A Reivindicação Virgem da Fera - Capítulo 150

150: A Lua Não Comete Erros – Parte【7】 150: A Lua Não Comete Erros – Parte【7】 Querendo me distrair, vasculhei o bolso da minha saia floral até o tornozelo e tirei o novo celular prateado que Cronus me entregou poucos minutos antes da minha partida para a Itália. O único número que ele contém é o dele e de mais ninguém, nem mesmo o de Lumina estava salvo nos contatos. Ele fez isso pela minha segurança e também queria fazer parte do crescimento do meu macho. Cronus já era tio quando Kal nasceu, mas isso é diferente, meu macho é sobrinho dele por sangue, não por escolha.

São necessários apenas dois toques para ser recebida pela voz carinhosa do meu irmão. “Olá, lobinha.” Ele cumprimenta e eu sinto toda a afeição que ele tem por mim em seu tom.

“É um bom momento?” Pergunto.

“Sim. Acabei de chegar em casa.”

“Sério? Então posso perguntar qual é sua perspectiva final sobre minha matilha?”

“Estranho.” Ele responde sem pensar e eu dou uma risada estendendo as pernas mais para frente e me acomodando em uma posição mais confortável no sofá. Minhas costas e pés realmente estão me matando. “Você já comeu? Suponho que seja manhã na Itália.”

“Sim, é e eu ainda não comi. Ira está me trazendo algo.”

“Isso é gentil da parte dela. E como está o meu sobrinho de cinco meses? Chutando você como sempre?”

“Ele não me chutou nada hoje e está tirando um cochilo, eu consigo ouvir os roncos dele,” respondo com um sorriso, acariciando meu ventre inflado de forma terna.

“Que bom, fico feliz que você consiga reter comida no estômago agora. Sem mais náuseas, eu estava assustado que você ficasse mais fraca.”

“Estou bem, na verdade estou indo muito bem. A comida aqui, Cronus, eu nem tenho palavras para descrever. É tão nutritiva e deliciosa. Eu queria sequestrar a cozinheira principal e levá-la de volta para minha matilha.”

“Como é que todas as vezes que conversamos você só fala de comida?” Ele pergunta com uma risada sonora e eu sorrio. Mas após alguns segundos, a natureza brincalhona do nosso bate-papo se dissolve e um silêncio arrepiante nos envolve enquanto eu me enrijo com a tensão que sinto, embora não estejamos no mesmo cômodo. “Então você decidiu? Voltar?”

Engulo ansiosamente e aperto o telefone mais forte, aproximando-o dos meus lábios. “Eu… ainda não.” A culpa me engole por inteiro e eu fecho os olhos, incapaz de suportar a guerra entre minha mente e coração.

“Tudo bem. Eu estava apenas perguntando. Suponho que você queira saber… sobre ele.”

“S-Sim. Ele está bem?”

“Eu realmente não queria te contar, mas não acho certo esconder coisas de você.”

“Me diga.” Eu insisto, os batimentos do meu coração acelerando.

“Seu macho não está bem. Algo está terrivelmente… errado com ele, Theia. Eu não consigo precisar o que é, mas é como se eu não pudesse ver o que ele está pensando ou o que ele está sentindo. É como se ele fosse feito de gelo que nenhum calor pode derreter. E seus olhos estão tão vazios e… sem emoção ao ponto de eu admitir que eles me perturbam e nada nunca me perturba. A cada mês eu detectava diferentes estágios pelos quais ele estava passando; no início ele estava bem e bastante determinado eu diria em sua busca por você, mas conforme os meses passavam algo surgia dentro dele como uma escuridão fantasmagórica que ele conseguia disfarçar bem da sua matilha, mas não de mim. Antes de eu partir e dizer meu adeus, parecia que ele tinha perdido algo. Não você, mas algo que ele só havia ganhado recentemente. Eu não pude conversar muito com ele, mas nós tivemos uma conversa na noite passada e com álcool correndo em seu sangue, ele revelou uma parte dele para mim.”

“O que ele disse?” Eu choro, pressionando minha palma sobre minha boca para suprimir meus soluços dolorosos.

“Que ele não conseguia respirar bem, que sentia como se seus pulmões estivessem bloqueados, sua garganta obstruída. Suas noites são assombradas por pesadelos de falhar com você. Ele se culpa por ser imprudente com você e murmurou algo sobre uma barraca? Que ele deveria ter ficado em vez de partir, eu não entendi essa parte. Ele acha que o laço de companheiro foi injusto com você e ele não sabe se deve continuar sua busca ou deixá-la ir, Theia. Ele disse que quanto mais longe você estiver dele, maior a chance de você realmente alcançar a felicidade. Seu macho acha… que a lua cometeu um erro ao uni-los.”

Eu choro mais forte, lágrimas incontroláveis correm pelo meu rosto e eu me debruço no sofá. Ira sai da cozinha carregando uma bandeja com comida fumegante e quando ela me vê, seus olhos mostram claramente sua infelicidade ao me ver assim.

“E o que você acha do julgamento dele? Você acha que a lua cometeu um erro?”

“Sim. Ele não me merece e eu… não o mereço. Nosso amor é continuamente testado, não há paz prolongada entre nós. Eu não posso ser quem ele quer que eu seja, quem ele precisa e eu não sou a rainha das feras, Cronus.” Eu falo entre meus soluços e leva algum tempo para eu entregar minha verdade, mas Cronus é paciente comigo, dando tempo às minhas emoções.

“Eu já pensei o mesmo sobre outro casal. Que a lua havia errado ao uni-los, pois ela era tudo que eu desejava em uma companheira. Eu achava que o macho dela não a merecia, pois ele a estava colocando no inferno. Mas eu estava cego, pois com o tempo eu finalmente entendi a verdade. Que havia razões válidas para eles estarem juntos e no final, havia apenas uma coisa da qual eu tinha certeza e fiz questão de contar ao seu macho na noite passada. Você quer saber o que é?”

“Sim.”

“A lua não comete erros, Theia.”