353: Pague o Preço 353: Pague o Preço “Alpha Damon, você acordou!” Nicole exclamou, imediatamente se apressando para verificar seus sinais vitais. Ela direcionou uma luz para os olhos dele, fazendo-o estremecer.

“Pra que isso?” Damon reclamou fracamente. “Eu estou perfeitamente bem.”

“Eu que vou decidir isso,” disse Nicole com firmeza, mas não conseguia negar o sorriso que surgia em seu rosto.

No entanto, como se a própria Deusa da Lua quisesse humilhar Damon, ele começou a soltar uma série de tosse aquosa horrível que fez seu corpo se debater na cama da enfermaria. Pequenos respingos vermelhos mancharam o interior do respirador.

“Oh Deus! Nicole, ele vai―” Eu entrei em pânico, mas Nicole apenas acariciou a frente de Damon gentilmente, esperando que ele se acalmasse.

“A garganta dele está muito seca, mas preciso examiná-lo para ver se ele pode beber,” Nicole explicou. Eventualmente, Damon parou de tossir e olhou para nós dois com um cansaço irritado.

“Nojento,” Damon resmungou. “Eu quero uma bebida.” Ele levantou a mão, querendo tirar o respirador, mas Nicole e eu batemos em suas mãos para impedi-lo.

“Nem pense nisso. Isso está te mantendo vivo,” eu disse tremulamente, meu coração acelerado enquanto olhava para ele. Damon estava vivo. Ele estava pálido como papel e mal conseguia respirar, mas estava acordado, piscando para mim com aqueles olhos azuis gelados, como se mal pudesse acreditar no que estava vendo.

“Você está vivo,” Damon disse suavemente. “Que bom. Parabéns, meu pequeno lobo.”

“Igual para você,” sorri trêmula, lágrimas brotando em meus olhos ao ouvir suas palavras.

Eu não conseguia sentir suas emoções de maneira alguma, mas talvez não precisássemos mesmo da ligação. Nós resolveríamos as coisas como os humanos fazem.

Eu amava Damon, fosse ele homem ou lobo. Estendi a mão para acariciar suavemente sua bochecha. Damon me olhou, a irritação em seus olhos se suavizando diante da minha demonstração de afeto, substituída por uma ternura quase insuportável de tão preciosa.

Ele também me amava.

Então Damon franziu a testa, como se pudesse sentir que algo não estava bem dentro dele. Meu rosto empalideceu, ao perceber que ele teria que enfrentar sua nova realidade imediatamente.

“Onde está meu―”
“Seu desgraçado, você quase me matou de susto!” a voz de Blaise estava rouca, interrompendo o pensamento de Damon. Eu pulei de surpresa quando a porta se abriu com um estrondo, e Blaise entrou.

Suspirei aliviada, grata pela distração de Blaise. Ele caminhou até a cama para gritar com o irmão, mas antes me deu um rápido abraço, depositando um beijo agradecido na minha bochecha.

“Eu sabia que você conseguiria,” ele murmurou adoravelmente. “Se tem alguém que ele escutaria, é você.”

Enquanto isso, Damon parecia querer revirar os olhos com o drama de Blaise, mas não conseguia reunir energia suficiente para fazê-lo.

“Não é minha culpa que você se assusta fácil. Eu sou difícil de matar,” foi a resposta instintiva de Damon à preocupação de seu irmão. Ele franziu a testa. “Quão mal você ficou machucado para acabar chorando?”

“Eu não estava chorando! Talvez eu só tenha jogado pimenta nos meus olhos por uma mudança!” Blaise declarou irritado, mas seus olhos estavam vermelhos e inchados. Isso, junto com sua voz rouca e o nariz entupido, provava claramente que ele havia chorado tanto quanto eu quando foi examinado por Nicole. Ele deve ter ido ao banheiro para se refrescar, o que explicaria seu atraso.

Porém, Blaise não ia admitir isso.

“E eu não quero ouvir isso de alguém que está preso na cama da enfermaria,” Blaise continuou. “Você quase virou um picolé humano! Damon, no que você estava pensando!”

“Eu tinha que salvar você e a Harper,” Damon disse com sinceridade. Ele queria dar de ombros, mas não conseguiu esconder a careta de dor ao tentar mover os ombros. Blaise e eu nos lançamos, empurrando-o de volta para a cama. “Não me arrependo de nada.”

Meu lábio inferior tremia com sua confissão.

“Mesmo que… meu lobo tenha que pagar o preço por isso,” Damon continuou, com uma voz mais baixa. A enfermaria mergulhou no silêncio.

“Você… você já sabe?”

“Claro. Eu não sou idiota,” Damon zombou, mas não havia raiva nisso. “Não há nada no fim da nossa ligação, Harper. Eu posso ver você bem na minha frente, mas não consigo sentir.”

Eu funguei. Só podia cutucar o buraco cavernoso na minha alma que Damon havia deixado para trás. No passado, eu teria sido capaz de detectar o menor sinal de ciúmes através da ligação com a demonstração de afeto de Blaise.

Porém, agora não havia nada dele. Era como se eu estivesse pendurada, gritando no abismo, desesperada por uma resposta. Se isso era difícil para mim, devia ser excruciante para Damon. Eu mordi minha língua, pensando em como poderia consolá-lo. Palavras pareciam insuficientes.

Para minha surpresa, Damon simplesmente virou a cabeça para falar com Blaise.

“Você vai ter um tempo difícil, Blaise,” Damon continuou. “Você vai ser o Alfa agora. Mas pelo menos não preciso me preocupar. Afinal, é você.”

“Não, não, não – isso é só temporário,” Blaise insistiu, balançando a cabeça freneticamente. “Vamos encontrar uma maneira de recuperar seu lobo. Se a Harper pode se conectar com o lobo dela depois de anos de ausência, deve ser possível para você. Até mesmo Darach acredita que você pode recuperar seu lobo.”

Damon resmungou e depois engasgou.

“Bem. Ele é seu problema agora,” Damon disse ironicamente. “Isso deve ser o meu karma por ter intimidado ele no passado. No final, estamos no mesmo barco. Aposto que ele está pensando o mesmo.”

Antes que Blaise e eu pudéssemos repreendê-lo por seus pensamentos pouco caridosos, Damon olhou para mim novamente, com tristeza em seu rosto.

“Harper, me desculpe.”

“Desculpar pelo que?” Eu exclamei, horrorizada. “Eu que deveria pedir desculpas! Você não estaria nesse estado se não fosse por mim!”

Ele fechou os olhos.

“Você será uma luna, mas não será minha luna agora. Você está livre para ficar com Blaise. Eu vou sair do seu caminho.”