332: Tempero 332: Tempero Antes que Damon pudesse argumentar mais, Blaise pigarreou alto.

“Madame, o curry está esfriando,” ele disse enquanto desviava a atenção de todos para si mesmo. Ele colocou uma grande colherada de arroz e curry em sua colher. “Mas espero que sua gentil oferta ainda esteja na mesa, apesar das hostilidades que foram trocadas entre meu irmão e eu.”

“Blaise, você não pode estar falando sério! Largue essa colher agora mesmo!” Damon gritou, um tom de pânico em sua voz enquanto ele olhava furioso para Blaise, mas Blaise o ignorou.

Meus olhos encontraram os de Blaise e ele me deu apenas um sorriso suave. Através da ligação, eu detectei sua tentativa de confortar o turbilhão de emoções que girava dentro de mim.

Então ele voltou seu olhar para minha mãe, que sorria para ele encantada.

“Claro que está! Você tem minha palavra. Simplesmente termine sua refeição e deixarei Harper levá-lo até o quarto dela. Sou de cabeça aberta o suficiente para nem exigir que a porta fique aberta.”

“Mãe!” Eu exclamei, meu rosto ficando vermelho com as implicações de suas palavras. Mas eu também percebi que era uma grande oportunidade – ela estava efetivamente prometendo dar privacidade a Blaise e a mim, algo que eu tinha desesperadamente precisado nos últimos dias.

Claro, se ela cumpriria sua parte do acordo era outra questão. No entanto, que outra escolha eu tinha? A alternativa seria Damon e Blaise enfrentando minha mãe, Gus e uma cidade inteira de caçadores em meu nome.

Deus. Eles nem sequer sabiam que Gus estava dentro da torre. Mesmo que pudessem sentir o cheiro de um vampiro, eles não tinham como saber que este vampiro em particular era o responsável pela quase morte de Blaise.

“Obrigado pela consideração,” disse Blaise, com os ombros ligeiramente relaxados. “Nesse caso, não tenho razão para não aceitar essa oferta. Bom apetite.”

“Não, não faça isso -” Damon saltou de sua cadeira, mas já era tarde demais. Damon e eu só podíamos assistir em horror enquanto Blaise colocava aquela grande colherada de comida na boca. Ele mastigou pensativamente, uma pequena ruga aparecendo entre seus olhos antes de soltar uma tosse.

Damon saltou como se tivesse sido atingido, apontando um dedo acusador para minha mãe.

“Você está envenenando ele!”

“Eu não fiz tal coisa,” minha mãe disse altivamente. “Blaise, como está a comida?”

“Tem gosto de curry muito picante.” Blaise deu de ombros. “Está um pouco frio agora, mas ainda tem potência. Posso incomodá-la por um pouco de água?” Ele então pegou uma segunda garfada e dessa vez, ele a terminou muito mais rápido que a primeira.

“Cospe isso agora mesmo!” Damon exigiu, agarrando o prato de Blaise como se não quisesse nada mais do que jogá-lo no rosto da minha mãe. “Está sentindo calafrios? Fraqueza? Sua língua está inchada?” Damon disparou uma rajada de perguntas em Blaise.

Eu também corri para ele, examinando Blaise freneticamente.

“Damon, isso é muito indelicado,” Blaise apontou. “Além disso, eu já engoli. Harper, não fique tão preocupada. Eu me sinto bem. É apenas mais ardido do que eu esperava. Madame, você deve ter uma incrível tolerância a pimenta para comer isso sem chorar.”

“Você nunca ouviu falar de veneno de ação lenta?” Damon exclamou, seu rosto vermelho de raiva. De perto, eu podia ver suas veias ameaçando explodir. “Vomite isso agora mesmo! Quem sabe o que essa bruxa colocou dentro?”

“Pelo bem de Harper, eu comeria até mesmo arsênico,” disse Blaise, seu tom mortalmente sério.

“Não é adorável? Este é o tipo de devoção que minha filha merece ter.” Minha mãe suspirou saudosamente enquanto tocava para trazer água.

Mas toda a genialidade desapareceu enquanto ela encarava Damon com um olhar de pedra.

“Alfa Damon, se você não pode se conter, terei que mandar pessoas te escoltarem desta mesa para fora desta cidade imediatamente. Estamos entendidos?”

Damon rosnou, mas ficou em silêncio, lançando olhares mortíferos para a minha mãe.

“E Harper, querida, volte e sente-se. Você terá bastante tempo com o seu amado depois,” minha mãe acrescentou, e eu voltei relutantemente para o lado dela, mas meus olhos nunca deixaram o rosto de Blaise. Seu rosto estava ficando cada vez mais vermelho, com suor se formando em suas têmporas.

Seria apenas a pimenta, ou minha mãe teria mexido na comida?

Contudo, Blaise continuou a comer sem mostrar sinais de parar. Ele limpou o próprio prato e engoliu um copo de água gelada, antes de prosseguir com o de Damon também. As mãos de Damon estavam cerradas em punhos, suas narinas infladas impotentemente enquanto ele observava seu próprio irmão comer sua parte.

“Mãe, eu acho que pode ser demais para o Blaise comer,” eu protestei fracamente. “Ele não pode comer por dois!”

Blaise dispensou meus protestos e continuou a comer.

“Está tudo bem, temos excelentes banheiros aqui,” minha mãe disse despreocupadamente. “Vai sair dos intestinos dele até a noite. Você também deve comer seu próprio jantar, Harper. Tenho a sensação de que você vai precisar de energia para suas atividades noturnas.”

Agora, foi a minha vez de ficar com o rosto vermelho. Eu olhei para baixo, para a mesa, e comecei a enfiar minha comida na boca, só para poder escapar do salão de jantar. Eu sentia os olhos de Damon cravados em minha cabeça, seus sentimentos de dor e preocupação palpáveis através da ligação.

As coisas ficariam bem. Eu tentei tranquilizá-lo a ele e a Blaise. Só precisávamos passar pelo jantar primeiro.

Eventualmente, Blaise limpou o último grão de arroz dos dois pratos, batendo seu copo de água na mesa depois de ter drenado até a última gota.

“Oh Deus. Terminei, estou cheio,” Blaise disse, dando tapinhas no estômago.

“Excelente!” Minha mãe bateu palmas, e de uma vez, vários serviçais entraram na sala.

Isso não teria sido motivo de preocupação, não fosse pelo fato de que todos eles estavam armados. Damon e Blaise saltaram de seus assentos, prontos para uma briga.

“Mãe! Qual o sentido disso?”

Minha mãe levantou-se lentamente. “Estou cumprindo minha parte do acordo. Harper, escolte Blaise até o seu quarto. Estes homens estão aqui para escoltar Damon Valentine para fora desta cidade.”