168: Lucas era seu amigo? 168: Lucas era seu amigo? Ele a olhou com incredulidade, refletindo sobre o que havia motivado a sua mudança de coração tão repentina. A realização de que sua decisão havia sido influenciada por estar no cio pesava sobre ele, causando-lhe uma pontada de tristeza. Ele sabia que ela não teria feito aquela escolha voluntariamente enquanto sóbria.

“Você está no cio, não é a verdadeira você falando,” ele declarou, soltando sua mão da dela antes de sair do chalé.

“Eu…” ela começou, apoiada em seus cotovelos, mas suas palavras se esvaíram enquanto ele partia. Como ela poderia convencê-lo de que seu desejo por ele ia além do impulso induzido pelo cio?

Suspirando, ela afundou de volta na cama, cobrindo-se enquanto se encolhia. Sem outra alternativa, ela resolveu aguentar até amanhã, convencendo-se de que era apenas uma luta temporária.

Fora do chalé, Damien ficou ao lado da fonte, de olhos fechados, concentrando-se intensamente. Ele procurava se assegurar de que os sentimentos dela eram genuínos, ainda que seu ego o impedia de agir a menos que ela realmente o quisesse.

Apesar de oferecer assistência, sua consciência o impedia de ultrapassar limites sem o consentimento genuíno dela. Ele entendia que derrubar as barreiras dela levaria tempo, mas acreditava que valeria a pena.

Voltando ao chalé, Damien encontrou Aurora já adormecida e suspirou aliviado. Sem ter que se sentir culpado por deixá-la angustiada, ele sentou ao lado dela, verificando sua temperatura ao colocar a palma da mão em sua testa.

Confirmando que ela estava bem, ele a cobriu com cuidado com o edredom e saiu de perto dela.

Alguns dias depois.

Aurora lentamente abriu os olhos, seu olhar percorrendo o ambiente até ela perceber que estava em seu quarto. Sentando-se, ela gemeu um pouco e bocejou, esticando as mãos ao longo do corpo.

Já se passavam quatro dias desde que eles voltaram das colinas fantasma e Damien a estava evitando desde então, ela não podia deixar de se perguntar o que causou a frieza dele em relação a ela.

Ela percebeu que ele nunca dormiu no chalé naquela noite e a deixou propositalmente, mas ela queria saber o porquê. Ela deixou claro que o queria, por que ele não a tocou? Ela continuava se perguntando a mesma questão toda vez, o que havia de errado com Damien?

Por que ele não falaria mais com ela? Não era típico dele não provocá-la ou insultá-la em um dia. Até Theresa e outros notaram que algo estava estranho, e ela foi forçada a dizer, “Ele apenas ficou ocupado,” mesmo que ele mais se sentasse, trabalhando em seu escritório.

Batida na porta
Uma batida na porta interrompeu seu pensamento, levando-a a se levantar e caminhar até a porta. Abriu-a, surpresa ao encontrar Damien parado em frente ao seu quarto. Ele não exibia mais o olhar caloroso de quatro dias atrás, ele parecia distante e frio, e ela não pôde deixar de se sentir decepcionada.

Esse era o homem frio que ela conheceu no início, como eles tinham ido do calor para o frio de novo?

“Eu…você…” ela gaguejou, incapaz de formular palavras, pois estava tanto nervosa quanto surpresa naquele momento. Bem, não era sua culpa ele não falar com ela por dias, e ela agora o via logo de manhã cedo.

“Posso entrar?” Ele perguntou, sua voz fria e severa como se não estivesse ali para brincar. Imediatamente, Aurora ajustou sua postura e respondeu, “Sim Alfa,” erguendo levemente a cabeça para ver sua reação mas, ao contrário do usual, ele não parecia se importar que ela o chamasse de Alfa.

“Você está pronta para hoje? As coisas podem ficar um pouco apertadas,” ele inquiriu, colocando a mão no bolso.

Pronta? O que estava acontecendo para… oh não, hoje era o banquete que ele organizou para apresentá-la e anunciar seu retorno. Por que ela nunca pensou em tomar um banho logo de primeira?

“Sim, estou. Vou me arrumar nos próximos dez minutos, você não precisa se preocupar.” Após momentos de silêncio, ela respondeu, oferecendo um sorriso caloroso que foi apenas correspondido com um olhar escrutinador. Ele não estava satisfeito com a resposta dela?

“Você não se lembrou do evento de hoje?” Ele questionou, seu olhar tão dominante que ela não pôde deixar de engolir em medo. Por que ele estava subitamente tão intimidador?

“Eu me lembrei,” ela mentiu, desviando o olhar dele para não perder sua postura. Já era difícil o suficiente respirar com ele na sala, olhar diretamente para ele a faria perder.

Ele suspirou mas não disse nada, tentando-a a enfrentá-lo, o que ela eventualmente fez, “Por quê?” Ela perguntou.

“Alfa Lucas, era o seu companheiro, certo?” Aurora não sabia o que aconteceu, mas seus sentidos ficaram em branco imediatamente, tudo que ela podia ouvir era sua respiração quando ele mencionou o nome que ela mais temia.

Alfa Lucas? Por que Damien estava trazendo à tona o nome dele? Ele vai estar por perto? Oh não, ela não podia enfrentá-lo, já se passaram mais de cinco anos, como ela ia encará-lo?

“Po…por quê?” Ela gaguejou, seu rosto se contorcendo em uma carranca, isso não surpreendeu Damien. Enoque já havia informado a ele sobre o passado dela alguns dias antes, e era por isso que ele estava achando difícil enfrentá-la. Ele não sabia como agir como se não se importasse, e também não queria agir como se importasse.

O fato de que sua companheira já havia tido um envolvimento com um homem que ele não gostava, era irritante para ele. Ele não odiava Lucas, mas também não gostava dele. Ele não queria imaginar a expressão de nojo no rosto de Lucas, quando o visse junto de sua ex-companheira, Aurora.

Além disso, ele sabia o quanto Aurora havia sofrido e ainda sofre por causa do seu passado, ele não queria que ela se perdesse ao ver Lucas hoje. As opções eram tão inconvenientes, que ele estava achando difícil decidir. Ele preferiria anunciar apenas seu retorno, e manter ela longe dos holofotes, ou recusar a entrada de Lucas no evento, o que só causaria problemas para ele.

Ele odiava conflitos desnecessários, especialmente quando poderiam ser evitados.

“Por que você não me contou?” Ele perguntou, com dificuldade para lhe fazer a verdadeira pergunta que queria.