas dourados estava esperando por eles. Ela estava atrelada a oito majestosos cavalos brancos. A carruagem parecia ter saído de um conto de fadas.

Tão gloriosa e grandiosa. “Você não deve se sentar dentro.” Abraão anunciou enquanto segurava as mãos de Eva com força e a guiava até o assento. Seu rosto parecia contorcido. Havia perdido a calma de antes desde que Eva havia dito que ele tinha falhado.

Embora Soliene não entendesse o que isso significava. Ela planejava perguntar quando se sentassem na carruagem.

“Perdão! Mas eu sou sua guardiã.” ela olhou para Eva em busca de ajuda, mas a mulher suspirou.

“Isso é uma cerimônia sagrada, Soliene. O cardeal deve se sentar comigo para garantir que ele me guie caso eu cometa algum erro. E quem poderia nos fazer mal em público.” ela explicou, mas a expressão de Soliene mudou. Sua expressão ficou feia, “e você não deve sair da carruagem, você vai se sentar com os cocheiros. No momento em que eu sentir sua necessidade, baterei na janela que nos conecta e chamarei você para dentro. Está bem?” Soliene não pôde fazer outra coisa senão acenar mesmo estando relutante, pois Eva a tratava como uma criança.

Ela não entendia. Eva estava tão rebelde na noite passada. O que aconteceu com ela de repente? Por que estava cedendo a todas as demandas de Abraão?

Por algum motivo, sentia que havia perdido algo importante na noite anterior desde que tudo havia mudado depois disso.

Um guarda abriu a porta e todos começaram a aclamar quando notaram Eva.

“Sua eminência.”

“A santa.”

“A bênção da deusa retornou.”

Suas vozes estavam cheias de esperança, alegria e alívio. Como se não pudessem expressar sua felicidade por mais que tentassem. Eva olhou para eles com um rosto alegre. Parecia empolgada como uma criança vendo uma feira pela primeira vez. Era difícil conter isso em seu rosto.

O orgulho, a alegria… Soliene olhou para ela como se estivesse em um transe até chegarem à carruagem.

Quando estavam prestes a entrar, uma menina atravessou a barricada e correu até Eva. Sua mãe, exasperada, a seguiu com um rosto petrificado.

“Santa. Eu trouxe esta flor para você.” a menina exclamou corando, sem perceber que havia cometido alguma infração. Eva pegou a flor das mãos da menina. Seu rosto abaixou, de modo que ninguém pudesse ver seus olhos que reluziram roxo por um segundo.

“Você deveria reverenciar a pequena.” ela sussurrou em um tom doce e suave, mas no segundo seguinte, a menina tropeçou e caiu no chão. Seu rosto ficou nos pés de Eva. Ninguém sabia o que havia acontecido, mas acreditaram que a menina estava nervosa e tropeçou em algo.

Somente Soliene viu que não havia nada. A menina caminhava sorrindo e de repente caiu.

“Sua eminência, por favor, perdoe a criança.” implorou a mãe da menina, mas Eva balançou a cabeça e entrou na carruagem segurando as mãos de Abraão.

No momento em que se sentou, seu rosto tornou-se melancólico.

“Faz um século desde que retornei. O mundo mudou completamente.” ela suspirou, fazendo Abraão parecer preocupado.

“Sua eminência, você está me assustando agora. Qual é o problema se você está dentro dela?” o suor frio cobriu seu rosto e seu corpo ficou tenso. A mulher olhou para a multidão e fechou os olhos, deleitando-se com o momento.

“Ela está grávida.” Eva sussurrou, “o feto tem uma consciência forte o suficiente para lutar pela mãe e Eva está lutando também. O selo não se quebrou ontem à noite.” Embora suas palavras tenham feito o homem estremecer, Eva não demonstrou preocupação. Tinha um doce sorriso no rosto, como uma criança desfrutando de doces.

“O que devemos fazer então?” Ele rangeu os dentes. “Devemos matar?”

Os olhos de Eva se abriram. Ela o olhou com um sorriso, mas seus olhos eram incompreensivelmente sombrios.

“A criança tem o sangue da maldição e da bênção. Você ao menos sabe o poder que ela pode ter? Ela pode ser o novo futuro não apenas para mim, mas para… ha! A criança viverá mesmo se o mundo tiver que morrer.” a voz não se elevou, mas deixou um arrepio subir pela espinha de Abraão.

Ele imediatamente abaixou a cabeça.

“Você reuniu uma boa multidão, Abraão. Você manipulou bem a fé deles por estas duas décadas. A fé deles é tão deliciosa, mas eles não acreditaram em Eva tanto quanto acreditaram em sua mãe.” ela suspirou suavemente. O homem finalmente se sentiu aliviado. Ele deu um sorriso bajulador para ela.

“Isso era esperado, sua eminência. Esperei por você por tanto tempo. Se não fosse pelo duque amaldiçoado, você nunca teria partido.” a mulher pausou. Seu olhar cintilou com algo tão sombrio que ele sentiu o ar ao redor dele rarefeito.

“Mas agora você retornou. Isso é tudo que importa.” ela assentiu e tocou sua testa. Uma estranha luz roxa começou a sair de seus dedos. O homem demonstrou deleite enquanto o poder começava a entrar em seu corpo. Mas justo quando começou a aproveitá-lo, Eva estremeceu como se fosse atingida por um raio e foi empurrada para seu assento.

Ela gemeu alto, como se estivesse gravemente ferida.

“Aah! Essa garota não tem poder algum. Sua mãe era tão forte.” ela amaldiçoou enquanto olhava para suas mãos fracas com ódio. Abraão suspirou também. Ele havia testado seu corpo, mas ele não continha poder algum. Havia apenas um brilho tênue. Deve ter pertencido ao feto também.

“Esqueça isso, vou tentar me ajustar pelos próximos meses. Mantenha sua boca fechada até então ou pode acabar falando com Eva em meu lugar.”