194: Fora da caixa 194: Fora da caixa “Qual é o problema com o seu Alfa e seu beta?” Como a pessoa brincalhona que era, Dave perguntou e balançou a cabeça, achando as ações de ambos estranhas. Damien jamais hesitaria em proteger seu povo, e Enoch aceitaria cegamente entrar no inferno por Damien.

Por que ambos de repente estavam evitando responsabilidades e escolhendo o caminho cauteloso, algo que ele sempre os persuadiu a fazer?

“Acredito que descobriremos em breve,” desculpando-se, um ancião disse desesperançado e eles deixaram a sala.

“Bem, espero que seja algo bom.” Ignorando o assunto, Dave murmurou e também saiu da sala de estudos.

Dentro do quarto de Damien…

“Não era esse o nosso acordo, lembra-se?” Apertando firmemente a mão dela, ele disse, fitando-a com uma intensidade ardente. Ela podia sentir sua raiva, seu medo, sua preocupação enquanto se olhavam e isso a fazia lembrar do tempo em que perdeu seus pais.

A maneira como ele respirava, sua reação, tudo a fazia lembrar de quando estava completamente sem esperanças e ela de repente se sentiu culpada.

“Me desculpe,” ela implorou, baixando a cabeça envergonhada. Ela estava sendo inconsiderada ao concordar em liderar a busca por conta própria. O medo de a matilha de Damien ser arruinada desencadeou a decisão abrupta. Ela simplesmente não queria ser responsável pela morte de pessoas inocentes.

Além disso, ela tinha certeza de que o motivo pelo qual Lucas permanecia em silêncio era por causa dela. Ele provavelmente estava esperando que ela tomasse a iniciativa antes de decidir o que fazer. Então ela não tinha tempo a perder e precisava agir rápido antes que Lucas iniciasse um ataque selvagem.

Soltando a mão dela, ele passou as mãos pelos cabelos, frustrado, e suspirou, ainda com uma expressão irritada.

Parado em frente à janela, ele colocou as mãos no bolso e começou, “Mesmo se você não fosse a razão para esta guerra ter começado, eu ainda teria escolhido a guerra.” Deixando claro que ela não tinha que se culpar pelo que estava acontecendo.

Lucas e ele se conheciam há muito tempo, mas isso não era um fato conhecido devido às suas personalidades discordantes. Enquanto Lucas tentava se aproximar de todos e fazer com que se submetessem a ele, ele se tornou o oposto do que Lucas queria e por isso nunca se tornaram amigos.

“Por quê?” Ela perguntou.

“Lucas e eu estudamos juntos, anos atrás. Nunca nos gostamos, ou melhor, eu nunca gostei dele e foi aí que o ódio dele por mim cresceu.” Virando-se para ela, ele revelou, fazendo Aurora suspirar chocada.

“Espera!, espera…” levantando as mãos, ela repetiu as palavras e adicionou, “Você conhece Lucas de muito tempo atrás? E eu não sou a única razão para esta guerra estar acontecendo?” Indagando.

“Sim,” ele respondeu e os ombros dela caíram desolados.

Então nunca foi apenas sobre ela, havia um motivo pelo qual Lucas queria arrancá-la de Damien. Ela deveria ter percebido que algo estava errado com sua atitude obstinada, parecia que ele estava fazendo isso para impulsionar seu ego.

“É por isso que eu insisti para você ficar fora disso. Quanto mais você o alimenta com sua presença, mais ele usa você como desculpa para defender sua intenção.” Ele disse, fazendo Aurora acenar com a cabeça em concordância.

“Eu deveria ter percebido, Lucas não é alguém que valoriza o amor.” Sentindo-se um pouco aliviada, ela respondeu e caminhou até a cadeira para sentar. Essa nova informação lavou suas preocupações e de alguma forma a fez se sentir fraca.

“Mas isso não é razão para evitar buscar a paz. Ainda podemos encontrar outra maneira de acabar com essa loucura de uma vez por todas,” ela raciocinou, esperando que Damien reagisse com decepção. Em vez disso, ele assentiu e disse, “Eu sempre tenho um plano,” fazendo-a sorrir.

“E só para você saber, você não faz parte desse plano,” ele acrescentou.

“Que plano é esse? Eu prometo que não vou trazer a minha ideia à tona novamente se você me contar. Eu só quero saber,” ela implorou, embora soubesse que era uma mentira. Ela também sabia que Damien não acreditaria facilmente nela, mas valia a pena tentar.

Ela tinha um forte pressentimento de que o plano de Damien envolvia machucar pessoas, algo que ela estava desesperada para evitar. Ela estava pronta para quebrar a confiança dele novamente, se necessário, desta vez sem envolver Scarlet, mas subornando uma empregada para ajudá-la.

“Você sabe que eu não acredito em você, certo?” Damien perguntou, erguendo uma sobrancelha e sorrindo maliciosamente para ela.

“Eu sei, mas é o único jeito de me impedir de ir contra suas ordens. Então você pode fingir que acredita em mim ou correr o risco,” ela disse, fazendo-o rir. Ele a achou adorável naquele momento.

Ela tinha crescido, e ele estava orgulhoso dela. Era assim que uma Luna deveria ser. Desafiando o Alfa, tomando suas próprias decisões e sendo tanto tática quanto inteligente. Ele sabia que ela ficaria bem se deixasse ela no comando da matilha quando ele partisse.

“O plano é atraí-lo para a matilha dele. Essa é a nossa melhor chance de matá-lo. Um inimigo é melhor derrotado em seu próprio território,” Damien finalmente revelou.

“Você está brincando, certo?” Sentindo-se desconfortável com as palavras dele, ela se levantou e andou até ele, procurando nos olhos dele uma resposta diferente. Quanto mais ela olhava, mais ela esperava, e ela quase podia sentir seus pensamentos.

“Eu queria estar brincando, Aurora, mas essa é a única maneira de acabar com essa tolice. Por que você acha que Lucas nos emboscou aqui? Ele sabe que tem mais chances de ganhar aqui, mas ele sempre foi descuidado em estratégia. Ele não vai ganhar facilmente esta guerra, mas se ele continuar assim, ele pode conseguir. É por isso que temos que atraí-lo para fora,” Damien explicou, caminhando até um armário para pegar algo.

“Você vai perder se deixar a matilha. Enoch está lutando com a notícia de seu filho com Scarlet, e ele é o único próximo de você em força. Como ele pode proteger alguém nesse estado?” Ela não podia acreditar o quão absurdo era o plano e começou a listar razões pelas quais era uma ideia terrível.

“Você precisa começar a pensar fora da caixa. Eu não consigo proteger a todos, mas posso garantir nosso futuro,” ele respondeu, entregando-lhe um mapa.