Casada com o Filho do Diabo - Capítulo 74

74: Capítulo 14 74: Capítulo 14 O mundo ao redor de Lucian parou de repente e a única coisa que ele conseguia ouvir era seu nome ecoando no silêncio. Ele não tinha certeza se tinha escutado corretamente ou se era tudo em sua cabeça. Como ela poderia saber seu nome? Seu verdadeiro nome.

Lentamente ele se virou, seu coração batendo erraticamente dentro do peito. Hazel ainda segurava seu braço e seus olhos giravam com tantas emoções e perguntas não respondidas. Lucian tinha suas próprias perguntas sem resposta. Quem era essa mulher e como ela sabia seu nome?

“Meu nome é Alexandre.” Lucian tentou corrigi-la, mas ela balançou a cabeça. Ela não acreditava nele.

“Não…não…” uma lágrima caiu em sua bochecha “você é Lucian…meu marido.”

Marido? Lucian riu nervosamente.

“Tudo bem, chega.” Ele disse, puxando seu braço e virando-se para ir embora, mas Hazel o parou novamente, envolvendo subitamente seu braço em torno de sua cintura, por trás.

Lucian congelou no lugar, chocado com a atitude dela. “Por favor, não me deixe novamente.” ela chorou. “Eu sei que é você, por que me salvou se não fosse? Por que me beijou?”

Por quê? A pergunta ficou no ar e como ele não conseguiu entender por que ele agiu daquela maneira, ele começou a se irritar.

“Você sabe que eu estive te esperando. Orei todos os dias para que você voltasse, então não me diga que não voltou para mim.”

Lucian sentiu-se estranhamente incomodado. Todo esse tempo ele quis voltar aqui e, mesmo que ele se convencesse de que era porque queria se vingar, lá no fundo, ele sabia que havia algo mais. Algo que tinha medo de descobrir e essa mulher… ela o aterrorizava.

Ele se soltou dela à força: “Escute, eu não sou seu marido e não sei do que você está falando. Eu teria ajudado qualquer um na sua situação, mas, se você não quer ajuda, fique à vontade para ir. ”
Hazel olhou para ele mais atentamente, como se tentasse entendê-lo. “Eu não sei por que você está fazendo isso, mas você está me machucando. Por favor, pare.”

O jeito como ela implorou para parar fez seu coração doer. Ele balançou a cabeça, ficando mais irritado pela forma como ela o fazia se sentir. Ela não era nada para ele, ele não se importava com ela. De costas para ela, ele se retirou sem dizer uma palavra.

No caminho de volta para o quarto, sua raiva apenas aumentou e, quando ele chegou ao quarto, estava fervendo de raiva. Agarrando uma cadeira, atirou-a pelo quarto e descarregou sua raiva em cada pedaço de mobília.

Quando não havia mais nada para quebrar, ele se sentou no chão se sentindo derrotado. Ele já havia ficado com raiva antes, mas nunca tanto e ele não era do tipo que quebrava ou jogava coisas. Ver esse lado dele mesmo o chocou. O que estava acontecendo com ele? Por que ele estava agindo assim.

Jade entrou abruptamente no quarto e estava prestes a dizer algo quando viu a bagunça que ele havia feito. Ela respirou fundo: “Não de novo.”

Claramente Alexandre também gostava de fazer confusão.

“Vossa Alteza…o que aconteceu desta vez?” Ela perguntou.

Quando ele não respondeu, ela ordenou que algumas empregadas limpassem a bagunça. Enquanto isso, Lucian se acalmou e tentou entender como as coisas tinham chegado a esse ponto. Parecia que ele não sabia e não entendia nada, e estava cansado demais para tentar descobrir sozinho, então, quando todos se foram, ele chamou Julian.

Julian apareceu do nada. “Vossa Alteza.” Ele fez uma reverência profunda.

Lucian não tinha certeza do que perguntar a ele, e também não confiava nele.

“Julian?”

“Sim, Vossa Alteza?”

“É possível que alguém veja através do meu disfarce?”

“Não, Vossa Alteza. Mesmo eu, não posso ver através…a menos que você queira que eu veja.”

Lucian pensou por um momento. Será que sem saber, ele queria que ela o visse? E mesmo que ela visse o verdadeiro ele, como ela poderia conhecê-lo quando ele não a conhecia? Ela até o chamou de marido.

“Algum problema?” Julian perguntou.

“Eu era casado?” Lucian perguntou, imaginando por que ele até fez uma pergunta dessas.

Ele saberia se fosse casado, mas sentia como se algumas peças da sua memória tivessem sumido. Não que Julian pudesse ajudá-lo. O exército real pertencia ao rei, então eles não sabiam muito sobre o que se passava no castelo. Além disso, todo príncipe se casava pelo menos quatro ou cinco vezes, então seria difícil acompanhar todas as mulheres.

Julian franziu a testa. “Você não se lembra?” Ele pareceu pensar por um momento. “Eu sei que você se casou uma vez. Ela era uma princesa de Maebeth.”

Ele era casado?! Como ele não conseguia se lembrar?

“Ela… ela também… morreu?”

Julian abaixou o olhar. “Lamento, Vossa Alteza”
Lucian repentinamente sentiu um nó na garganta. Mesmo que ele não pudesse se lembrar dela, mas o pensamento dela morrendo nas mãos de seu irmão o deixou furioso.

“Por que você não me contou antes?”

Julian parecia culpado. “Eu não sabia que você se importava tanto com ela.”

Lucian não podia culpá-lo. Poucos príncipes se importavam com suas esposas ou amantes. Mas Lucian se importava. Mesmo que ele não se lembrasse dela, seu coração estava pesado. Muito pesado, dificultando a respiração.

“Você está bem, Vossa Alteza.” Julian parecia preocupado.

“Eu quero ficar sozinho.” Sua voz era resoluta.

Julian se retirou sem dizer nada, então ele desapareceu.

Lucian se deitou na cama segurando o peito. Que dor era essa que ele estava sentindo e por que não conseguia se lembrar de sua esposa? Toda vez que ele tentava se lembrar, sua cabeça pulsava tão dolorosamente que fazia seus olhos lacrimejarem, até que ele desistiu e adormeceu.

Aquela noite ele sonhou com ela, sua esposa. Ela estava caminhando por seu jardim em um lindo vestido branco e com um sorriso de anjo. Caminhando entre as flores, ela parecia uma flor, uma rosa branca, pura e bela. De repente, ela se virou para ele, o sorriso desapareceu de seu rosto, substituído por uma expressão de tristeza.

Estendeu a mão para ele. “Não me deixe, Lucian.” Sua voz era o som mais triste que ele já tinha ouvido.

A mão de Lucian alcançou a dela, mas seus dedos passaram pelos dele e de repente ela estava caindo.

“Não! Não!” Lucian acordou com o coração batendo forte no peito e suando frio. Ele olhou em volta. Ainda estava na cama, mas o sonho parecia tão real. Ele
ainda podia sentir o toque de sua mão.

Sua esposa, ele deve ter amado ela, mas então, por que ele não conseguia se lembrar dela? Ele nem sequer conseguia se lembrar do rosto dela do sonho.

“Vossa Alteza.” Jade já estava no quarto olhando para ele com uma expressão de preocupação.

“O que é agora?” Lucian não queria lidar com ninguém naquele momento.

Por um momento, ela hesitou e depois começou a falar.

“Você acredita que a empregada que eu estava prestes a castigar desapareceu? Eles procuraram por ela a noite toda, mas não a encontraram em lugar nenhum.”

Lucian quase se esquecera dela. Ela havia dito que era sua esposa, mas sua esposa estava morta e ele se sentia culpado por até mesmo estar preocupado com essa empregada quando deveria se vingar de sua esposa morta.

Lucian decidiu esquecê-la e se concentrar em sua vingança, mas mesmo o dia passando e ele sentado na frente de seu irmão, tudo o que ele conseguia pensar era nela. Ainda estava naquele lugar frio e passara a noite toda e a manhã seguinte sem qualquer comida. Ela deve estar com fome e congelando, pensou ele preocupado, mas então balançou a cabeça.

Desta vez, ele estava determinado a não se importar. Ele continuou seu dia ouvindo as bobagens de seu irmão até o sol se pôr, depois voltou para o quarto e foi para a cama o mais rápido que pôde. Ao se deitar, percebeu que não havia feito nada de produtivo durante o dia todo, nem mesmo pensou uma vez sobre sua vingança, então, no que ele estava pensando?

No fundo de sua mente, ela ainda estava lá tentando emergir à superfície. O que essa mulher fez com ele? Talvez ela fosse uma bruxa, porque ela realmente o havia enfeitiçado. O que Lucian não conseguia entender é por que ela se colocaria em tanto perigo. Ela sabia que desafiar seu irmão significava a morte. Ela provavelmente tinha alguns truques na manga, pensou ele, portanto, não deveria se importar.

*********
Meu estômago roncou mais uma vez, mas mais do que a fome, o frio estava me matando. Meus dedos dos pés e dedos quase ficaram dormentes. Eu tremia enquanto eu esperava e esperava Lucian vir.

Eu sabia que ele viria assim como eu sabia que ele era meu marido. Tudo não poderia ter sido uma coincidência. O jeito que ele cheirava, aquele perfume picante que eu nunca esqueceria e a maneira como ele me fazia sentir, mas quando eu me convenci de que ele era o Lucian foi quando ele me salvou.

Lucian já me disse uma vez que ele poderia controlar o fogo e quando ele me salvou, de repente, todas as luzes se apagaram e, de todos os lugares, ele me trouxe aqui. Um lugar escondido em nosso jardim. Lembro-me de que estava escuro no quarto no começo, mas de repente as velas acenderam. Lembrei-me do momento em que ele me salvou daqueles homens que tentaram me estuprar. Ele os queimou vivos. Uma visão assustadora de fato, mas o que me deixou confusa foi por que ele estava negando que era ele?

Eu não conseguia pensar mais, pois meus dentes começaram a bater devido ao frio e mais partes do meu corpo ficaram dormentes. Será que Lucian realmente ia me deixar morrer aqui? Meu rosto endureceu e eu não consegui mais me concentrar por causa da dor. Tudo estava ficando embaçado e então… de repente eu ouvi o som rangente da porta se abrindo.

Lucian. Tentei levantar a cabeça para olhar, mas não consegui.

“Hazel!”

Ouvi passos correndo em minha direção e, de repente, Lucian me pegou nos braços. Seu corpo estava tão quente contra o meu frio que quase suspirei aliviada.

“Hazel!”

Fazia tanto tempo desde que ouvi ele chamar meu nome. Isso aqueceu meu interior.

“Sinto muito.” Sua voz estava cheia de culpa e preocupação. Ele me puxou ainda mais pra perto e me envolveu em um cobertor. Fechei os olhos, aliviada por estar segura agora, e então não havia mais dor, sem preocupação, apenas escuridão, e não estava mais com medo.