Capítulo 967: Cassandra está grávida!

Kero era muito profissional e fez todas as verificações padrão. Ele não parecia ter encontrado nada a princípio, o que o deixou intrigado, até que pensou em algo e estremeceu.

Ele olhou para a jovem senhora de cabelos roxos. Ela era uma das poucas da geração mais nova de quem ele realmente gostava, o que explicava o motivo de ter aceitado essa visita em primeiro lugar. Normalmente, ele não se daria ao trabalho de fazer visitas domiciliares na sua idade, muito menos uma que exigisse tantos juramentos previamente.

Ele tinha uma expressão complicada no rosto.

…será possível?

Sua expressão não passou despercebida pelas duas senhoras já extremamente sensíveis. “O que é?” perguntou Veronica, num tom um pouco mais apressado do que o adequado.

Cassandra apertou os lábios e o encarou com as sobrancelhas franzidas.

Kero pareceu perceber que havia deixado as duas garotas nervosas. “A-Ah… deixe-me tentar primeiro,” ele disse. Só por via das dúvidas.

Ele era velho em idade e era antiquado. Estava desconfortável, e talvez um pouquinho nojado, se a sua suposição se revelasse verdadeira. Ao mesmo tempo, era sua idade e experiência que o impediam de sair tão logo a ideia lhe ocorresse.

Pelo menos, mesmo que sua impressão da garota tivesse diminuído, ela ainda era uma das melhores daquela geração. Ele devia lhe dar o benefício da dúvida — algo que muito, muito poucas mulheres poderiam ter.

Ele tirou um pequeno kit do tamanho da palma da mão. Parecia uma placa de algum tipo, mas com uma solução especial em gel.

“Perdoe-me, senhorita,” ele disse, pegando um alfinete para conseguir uma gota do sangue dela.

As duas mulheres assistiram nervosamente enquanto uma gota caía sobre a substância parecida com gel e assistiram a solução ficar rosa diante de seus olhos.

O velho homem empalideceu, olhando para ela. Veronica foi até ele para ver. “O que é? É algo grave?”

“Ah, bem… é,” disse Kero, já gesticulando para arrumar suas coisas. “M-Miss Cassandra está grávida.”

Cassandra estava grávida.

Ambas quase desmaiaram.

Kero então se desculpou, evidentemente muito mais distante do que antes, mas elas não se preocuparam com ele revelar suas descobertas por causa do juramento detalhado. Elas apenas lhe pagaram um pouco mais, dando-lhe alguns bens de Alterra que guardavam para si próprias em seus espaços, para mostrar sua boa vontade.

Quando a porta se fechou, deixando as mulheres na sala, suas pernas quase dobraram com o choque e a fraqueza que as sobrecarregou.

Isso era realmente algo muito sério.

Cassandra poderia ser banida (ou até perseguida) se isso se tornasse conhecimento público. Mulheres sendo íntimas antes do casamento já era uma vergonha — que rebaixava o status e o valor de uma mulher por vários níveis — e ficar grávida fora do casamento era pior ainda.

O pai de Cassandra sempre amou a aparência, e também queria achar uma desculpa para colocar seus filhos ilegítimos em evidência.

Que ironia, certo? Como ela pode ter a possibilidade de ser caçada quando a pessoa que ele estava substituindo-a por era ilegítima?

Isso mostra o quão poderosas são as palavras de um homem — especialmente as de um Senhor.

Cassandra respirou fundo. “Isso significa que realmente não posso fugir,” disse ela, a voz completamente desprovida de qualquer esperança que inconscientemente mantivera. Ela tinha de seguir adiante com esse casamento!

Para ser sincera, uma parte dela ainda estava pensando em uma rota de fuga de alguma forma antes disso, só que se sentia tão doente para inventar qualquer coisa.

Mas agora… ela realmente não podia fazer nada.

Fugir a faria ser caçada por duas cidades, tornando demasiadamente perigoso para o seu filho. Se deixasse crescer sem um casamento, era provável que matassem os dois.

A melhor maneira era casar-se com alguém e fingir que era filho dele. Já haviam algumas semanas desde que ela e Gill fizeram aquilo, e a data do casamento não estava distante, então ainda poderia fingir que era um bebê de noite de núpcias.

Veronica mordeu o lábio enquanto segurava a mão da outra mulher. Ela queria ajudar, ela realmente queria, mas sua família era muito conectada a Jacoba, voltando à época antes de ser uma cidade. Ajudá-la seria prejudicial à própria família.

Como mulher, a família de Veronica tinha sido muito gentil com ela, considerando tudo, e ela não podia arriscá-los assim.

Cassandra olhou para ela e para suas criadas. “Eu… eu quero ficar sozinha agora, por favor.”

“Cassandra…”

“Vou ficar bem, eu prometo,” ela disse, mas sua voz estremeceu um pouco e isso preocupou Veronica. No entanto, elas não ousaram estressá-la demais discutindo e no final saíram do quarto.

É claro, Veronica instruiu as criadas a monitorá-la de perto. Ela deixou sua própria criada, Vivi, para cuidar da amiga e informá-la de qualquer mudança.

Do outro lado da porta, Cassandra finalmente estava sozinha em seu quarto. Ela se abraçou enquanto se sentava no peitoril da janela, olhando melancolicamente para fora.

Ela observou as pessoas que pareciam livres e no controle de suas próprias vidas e membros… ao contrário dela.

Gill…, ela pensou, enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas. Sinto sua falta.

…

Nesse momento, o homem estava olhando por cima das muralhas do Nível 6 da Cidade Jacoba, o que era impressionante para uma Cidade de Nível 2.

“Então essa é a casa dela,” ele disse, respirando pesadamente. Ele estava um pouco empoeirado e muito suado, obviamente correndo aqui o melhor que podia.

Ele estava prestes a seguir em frente quando seus pés pausaram enquanto sentia um ataque de desconforto.

Ele apertou o peito, que foi repentinamente perfurado por uma dor intensa. Doía — realmente doía — embora ele assumisse que era porque chegou aqui com muita desesperação.

De qualquer forma, ele não tinha a possibilidade de descansar agora, e ele imediatamente foi para os portões para entrar no território dela.

Espere por mim, Cassandra!