679: Extra Especial – Parte 8 679: Extra Especial – Parte 8 ELIA
Aquele sorriso que ele lhe deu era alegria. Era amor. Era a primeira coisa em que ela pensava quando pensava o quão bonito ele era. E a única coisa no mundo que nunca falhava em fazê-la sorrir também. Ver Reth—assustado, preocupado, protetor, seguro… mas animado. Feliz. Orgulhoso. Tornava tudo válido. Dissipava um pouco do medo dela e moderava o resto.

E fazia com que ela nunca quisesse deixar aquele momento.

Eles ficaram envolvidos naquela manta por horas, enquanto o céu escurecia e o cheiro do ar mudava. Mas estavam envoltos em um casulo de calor, e Elia descobriu que, mesmo que Reth tenha dado a entender que tinha outros planos para o dia, ela simplesmente não conseguia se mover dali. Ela se sentia segura, envolvida nos braços dele daquela maneira. Mover-se significava encarar o mundo novamente, e ela estava tão cansada. Então, eles ficaram deitados.

Eles ficaram deitados de lado, enroscados sob as mantas, as peles os protegendo do chão frio. Elia descansou a cabeça em seu braço, enquanto Reth estava apoiado em um cotovelo, acariciando seu cabelo e se inclinando para beijá-la sempre que sentia o medo dela retornar.

Eles falaram sobre o futuro, sobre como Elreth seria uma ótima irmã mais velha—e sobre o medo que Elia tinha de que sua filha levasse o irmão para encrencas a cada momento.

Então, de repente, os olhos de Reth se estreitaram.

Elia franziu a testa. “O que há de errado?”

“Só… me dê um segundo,” disse Reth, então de repente se enfiou sob a manta, transformando-se em uma grande montanha de homem sob suas grossas dobras e descendo pelo corpo dela até que suas pernas nuas apareceram na extremidade da manta, trazendo consigo uma lufada de frio glacial.

“Reth! O que você está fazendo?!” Elia se encolheu para proteger suas partes íntimas do frio que invadia o pequeno espaço deles.

Ele não respondeu, mas a montanha de Reth sob a manta se moveu sobre ela, sua mão deslizando pela parte de trás de sua panturrilha e algo frio—seu nariz?—correndo ao longo do lado de sua perna, subindo pela panturrilha, pela coxa, seu enorme corpo se movendo sobre ela, mas sem acariciar, sem beijar ou lamber como faria se fosse uma sedução. Ele estava…

“Reth, você está ME CHEIRANDO?”

“Só por um minuto, Amor.” Ele enterrou o rosto em seu estômago e inalou enquanto ela ria e ofegava ao mesmo tempo. “Você está frio! Pare!”

Ela ainda usava a jaqueta de pele, embora estivesse aberta na frente, já que ela esperava que ele quisesse acesso fácil novamente depois de um tempo. Mas agora, seu nariz gelado e a bochecha pousaram bem entre seus seios e o tamanho dele fazia as mantas se inflarem para permitir a entrada do ar frio em volta de seu peito e ela deu um tapa no ombro dele. “Reth! Você está congelando! Saia de cima de mim!”

“É um menino!” ele gritou, a cabeça surgindo da manta, cabelo bagunçado e espalhado por seu rosto—seu rosto radiante enquanto ele se inclinava sobre ela, um braço apoiado atrás dela.

“Eu… o quê?”

“É um menino! É por isso que você cheira diferente!” ele sorriu. “Eu estava tentando entender por que não reconheci o cheiro de quando você estava grávida antes. Mas é diferente desta vez. Elia, vamos ter um filho!”

Ela queria negar, dizer a ele que ele não poderia saber disso tão cedo. Mas ele havia acertado sobre Elreth desde o primeiro dia.

“Nós vamos?” ela perguntou fracamente.

“Sim! Elreth vai ter um irmão!”

Eles se olharam por um momento, e ele parecia tão feliz, tão animado e tão… pronto…

Elia irrompeu em lágrimas.

*****
RETH
Ele a acalmou e a segurou, enxugou suas lágrimas e a manteve perto até que ela parasse de soluçar. Ele estava confuso. Ela não queria um menino? Ou não tinha nada a ver com isso? Era apenas medo da gravidez, ou—?

“Obrigado por aguentar meu humor instável,” ela murmurou, deslizando seus dedos entre a frente de sua jaqueta para tocar seu peito. “Eu não sei se são só os hormônios da gravidez, ou porque não durmo há tanto tempo, ou o quê. Mas sinto que estou em uma montanha-russa todos os dias agora.”

Reth teve que pensar para lembrar o que era uma montanha-russa—um passeio, ele pensou. Um tipo de trem, em trilhos, mas com colinas falsas e às vezes até fazendo loop como os Avalinos faziam quando voavam por diversão.

Era o mais próximo que os humanos conseguiam chegar daquela sensação, ele supôs.

Ah. Para cima e para baixo. Em volta e em volta. Era isso que ela queria dizer. Ele a puxou mais para perto, segurando sua cabeça embaixo de seu queixo e acariciando suas costas. “O que trouxe as lágrimas? Você não quer um menino?”

“O quê?! Não! Claro que não. Eu só… você parecia tão feliz.”

Reth piscou. “E isso… te deixou triste?”

“Ai, foi assim que soou, não foi,” Elia suspirou. “Não. Eu estava… sinto que você é tão melhor do que eu. Sempre. Quero dizer, estou tentando entender isso há três dias e ainda não consegui, entende?”

“Acho que sim?”

Elia gemeu e se afastou dele para encontrar seus olhos. “Você é tão bom em apenas… aceitar o que é e seguir em frente. Eu quero lutar o tempo todo. Resistir.”

“Aceite o que você não pode mudar. É um modo de vida Anima.”

“Eu sei. Eu sei. Só que… não me sinto assim, sabe? Eu sempre quero saber se há uma maneira de mudar. Ou procurar uma saída, ou… Eu não sei. Só que ainda não cheguei lá, e você chegou tão rápido. Fiquei um pouco com ciúmes. Mas isso também me fez sentir uma mãe ruim.”

“O quê? Como isso tem alguma relação com você ser mãe?”

“Porque eu deveria estar tão feliz que afastasse o medo,” ela disse, os olhos ardendo novamente. “Em vez disso, estou chorando em seu peito em vez de celebrar e… isso é um presente, Reth. Eu sei disso. Eu sei que não podemos saber se conseguiremos ter outros filhos. Ter outro tão cedo… é um presente. Eu só queria conseguir sentir-me animada a respeito. Dele,” ela corrigiu. “Queria conseguir sentir-me animada a respeito dele.”

“Dê tempo ao tempo, Amor. Você vai chegar lá. O nascimento da Elreth foi muito assustador. Eu também não posso dizer que estou confortável com isso. Só que… Eu consigo sentir a alegria mesmo junto com o medo.”

Elia assentiu e acariciou seu peito novamente, o que fez seu corpo se animar. Eles ficaram deitados por um longo momento reflexivo, então ela suspirou novamente. “Me desculpe,” ela sussurrou.

“Pelo o quê?”

“Por estragar este dia que você havia planejado. Sinto muito por ter sido pesado e… e assustador em vez de apenas divertido.”

Reth balançou a cabeça e a rolou para as costas, beijando-a suavemente. “Você não fez nada além de ser você e me contar notícias empolgantes. O resto é o que fazemos dele, Elia. Não se puna por enfrentar a vida. Eu não vou.”

Ela colocou a mão em seu rosto e sorriu. “Obrigada… está ficando tarde. Provavelmente deveríamos voltar.”

Ele gemeu e rolou para fora dela, de costas. “Sim, provavelmente. Eu disse à Aymora que levaríamos Elreth de volta do jantar no mercado.”

“Antes de irmos, posso te perguntar uma coisa?”

“Sim, claro. O que é?”

Elia se apoiou no cotovelo para se inclinar sobre ele, sorrindo maliciosamente. “Mais vinte minutos não fariam tanta diferença, fariam?”

Reth explodiu em risadas, então rosnou e pulou, rolando-a de volta e levando muito mais que vinte minutes para mostrar a ela exatamente o quão pouca diferença isso faria.