Capítulo 672: 672. Carta Importante
“Vai levar apenas um momento,” Danag insistiu.
A visão de Jael ficou turva enquanto ele observava a palma de Louis fechar em torno da mão de Malva. Ele se virou para Danag. “Pode esperar,” ele disse, tentando recuperar Malva.
“Jael, por favor,” ela implorou suavemente.
“Tudo bem,” ele afirmou.
Malva sorriu radiante para ele, parecendo orgulhosa. Seu sorriso era brilhante o suficiente para cegá-lo. “Obrigada,” ela disse.
“Não vou deixá-la fora do meu campo de visão,” Louis disse, puxando-a pelas portas, que se fecharam quase imediatamente. Jael não desviou o olhar até Danag clarear a garganta.
“O que há de tão importante que não pode esperar até depois da minha refeição?”
“Uma carta,” Damon disse.
Jael franziu a testa. “De quem?”
“Lord Levaton,” Danag explicou.
A expressão de Jael ficou ainda mais séria. “Não precisa enrolar. Pelo seu rosto, posso dizer que já leu a carta. O que ela dizia?” ele perguntou.
Danag lançou um olhar para Damon, que manteve o olhar fixo à frente. Danag clareou a garganta. “É melhor que o senhor leia por conta própria, Senhor.” Ele abaixou a cabeça, oferecendo a carta.
Jael a arrancou e percebeu que o lacre já estava rompido. Isso era esperado; ele permitia que eles lessem as cartas antes dele, e ele preferia assim. Ele abriu a carta, que parecia bem curta. Assim que seus olhos percorreram os detalhes, sua expressão mudou.
Meu soberano,
Espero que esta carta o encontre bem. Soube que você encontrou uma companheira. Estarei no castelo para confirmar a notícia pessoalmente.
Lord Levaton.
Jael amassou a carta antes mesmo de perceber o que estava fazendo. Ele esperava que a notícia tivesse saído, mas não tão rápido a ponto de receber uma carta tão cedo. Ele esperava ainda ter algumas noites, mas agora duvidava que tivesse sequer uma. De alguma forma, ele podia dizer que Lord Levaton estaria no castelo antes do pôr do sol de amanhã.
“Quando isso chegou?” ele perguntou, colocando a bola amassada na palma de Danag.
“Agora há pouco. Damon recebeu,” Danag respondeu.
“Parece que notícias saem das paredes deste castelo mais rápido que uma flecha disparada de um arco.”
“Eu…” Danag pausou e clareou a garganta. “Temos vários convidados hospedados no castelo. Não é surpresa que a notícia tenha se espalhado.”
“Não diga isso como se devêssemos aceitar tal comportamento. Queime-a. Já que Lord Levaton estará vindo, prepare-se para recebê-lo. Espero que só tenha que lidar com um lord desta vez.”
“Sim, Senhor,” eles disseram simultaneamente, e Jael voltou seu olhar para os guardas. Eles não precisaram que ele falasse para entender a deixa.
Jael não conseguiu esconder a expressão em seu rosto enquanto caminhava até o salão de jantar com Danag e Damon logo atrás dele. Ele quase desejou ter insistido em ver a carta após sua refeição. Não havia como a comida não ter um gosto estranho com a notícia que acabara de receber.
Malva estava sorrindo ao ver Jael entrar, mas tudo que precisou foi olhar para seu rosto para saber que algo estava errado. Seu sorriso desapareceu, e ela o observou tomar o assento ao seu lado.
“Você está bem?” ela ouviu-se perguntar.
“Sim,” ele disse distraidamente. “É uma situação menor.”
Malva queria dizer que não parecia ser uma situação menor, mas sabia que aquele não era o momento ou lugar para discutir isso, então comeu sua refeição em silêncio e quase não disse mais nada até o fim da refeição. Não que conversas surgissem com frequência; todos podiam dizer que Jael estava de mau humor, então o ambiente estava bastante tenso.
“Eu vou levá-la ao seu quarto,” Jael disse ao término da segunda refeição.
Malva quis dizer que não era para onde estava indo, mas apenas sorriu e estendeu sua mão para ele. Ele a ajudou a se levantar e sair do salão de jantar.
“Tem certeza de que era uma questão menor?” ela perguntou enquanto subiam a escada, incapaz de suportar o silêncio.
Jael parou e olhou para ela. “É menor. Eu só estou um pouco irritado. Achei que tinha mais tempo, mas não tinha. Não se preocupe,” ele disse, tocando o nariz dela.
Ela deu um grito e segurou o nariz, surpresa por não ter caído para trás na escada. “Eu me preocupo, Jael,” ela disse enquanto subia com ele. “Quero fazer mais perguntas, mas temo que você não me conte.”
Jael parou ao chegarem ao topo da escada, então lentamente se virou para olhar para ela. “Eu vou,” ele disse, então respirou fundo. “Há muita coisa na minha mente agora, mas prometo que vou explicar tudo para você.”
Malva sorriu radiante para ele. “Tudo bem,” ela disse. “Leve o tempo que precisar.”
Ele deu-lhe um sorriso triste e segurou o punho dela. “Descanse o quanto precisar. Mil vai cuidar de você.”
“Jael,” ela reclamou. “Eu já descansei o suficiente.”
“Descanse um pouco mais; não há mal nisso,” ele disse.
Ela gemeu, mas não discutiu. Se fazer o que ele queria aliviaria um pouco sua preocupação, ela faria o que ele pedisse. Ela sabia que a situação era estressante para todos, e ainda mais para Jael. Ela não sentia nenhum impacto da nova situação em suas vidas porque ele estava lidando com a pior parte disso, e ela tinha certeza de que isso estava lhe custando caro.
“Se é isso que você quer,” ela respondeu com um sorriso radiante.
Jael virou-se para ela e tocou levemente sua bochecha, depois baixou o rosto e a beijou diretamente nos lábios. Malva ficou profundamente corada ao se afastar dele e assentir antes de atravessar a porta aberta de seu quarto.
Malva encostou-se na porta fechada, enquanto uma voz dizia: “Minha senhora, você voltou.”
Malva quase saltou de susto. Ela não esperava que ninguém estivesse no quarto. “Mil,” ela chamou. “Você não saiu.”
“Não vi razão para isso,” Mil disse enquanto caminhava em direção a ela. “Sabia que o Senhor a traria de volta aqui, então decidi esperar.”
“Entendi,” Malva disse, com a mão no peito.
“Aconteceu algo?” Mil perguntou com preocupação.
“Não,” Malva balançou a cabeça e se afastou da porta. “Você só me assustou um pouco. Não esperava que você estivesse aqui.”
“Sinto muito.”
“Não, está tudo bem,” Malva respondeu enquanto caminhava em direção à cama.