Capítulo 668: 668. O Presunto
Malva se sentou repentinamente, e Jael, que dormia ao lado dela, se mexeu. Seus olhos se abriram antes que ele se levantasse lentamente. “O que houve?” ele perguntou, com a voz ainda bastante sonolenta.
O quarto estava quase todo escuro, com a vela na mesa de cabeceira sendo a única fonte de luz. Pelo tamanho da vela, Malva soube que não havia dormido por muito tempo. Provavelmente ainda era manhã e o sol não estava lá fora fazia muito tempo.
“Eu não sei,” disse Malva. “Só de repente me senti estranha.”
“Estranha?” Jael perguntou com preocupação enquanto se aproximava mais dela. “Como estranha?”
Malva fez uma careta. Seu estômago parecia estranho. Ela deveria ter percebido pelo fato de não conseguir comer nem mesmo a fruta. Ela só deu umas poucas mordidas para evitar responder muitas perguntas de Jael.
“Seu estômago dói?” Jael perguntou ao vê-la tocá-lo.
“Não exatamente, é mais uma leve náusea,” ela disse.
“Náusea?” ele perguntou franzindo a testa.
“Sim, náu—” Malva não terminou a palavra antes de perceber que tinha apenas alguns segundos para tomar uma decisão rápida. Ela não podia segurar, e não tinha como abrir a janela.
Ela colocou a mão sobre a boca e olhou para Jael com medo nos olhos. Ele entendeu imediatamente e pulou da cama, mas já era tarde demais. Malva vomitou do lado da cama, memórias de ter feito a mesma coisa enquanto estava doente passando por sua mente.
“Malva,” Jael chamou enquanto corria para o lado dela da cama.
“Não,” ela gritou entre engasgos.
Jael parou e se virou para a parede, puxando a corda para chamar os serviçais. Malva levantou a cabeça, limpando a boca com as mãos. Ela precisaria lavá-las, mas era melhor do que sujar a cama.
“O que aconteceu?” Jael perguntou.
Ela queria gritar que era óbvio, mas se conteve, sabendo que ele queria saber o que poderia ter causado o vômito. Ela não sabia; só sabia que havia se sentido muito enjoada e precisou esvaziar o conteúdo do estômago imediatamente.
Ele voltou para a cama pelo lado dele e tocou o topo da cabeça dela. “Eu não estou doente,” Malva disse e quase começou a engasgar de novo. O cheiro do vômito era nauseante.
“Não dá para dizer isso depois de vomitar,” Jael disse.
Uma batida na porta chamou sua atenção, e Jael saiu da cama novamente. Ele abriu a porta, e um serviçal apareceu. Eles se curvaram, mas Jael não deu atenção a isso. “Chame Mil, pegue uma bacia de água e alguns panos. Alguém limpe esta bagunça agora!”
O serviçal deu um salto e correu pelo corredor sem saber exatamente qual tipo de bagunça era essa, enquanto Jael retornava à cama. Malva ainda estava sentada ereta, com uma expressão de nojo no rosto. “Está fedendo,” ela declarou.
“Sim, é esperado,” Jael respondeu enquanto voltava para a cama com ela.
“Minha boca tem um gosto horrível.” O gosto da última refeição estava de volta à sua boca. Não era mais como comida, sem mencionar o gosto amargo do vômito.
“Vou pegar algo para você comer,” disse Jael, parecendo muito preocupado. Malva percebeu que só queria voltar a dormir, mas não havia como com o cheiro que impregnava no corpo dela.
Mil chegou pouco depois com água e alguns outros serviçais. Malva sorriu ao olhá-la. “O que aconteceu?” Mil perguntou, correndo em direção à cama com a água.
“Eu vomitei,” Malva disse com uma expressão embaraçada no rosto.
“Você está doente de novo?” Mil perguntou, a preocupação estampada no rosto.
“Acho que não. Minha temperatura está normal, é meu estômago que está com problema. Pode ser algo que comi. A última refeição tinha um gosto meio estranho, eu disse para Jael.”
“Tinha?” Mil perguntou com a testa franzida. Ela olhou para Jael como se esperasse alguma explicação.
“Não tinha,” Jael respondeu.
“Tinha,” insistiu Malva. “Então por que eu vomitei?” ela perguntou enquanto deixava Mil limpá-la e observava os serviçais esfregando o chão limpo.
“Isso não é suficiente,” ela disse quando Mil se afastou. “Eu preciso de um banho de verdade; o cheiro me faz querer vomitar de novo.”
“Por favor, não,” Mil e Jael disseram ao mesmo tempo. “Vou trazer água para você se lavar.”
“Mesmo assim, isso é preocupante,” disse Jael.
Malva não achava. Agora que havia vomitado, sentia-se muito melhor. O único incômodo era o cheiro—era nojento e difícil de ignorar—mas ela imaginava que talvez não fosse apenas o cheiro que estava ali em volta dela que piorava.
“Sim, é,” Mil disse.
“Tudo bem,” Malva disse. “Se continuar, prepararei algumas ervas amanhã. Mas já que vomitei, me sinto melhor. Acho que foi só a comida que eu comi.”
“Eu me sentiria melhor se você tomasse as ervas de qualquer forma, independentemente de se sentir bem ou não,” insistiu Jael.
Malva lançou-lhe um olhar severo antes de acenar com a cabeça. “Feliz agora?” ela perguntou.
“Sim,” ele disse.
Mil trouxe a água, e logo Malva estava limpa e de volta à cama. Mas o cheiro não desapareceu, mesmo que os serviçais tivessem limpado e Mil tivesse ido embora. Malva se virou de um lado para o outro enquanto tentava voltar a dormir. O cheiro persistia, e ela tinha certeza de que não vinha dela.
“Desse jeito, você não vai conseguir dormir,” comentou Jael.
Malva deitou de bruços e suspirou. “Eu não quero incomodar, mas o cheiro do quarto está me matando. Você se importaria se dormíssemos no meu quarto hoje à noite? Acho que não aguento mais isso.”
Jael lançou-lhe um olhar. “Desde quando você é tão sensível a cheiros?” ele perguntou.
“Eu não sei, mas isso realmente me incomoda,” Malva disse. Ela se perguntou se era assim que os vampiros se sentiam. Todas as vezes que havia vomitado e feito bagunça, ela só podia imaginar o que Jael tinha que passar.
“Claro,” ele disse e a pegou no colo. Ele saiu da cama com ela em seus braços.
Malva não reclamou, embora pudesse andar. Se ele queria carregá-la, ela o deixaria. “A luz,” ela gritou enquanto ele começava a se afastar da cama.
Jael se virou e caminhou até a luz. Ele a pegou enquanto segurava Malva com uma mão e entregou para ela. Ela a aceitou enquanto ele a levava para o quarto dela. Ele a colocou na cama e pegou de volta a luz.
Malva se ajeitou, e assim que Jael se acomodou, ela se aninhou nele e fechou os olhos para dormir. Não demorou muito para que ela adormecesse, e na próxima vez que abriu os olhos, estava no colo de Jael, e ele olhava para ela.
“Como você se sente?” ele perguntou.
Malva se sentou e se espreguiçou. “Bem,” ela sorriu para ele. O incidente da noite anterior estava parcialmente esquecido.
Normalmente, ela ficaria completamente mortificada por ter vomitado ao lado da cama e dado mais trabalho para Mil, mas, surpreendentemente, ela não se sentia tão mal. Ela se sentia culpada e odiava ter feito isso, mas não era suficiente para consumir seus pensamentos.
“Mil deve estar chegando a qualquer momento. Eu irei embora assim que ela chegar.” Malva acenou e olhou para ele feliz enquanto ele a olhava de forma estranha. “Você parece estar de bom humor,” ele comentou.
Malva se espreguiçou e se apoiou nele. “Não tenho razão para não estar,” ela sorriu para ele, virando o rosto para olhá-lo.
“Que bom,” ele disse e beijou o topo da cabeça dela, prestes a beijá-la nos lábios quando uma batida foi ouvida e a porta se abriu, revelando Mil.
Jael as deixou sozinhas para que Malva pudesse se vestir e só voltou quando era hora de levá-la para a primeira refeição. Ele a conduziu até o salão de jantar, e Malva se sentou, preparando-se para comer. Vomitar devia ter ajudado com o apetite dela, porque parecia que ela poderia comer um cavalo inteiro.
Os serviçais começaram a servir o café da manhã, e assim que a refeição foi colocada na frente dela, Malva soube que não conseguiria comê-la. Seu nariz se franziu enquanto ela captava o cheiro que estava a deixando louca. A razão pela qual a comida tinha um gosto estranho e provavelmente o motivo de ela ter vomitado.
Malva enfiou o garfo em uma fatia de carne disposta no prato e a trouxe para perto do rosto. Ela respirou fundo. “Aha!” ela gritou. “É o presunto!”
O salão de jantar mergulhou em silêncio com o grito dela, e Malva ficou vermelha imediatamente. Ela estava tão absorta em tentar descobrir qual era o problema que esqueceu que não estava sozinha.