317: Um Presente de Uma Mãe II 317: Um Presente de Uma Mãe II “Como assim?” A palavra escapou dos meus lábios num gaguejar enquanto eu piscava em choque.

Eles estavam guardando ela… para mim?

As palavras saíram antes que eu tivesse tempo de pensar direito nelas. “Por que eu iria querer ela?” perguntei, logo me arrependendo da pergunta ao observar os lábios da minha mãe se curvarem num sorriso.

“Vocês não estavam desesperadamente procurando por ela?” minha mãe disse com uma gargalhada, balançando a cabeça como se tivesse ouvido algo engraçado. “Agora que eu a encontrei, ela será obviamente apresentada a você. Se eu a mandasse de volta para Trovão, quem sabe se aquele irmão dela não encontraria uma desculpa para libertá-la.”

Ela revirou os olhos, apoiando o peso em uma perna enquanto observava a lobisomem esgotada.

“Ele pode ter perdido seu lobo, mas Darach Elrod foi criado como um deles do mesmo jeito. Mesmo após tudo que o pai e a irmã lhe fizeram, ele ainda permitiu que ficassem sob seu teto. Um jovem alfa bem tolo, se quer saber,” ela murmurou com desgosto. “Mas é a tolice deles que está mantendo-os fora do radar de todo caçador agora.”

“Há também a possibilidade do antigo alfa de Trovão tirá-la de lá,” Gus apontou.

“Ah, certo,” minha mãe disse. “Thorton Elrod. Como alguém poderia esquecer?” Ela tocou o dedo no queixo. “Talvez eu devesse trazê-lo também. Ouvi dizer que ele causou bastante problema para minha filha durante a reunião do conselho que acabou fazendo ele perder o título.”

De repente, eu quis vomitar.

Não havia como minha mãe ter estado presente na reunião do conselho na Floresta de Selene, e ainda assim, ela parecia conhecer os detalhes dessa conferência secreta muito bem. Ou, talvez, também pudesse ser um palpite educado, mas eu duvidava muito que houvesse tantas coincidências no mundo.

Como ela poderia saber? Quantas conexões ela teria, todas escondidas à vista de todos?

“O atual Alfa de Trovão busca puni-la,” eu disse, tentando o meu melhor para me manter calmo. Eu não podia deixar minha voz tremer agora. Caso contrário, não seria convincente de forma alguma. “Eu não sou membro de Trovão. Se eles descobrirem que fiz algo a ela por minha própria conta―”
“E como eles saberão?” minha mãe perguntou, interrompendo-me. “Ela com certeza não vai dedurar, isso é certo. De fato, ela nem vai sair dessa torre viva. Você não tem com o que se preocupar.”

“Eu não preciso de rumores circulando,” eu disse calmamente.

“Isso se você até mesmo voltar para Dentesnascidos,” minha mãe respondeu.

“Eu não tinha me dado conta de que não voltaria, eventualmente,” eu disse. Minha voz vacilou um pouco no final, e eu senti como se alguém tivesse as mãos sobre meus pulmões, apertando-os até o ponto em que eu estava sufocando bastante. “Essa é minha casa.”

Mesmo esperando por tanto, ouvir minha mãe admitir parecia ser o prego final no caixão. Eu não podia ficar aqui. Mesmo que isso fosse o que eu sempre quis, por anos e anos após minha mãe falecer, agora, eu havia feito um novo lar para mim com Damon e Blaise.

Este não era o meu lar, e com o jeito que minha mãe estava agindo, eu duvidava que alguma vez pudesse ser.

“Eu ainda não aprovo seus… parceiros,” ela disse, franzindo a testa. “E até que eu veja por mim mesma que eles não vão maltratar você como seu pai fez, eu não vou deixar você voltar para Dentesnascidos com eles. Você ainda é jovem; é fácil se desviar pelos caprichos do romance quando seu córtex pré-frontal ainda não está completamente maduro.”

“Mãe, isso é ridículo,” eu disse, respirando fundo para me acalmar. “Eu sobrevivi até a idade adulta muito bem sozinha. Eles não vão me machucar. Ou pelo menos, não tanto quanto meu pai fez.”

O sorriso da minha mãe desapareceu enquanto ela me encarava silenciosamente. Havia um vislumbre de arrependimento em seus olhos, mas ela o afastou rapidamente. Eu mordi meu lábio inferior, mastigando enquanto o quarto era banhado em silêncio.

“Eu não estive lá para você quando era criança,” minha mãe finalmente disse. “É um pouco tarde, mas ainda quero fazer parte da sua vida agora. Você ainda é minha menininha, afinal.”

Eu abri meus lábios, pronta para falar, mas fui interrompida quando minha mãe pressionou o dedo contra meus lábios, me silenciando efetivamente.

“Se você tão ardentemente deseja sair com eles depois que vierem visitar, que seja,” ela disse, me chocando.

Até mesmo Gus, que estava a uma curta distância, arregalou os olhos surpreso. No entanto, ele ficou quieto, mas eu podia ver mil pensamentos correndo por sua cabeça, apesar de como ele havia aperfeiçoado o olhar de quem sabe-tudo em um dia comum. Parecia que ela o havia surpreendido também.

Isso me deixou um pouco mais interessada no que ela tinha a dizer.

“Mas?” Eu provoquei. “Você não vai me deixar sair assim depois de todo o trabalho para me trazer até aqui. Então qual é a condição?”

“Mas,” minha mãe disse, para minha não surpresa. Lá vamos nós. “Você precisará aprender os modos de um caçador primeiro.”

As palavras dela, no entanto, não foram exatamente o que eu esperava.

“Você ainda é uma garota humana,” minha mãe continuou no meu silêncio. “Um lobisomem adulto pode facilmente te dominar, muito mais um alfa ou um beta. Eles te rasgariam em pedaços antes que você pudesse pensar em se defender se quisessem.”

Minha mãe não estava errada. Quando eu me juntei a Dentesnascidos pela primeira vez, o combate ritual entre Damon e eu só provou as diferenças em nossa força. Muito mais, não que minha mãe soubesse, Damon e Blaise eram capazes de muito mais do que força sobre-humana e se transformar em lobos gigantes.

Ela fez um gesto na direção de Gus, sorrindo orgulhosa.

“Fui informada que você sempre carregava uma arma de Prata. Foi muito azar que tenha ficado para trás, mas isso é um bom começo. Prata é mais eficaz contra lobisomens do que mata-lobos, e um método melhor quando se trata de uma altercação violenta. Já que está acostumada, treinaremos você com isso.”

Então, ela apontou para a muito fraca Dahlia em correntes. Dahlia pareceu se mexer levemente em nossa conversa.

“Começando por ela.”